Our World (G!P)

Capítulo 9

- Achei que não viria mais - revira os olhos ao se levantar, caminhando em minha direção e me recebendo com um abraço. - O que há? Parece... - me analisa ao se afastar. - Tensa? - ergo uma sobrancelha. - Eu já disse que não precisa se preo...

- Não é nada disso, Lucy - corto me afastando totalmente, bufando e indo em direção a sua mesa de bebidas. Me sirvo com algo forte e entorno de uma vez, fazendo uma careta ao sentir o líquido queimar minha garganta.

- Calminha aí - vem em minha direção e puxa o copo, quando vou repetir o ato pela a segunda vez. - Quer me dizer o que aconteceu? - franze o cenho. - Você não é de beber assim - entorna a bebida. - E isso aqui está forte para um caralho - sorrio da careta que ela faz, deixando o copo sobre a mesa e me puxando para o sofá dalí, logo me encarando em questionamento.

Após alguns segundos em silêncio, ela ergueu uma sobrancelha, como se perguntasse se realmente eu iria continuar em silêncio. Bufei, afinal mesmo não tendo o mesmo tempo de amizade que tenho com Dinah, Lucy é uma das minhas melhores amigas.

- Encontrei Camila no mercado - falo em um fio de voz. - E ela está chateada comigo - Lucy solta um risinho sem humor.

- Chateada? - encaro seu rosto divertido. - Meu amor, ela está puta com você! - faço uma careta. - Mas também, veja só o que você fez, Lauren - dá de ombros. - Desligou praticamente na cara dela logo após ela revelar ter sentimentos por você, e isso até pode ser compreensível - ergue uma mão. - Mas e depois? Você evitou ela durante todo esse tempo, e olha que a bichinha sempre comparecia em nossos encontros apenas com a esperança de te encontrar neles - pressiono os lábios.

- Não foi minha intenção machucar os sentimentos dela - sou sincera, afinal não tive pretensão alguma de fazer algo assim, apenas precisei do meu próprio tempo.

- Eu sei, conheço você o suficiente para garantir isso - sorrio com suas simples palavras. - E também posso imaginar o quanto você ficou assustada com tudo isso, afinal olha as circunstâncias que você se encontra, sem contar com a situação de Camila, pois eu sei o quanto você desejava iniciar sua própria família, ou esqueceu que durante os anos conturbados com Henry, eu fui uma das suas fiéis ouvintes?

- Como eu poderia esquecer? Você e Dinah são as melhores amigas que eu poderia ter - seguro uma de suas mãos, apertando levemente antes dela cobrir com a sua.

- Mas você também entende o lado da Camila, certo? Essa "chateação" - assinto. - Veja, você foi a primeira mulher que ela se interessou após anos...

- E você não acha isso intrigante? - corto sua fala. - Porque talvez possa ser algo momentâneo, como se só agora ela começasse a se permitir olhar outras pessoas - assente.

- Mas também não passa por sua cabeça que o interesse foi tanto ao ponto de derrubar as próprias barreiras dela? - me calo pensando em suas palavras. - Você merece ser feliz, merece alguém que te valorize e ame a ideia de passar a vida ao seu lado, sem contar que queira os mesmos objetivos que você, e com você - fico sem entender suas últimas palavras tão frisadas.

- Do que está falando? - ela levanta e vai até sua mesa, sentando em sua cadeira e indicando uma à sua frente, para que eu fizesse o mesmo.

- Lembra quando eu disse que pegamos ele? - assinto, acompanhando a mudança de assunto, afinal era o motivo da minha presença aqui. - Primeiro eu descobri que o imprestável vai ser pai - arregalo os olhos, ficando totalmente em choque com a revelação. - E ela já está no quarto mês de gestação, como não percebemos nada antes? - parecia pensativa. - Mas o que importa é que isso é o suficiente para provarmos que o infiel da história é ele, sem contar que podemos processa-lo por danos morais, pois diferente de nós, ele não tem nenhuma prova da sua "infidelidade" - ela falava sem parar, mas eu ainda estava com o pensamento nas suas primeiras palavras.

Como assim vai ser pai?

Não consigo acreditar nisso.

Foram anos comigo praticamente implorando para que ele aceitasse essa mesma ideia, foram anos recebendo seu desprezo todas as vezes que o assunto se resumia a isso, e agora é simples assim? Será pai e isso não é nada demais?

Realmente Normani tem razão quando diz que precisamos achar a pessoa certa, e Henry nunca foi a minha. Eu só me iludi, achando que por sermos tão parecidos, isso seria algo bom, mas parando pra pensar, nunca foi, apenas nos acomodados um no outro e assim seguimos durante anos.

- Ele já sabe? - Lucy me encara sem entender. - Sabe que já sabemos sobre isso? - ela nega com a cabeça.

- Ótimo, que continue assim.

- Lauren, se você quiser podemos pedir um novo acor...

- Não, Lucy - ergo uma mão. - A audiência já está marcada, por que não deixa ele pensar que está tudo sob controle? Que a situação já está ganha pra ele?

Eu sei que posso estar me igualando a ele, mas foi ele que começou uma guerra, e se engana quem acha que minha raiva é por ele me deixar, ou muito menos por querer formar uma família com outra pessoa, tenho consciência de que se ele achou a felicidade com outra pessoa, nada mais justo que vá vive-la. Mas por que não ser honesto? Porque me decepcionar tanto ao invés de me chamar para uma conversa sincera, onde eu juro que não estaria sentindo tanto nojo do homem que eu via um parceiro insubstituível, e eu não falo isso em uma questão romântica.

Eu estava sendo honesta ao querer fazer um divórcio amigável, sem ressentimentos. Mas a partir do momento que ele quis jogar baixo ao ponto de não se importar com o meu lado, agora sou obrigada a fazer o mesmo.

- Acho que você não entendeu nossa real situação - encaro minha amiga com atenção. - De um jeito ou de outro ele não vai sair com nada - franzo o cenho. - Além de termos as provas da infidelidade, temos também alguns documentos que provam os desvios de dinheiro em uma conta totalmente acessada somente por ele, pois além de tudo, ele também te roubava - eu não cansava de me surpreender. - Eu falei sobre uma nova proposta pois sei o quanto você é justa, pensei que talvez quisesse...

- Pensou errado - me levanto em um pulo. - Pode manter tudo como está, é como você me disse, pegamos ele - falo por fim, antes de caminhar até a porta e sair do seu escritório, meu sangue fervendo de raiva ao me questionar como eu pude ser tão burra!