Nina Moriano não era do tipo de apenas se dar por satisfeita. Eram quase dez horas da manhã de um sábado, mas Nina achava que com jeito, conseguiria convencer seu pai a conversar com os pais de Clarissa para deixá-la ir para Aspen com eles.
Ela bateu na porta do escritório, e seu pai disse que ela poderia entrar. Ele estava de pijama xadrez e com um notebook que Nina nunca vira antes, que ela imaginou que fosse o pessoal. Ela se sentou em uma das cadeiras em frente a escrivaninha e disse do jeito mais manhoso que pôde:
— Papai, você sabia que a Clarissa não vai poder ir para Aspen com a gente? Os pais dela querem que ela vá para praia com eles.
Laerte Moriano não poderia se importar menos. Não que não gostasse de Clarissa ou não quisesse que ela os acompanhasse, mas não estava com cabeça para ouvir sua filha se lamuriar pela coleguinha. Ele se limitou a responder para a filha que era uma pena.
—Então pai, eu queria que o senhor conversasse com os pais dela. Tenho certeza que os dois vão deixar ela ir com a gente se eles te ouvirem.
A conversa acabara de começar, mas Laerte já estava ficando entediado. Ele tinha um jeito de se portar como se fosse superior a conversas superficiais. Ele torcia o nariz para fofocas, contagens de vantagem, filmes e seriados populares de baixa qualidade, e principalmente problemas fúteis. Isso fazia com que as pessoas pensassem que ele fosse arrogante, mas na opinião dele, o tornava uma pessoa que sabia como valorizar o seu tempo.
— Eu posso pedir para o Lourenço conversar com eles para você.
Não era bem a ideia de Nina. Lourenço, o mordomo da família e braço direito de Laerte, era um homem de mais ou menos 1,70 de altura, gordo, cabelos grisalhos e bochechas rosadas e adoráveis,e apesar de facilmente irritável e irônico, não causaria o impacto nos Pace que Laerte Moriano em carne e osso causaria. Seu pai era ótimo com argumentos, alto, imponente e todos o respeitavam. Muitos não conseguiam dizer não para ele. Ela sabia que os pais de Clarissa não eram do tipo que não saberiam dizer não para Laerte, mas sabia que teria grandes chances de conseguir levar Clarissa para Aspen se seu pai fosse pessoalmente conversar com eles.
— Não pai,tem que ser você, eles não vão dar ouvidos ao Lourenço.
— Então diga a eles que Lourenço veio em meu nome.— Será o mesmo que nada. Por favor pai, não vai custar nada, conversa com eles por favor.
De fato não custaria nada além de tempo, mas quando Laerte viu que essa era uma das situações em que Nina não o deixaria ter paz enquanto ele não resolvesse, pensou sozinho que pagaria para que esse assunto se encerrasse.
— Eu vou ligar para eles então.
— Ligar não pai, você tem que ir pessoalmente— disse Nina enquanto se levantava e se colocava ao lado de seu pai, que fechou o notebook depressa para que ela não visse o conteúdo enquanto ela se aproximava. Tarde demais. Nina viu de relance que a a foto da área de trabalho do notebook do seu pai era a namorada modelo francesa dele, Nathalie Perrin, em um ensaio de nudismo— Que horror!!!
Nina não se referia apenas ao fato de ter flagrado uma intimidade de seu pai, mas também em ter achado o ensaio nu de Nathalie péssimo. Ela tinha peitos minúsculos e pontudos, era muito branca e magricela. Nina sempre achara o rosto de Nathalie sem graça e também tinha uma forte opinião sobre a falta de presença e carisma dela nos ensaios. Ela não era como a mãe dela, Ninon Perrin, uma modelo sublime na opinião de Nina . Ela já havia visto cada ensaio de Ninon Perrin, inclusive quando a mesma posou nua para playboy. Nina achou humilhante a forma em que a mãe de Nathalie conseguia ser dezenas de vezes mais sexy do que ela apenas em um ensaio de roupas com ombreiras dos anos 80 do que ela completamente nua.
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O Verão dos Pace
Teen FictionAna Clementina Rinaldi Pace sempre sonhou em ter uma bela casa de férias na pequena cidade histórica de Ceuci, lar das mais diversas religiões e lendas tradicionais como sereias, bruxas, lobisomens e até mesmo das não tão tradicionais assim. Em seu...