Clarissa viu pela tela da babá eletrônica do corredor que Rosa se mexia sem parar no berço, o que significava que ela estava prestes a acordar. Ela pediu a Nina que fosse com ela buscar Rosa antes que ela começasse a chorar.
As meninas entraram de fininho no quarto de Rosa para checar se ela realmente tinha acordado, e Clarissa acendeu as luzes depressa quando viu que Rosa estava tentando descer do berço sozinha. Bem antes de Rosa cair em cheio de rosto no chão, Nina a segurou de mau jeito pela cabeça e conseguiu conter a queda da menina.
Assim que Nina viu que Rosa estava segura, a ajeitou em seu colo e começou a tentar distraí-la para ela não abrir o berreiro.
Era meio engraçado ver Nina com Rosa, era claro que ela nunca tinha segurado um bebê no colo antes, ou sequer interagido visto que Nina tentava a acalmar balançando a menina de qualquer jeito, como se balançasse uma boneca. Nina e Clarissa se sentaram no tapete com Rosa ainda chorando, até que Clarissa deu seu celular para Rosa e ela se acalmou sozinha ouvindo musiquinhas infantis.
Elas assistiram Rosa entretida no celular, e Nina passou a mão nos cabelos de Rosa fazendo carinho, fazendo-a dar um sorrisinho.
— Ela é uma leonina nata, adora atenção — disse Clarissa para Nina enquanto Rosa se sentava no colo de Nina para continuar sendo paparicada.
— Eu tô vendo.
Clarissa diminuiu a temperatura do ar condicionado, abriu as cortinas e se lembrou da conversa que estava acontecendo no primeiro andar.
— Ei, você acha que seu pai tá conseguindo fazer meus pais deixarem eu ir com vocês?
— Não tem como saber, mas eu acho que sim— respondeu Nina entretida demais com Rosa para prestar muita atenção no que Clarissa dizia.
Talvez fosse legal ter uma irmã, Nina tinha um irmão mais velho, Ian, que estava fazendo um intercâmbio em um colégio interno caro em Londres. Ele tinha tanta graça quanto um pai conservador, Se pudesse trocá-lo para ter Clarissa como irmã Nina o trocaria sem pensar muito.
O celular de Nina começou a tocar, e Clarissa o pegou porque Nina estava ocupada demais fantasiando em trocar seu irmão controlador por sua melhor amiga ou até mesmo a irmãzinha bebê dela se fosse possível.
Era uma chamada de vídeo de Bruna Borba Bianco. Clarissa sentia-se desconfortável demais para atende-la, ela e Bruna tiveram uma péssima briga no último dia de aula há três dias atrás e desde então não se falaram mais.
Ela cutucou Nina para atender a ligação, e Nina pegou o celular da mão de Clarissa e o atendeu colocando em sua orelha.
— Nina, a tela tá escura — gritou Bruna como se Nina estivesse sem escutar também.
Nina ajeitou a câmera e se desculpou, e se sentou na cadeira de balanço com cuidado para Rosa não aparecer.
— Achei que você não ia falar comigo também— continuou Nina.
— É o que sua sombra quer, não é?— debochou Bruna.
Clarissa se sentou no puf há poucos metros de distância de Nina para ouvir a conversa com ares de estar por cima pois agora saberia toda a falsidade de Bruna, e ao perceber a postura da amiga, Nina começou a recalcular a conversa de imediato para não jogar lenha na fogueira.
— Ela sente sua falta, sabia? — respondeu Nina levando um beliscão na panturrilha de Clarissa — E eu sei que você sente a dela também.
— Deixa de ser mentirosa, aquela vaca nunca gostou de mim.
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O Verão dos Pace
Teen FictionAna Clementina Rinaldi Pace sempre sonhou em ter uma bela casa de férias na pequena cidade histórica de Ceuci, lar das mais diversas religiões e lendas tradicionais como sereias, bruxas, lobisomens e até mesmo das não tão tradicionais assim. Em seu...