Planejando ser rápido, Miguel abriu a torneira do chuveiro para se lavar, e foi quando ele entrou parcialmente na água corrente que ele ouviu Ana gritando seu nome. Ele desligou rápido o chuveiro e se enrolou na toalha. Ele estava no corredor do segundo andar, pronto para descer as escadas, quando ele escutou sua irmã dizendo que ele não ouviria, pois estava tomando banho.
Ele ignorou o comentário da mãe sobre ninguém a ouvir e retornou depressa ao banheiro antes que alguém o visse. Abriu o chuveiro novamente e se esfregou com força para tirar o aspecto melado da caipirinha de sua pele. Enquanto enxaguava a espuma do sabonete de seus ombros, escutou seu celular tocando. Curioso, apressou o enxágue, desligou o chuveiro e secou apenas as mãos para não molhar o celular.
Não podia ser ela. Como ela tinha coragem de ligar?
Era Livia, sua ex namorada traidora. Ardendo de raiva e em pura tentação de atender e agir com indiferença, Miguel atendeu e cuidou para que soasse realmente indiferente, mas com um certo desprezo:
—Alô? — chamou Miguel do jeito mais sério que conseguiu. Talvez um pouco menos grosseiro, pensou ele recalculando a conversa.
— Oi vida, a gente precisa conversar — respondeu Livia ignorando a grosseria e o chamando de vida para derretê-lo um pouco.
Livia esperava que Miguel perguntasse o porquê, mas vendo que ele estava calado e não planejava perguntar, Livia tomou a iniciativa novamente:
— Eu fiquei sabendo que você vai passar dois meses viajando, e eu não posso te deixar ir sem que a gente converse sobre nós.
—Não existe "nós"— vociferou Miguel, esquecendo-se de soar indiferente— E você não tem que me deixar nada.
— Eu não vou deixar você fugir dessa conversa mais uma vez, você deve isso a nós. Não vou te deixar agir como um covarde de novo.
— Eu não devo nada pra você— gritou Miguel desistindo de ser frio e não demonstrar sentimentos. Livia era uma abusada, era muita coragem ligar para ele e cobrar qualquer coisa que fosse— Você me deu a fidelidade que você me devia? Então pronto, tá aí sua resposta pra se eu devo ficar batendo papo torto com você e estragar meu sábado.
— Então agora eu sou a escrota?— disse Livia com a voz embargada— Eu nunca fiz nada de bom pra você? Só fiz coisa ruim? Você é um ingrato.
Era demais. Miguel sentia seu sangue borbulhar por todo seu corpo por todo o ódio que sentia. Ele puxou a toalha e se enrolou da cintura para baixo, e sentou no vaso sanitário para continuar a conversa. Que ousadia, era ela a Ingrata.
— Não seja por isso Livia, eu sou muito grato pelo chifre que você me colocou– ironizou Miguel ignorando o choro de Livia— É pra isso que você não para de encher o meu saco pra conversar? Eu tenho ainda que te escutar chorando por ter sido injustiçada pelo corno?
— Ta vendo? É pra isso que eu quero conversar, eu não vou deixar você acabar com o nosso relacionamento sem antes conversar comigo— respondeu Livia começando a soluçar— Eu quero tirar tudo a limpo, você não vai fugir antes de me ouvir, eu não vou deixar você me ver como alguém horrível, eu errei, mas eu não sou um monstro.
Miguel já estava se cansando. Quando ele descobriu a traição , era uma manhã chuvosa e ele estava na casa de seus avós Paternos jogando sinuca com seu avô Luciano. Em pouco tempo, eles iriam para a casa de Miguel levá-lo de volta após a noite que ele passara com os dois. Era a vez de seu avô acertar a bola, e foi quando ele ouviu o toque do celular no bolso. Ele retirou o aparelho do bolso e viu uma mensagem com os dizeres:
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O Verão dos Pace
Teen FictionAna Clementina Rinaldi Pace sempre sonhou em ter uma bela casa de férias na pequena cidade histórica de Ceuci, lar das mais diversas religiões e lendas tradicionais como sereias, bruxas, lobisomens e até mesmo das não tão tradicionais assim. Em seu...