Seria impossível ser tão cativante quanto Lola Labres. No auge dos seus sessenta e um anos, ela ainda conseguia manter seu espírito atraente, mesmo que nunca em sua vida tivesse sido considerada bonita. Ela era uma mulher alta, com um nariz grande, rosto triangular e cabelos ondulados castanhos avermelhados. Fumava feito uma chaminé e fora vista poucas vezes sem terninho ou tailleur.Soa brega e piegas dizer isso, mas é a verdade: sua beleza era sua inteligência. Não é exagero dizer que qualquer pessoa no mundo poderia ouvi-la falar por horas adentro. Lola era uma mulher de extrema sabedoria, daquelas que parecem uma enciclopédia de tantos assuntos variados que haviam em seu repertório.
E ao mesmo tempo, mesmo tendo crescido em berço de ouro e grande parte do país discordasse, era humilde. Ela tinha um jeito intimidador, não era de muitos sorrisos, mas conseguia se adequar a qualquer assunto e a qualquer pessoa, sem a arrogância intelectual que a maioria das pessoas cultas como ela possuem.
Quando Bárbara decidiu aos treze anos que queria ser jornalista, uma de suas principais fantasias era tornar-se amiga íntima de Lola Labres. Suas amigas consideravam esquisita sua devoção por uma jornalista, para elas era estranho que uma pré-adolescente não fosse fã de algo comum como Spice Girls, Backstreet Boys ou Justin Timberlake.
Uma das maiores referências de Alexandre também era Lola Labres, mas nunca obteve um comportamento de transformá-la em pôster e ser obcecado por todos seus movimentos como Bárbara. Alexandre e Bárbara trabalharam várias vezes com a emissora, inclusive com Rodrigo Zampieri e Antônio Goulart, o ex marido de Lola. Mas apenas há dois anos quando os dois conseguiram o emprego fixo como âncoras do Correio Cívico, firmaram uma certa amizade com Lola. Não era íntima como nas fantasias de adolescente de Bárbara, e para ela era bem melhor assim, uma amizade de encontros ocasionais. Bárbara já era bem grandinha para saber que suas fantasias de amizade com Lola eram distantes de sua verdadeira personalidade.
Mesmo assim, Bárbara ficava sem jeito quando ia se encontrar com Lola, temia soltar alguma informação muito específica sobre sua carreira e Lola a achar uma tiete esquisita.
Após a entrevista, Lola a convidou para almoçar em um restaurante. Bruno passou a entrevista inteira dando em cima da mulher bonita de vinte e poucos anos que cuidava da iluminação e conseguiu marcar um encontro com ela. Ele teve a proeza de deixar sua irmã sem carona, pois usou o carro dela para levar a mulher da luz para o encontro. Bárbara fervia de raiva, como ele tinha coragem de pegar seu carro sem sua permissão? Ele se ofereceu apenas para atrapalhar, acrescentando o fato que ele passou quase meia hora dando em cima de Liliana, a consolando após se desentender com a filha e depois começou uma discussão sobre política após Bárbara não querer mudar a estação de rádio que tocava uma música do Legião Urbana.
Já nem se importava com a opinião de Lola sobre a raiva que sentia de seu irmão, se ela esperava que ela ficasse indiferente a um marmanjo roubando seu carro como um adolescente roubava o do pai, estava enganada.
Lola disfarçou o riso pela reação de Bárbara, era educada demais para gargalhar da cara dela. Ela disse para ela que era melhor que as duas almoçassem antes que Bárbara resolvesse como mataria Bruno, e não resistiu em brincar que ela iria com o carro e Bárbara poderia segui-la a pé. Nunca em sua vida Bárbara costumou ter senso de humor quando estava com ódio, mas melhorou seu semblante para não estragar o almoço. Lola escolheu um restaurante caríssimo, que desde que Bárbara melhorara financeiramente visitou uma vez.Elas fizeram o pedido ao garçom, e ele começou trazendo uma tábua de frios como entrada, um Dry Martini para Lola e um Bloody Mary para Bárbara. O garçom era um homem bonito, que fez um charme quando entregou o drink para Bárbara dizendo que o drink era para a mulher mais bonita do local.
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O Verão dos Pace
Teen FictionAna Clementina Rinaldi Pace sempre sonhou em ter uma bela casa de férias na pequena cidade histórica de Ceuci, lar das mais diversas religiões e lendas tradicionais como sereias, bruxas, lobisomens e até mesmo das não tão tradicionais assim. Em seu...