Capitulo 14

21 10 75
                                    

"Boa noite pra você que tá assistindo esse programa daí de casa, que estava esperando meu posicionamento sobre os últimos acontecimentos desse final de semana.

Eu vou começar esse programa trazendo comigo Rodrigo Zampieri, um jornalista excepcional que provavelmente vocês já conhecem.

  Não é segredo pra ninguém que eu sou movida pela causa da construção de um jornalismo honesto no Brasil, e também não é segredo que os abutres da mídia existem desde que o jornalismo cravou suas primeiras raízes na terra.

O meu trabalho é a minha alma, e eu sei que a visão limitada e machista de muitos acha que é porque sou a caricatura de uma dessas personagens de filmes toscos de Hollywood que são mulheres frias e amarguradas que se apegam ao trabalho para preencher seu vazio, mas é justamente pelo contrário.

Meu trabalho é a minha alma porque eu sei o que o jornalismo honesto é capaz de fazer pelas pessoas. Eu já estive diante de ricos e pobres, de celebridades e subcelebridades, de famílias de vítimas destruídas pela perda de seus entes queridos, de inúmeras vítimas de crimes e acidentes fatais, de pessoas que perderam a saúde, que perderam seus sonhos ou perderam suas economias de uma vida, de vencedores e perdedores, de testemunhas e criminosos de delitos dos menos ofensivos até os mais hediondos.

O que todas essas pessoas tinham em comum é que em seus momentos mais frágeis e expostos, quiseram ser ouvidas.

Eu sei que o que eu vou falar tem grandes chances de ser distorcido e mal interpretado, e sei também que irá soar como pretensão mas eu não ligo.

Eu achava que o que faltava para resgatar a essência nobre do jornalismo era que os jornalistas fossem como eu, que fossem apaixonados pela profissão e que a entendessem, que soubessem que informações verídicas e sem alarde são capazes de mudar a vida das pessoas e que soubessem usar sem sensacionalismo a cobertura de problemas cotidianos para ajudar quem precisa.

Mas vários casos, como por exemplo a obsessão pelo pai biológico da Martina Castilho começaram a me abrir os olhos para enxergar que os jornalistas sensacionalistas não são os únicos carniceiros dessa história.

O comportamento que eu vi hoje das pessoas na internet, e até mesmo fora dela com aquela cena da invasão da cena do acidente do Alexandre Pace e de sua família é uma das coisas mais grotescas que eu já vi na minha vida.

A reportagem de hoje não tem como objetivo dar mais detalhes do ocorrido, porque já reviraram essa história do avesso. Nem entrevistar a filha do Alexandre como muitos disseram.

É para colocar colocar pontos nos "i's".

Começando pelas informações verídicas:
Por volta das cinco da tarde o carro que estava a família do Alexandre Pace derrapou na pista molhada pela tempestade após desviar de uma cachorra que estava no meio da estrada.

Alexandre, que estava dirigindo o carro, não possuía sinal algum de ingestão de bebidas alcoólicas ou entorpecentes. As filhas de Alexandre Pace não desacordaram durante o acidente, e Clarissa, a filha do meio de Alexandre, acionou a emergência minutos após a queda do veículo.

Clarissa e Rosa Pace tiveram apenas ferimentos leves,  Alexandre teve lacerações pouco profundas no fígado e uma lesão conhecida como Pneumotórax Traumático. Ana Clementina teve lacerações no estômago também pouco profundas. O filho mais velho do casal, Miguel Rinaldi Pace estava sem o cinto de segurança e se encontra estabilizado em coma.

  Diferente do que circulou, Ana Clementina, Alexandre e Miguel foram levados ao hospital quase que imediatamente após a chegada da emergência.

  Eu vou dar a palavra para o Rodrigo Zampieri para que ele explique o porquê eles foram levados quase que imediatamente"

O Verão dos PaceOnde histórias criam vida. Descubra agora