Capitulo 20

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Como grande parte das coisas dos Pace haviam sido perdidas durante o acidente, Alexandre se propôs a pegar a estrada para buscar algumas roupas em casa. Ele dissera estes planos para José Mário, e ele lhe pediu para que desse uma carona para Mayla pois ela também precisaria ir para São Paulo no mesmo dia, e como estava completamente embriagado quando esse favor lhe fora pedido, aceitou e se arrependeu assim que ficou sóbrio.

Alexandre esbarrara com Mayla algumas vezes depois de ter alta do hospital, eram conversas breves das quais ele fugia toda vez que os flertes de Mayla ficavam mais descarados, como um garoto pré-adolescente com medo de começar a se relacionar com garotas. Era isso que o assustava, o fato de ficar tão sem jeito perto de Mayla. Alexandre era famoso, era acostumado a receber nudes de todo tipo de mulheres e homens via Instagram, convites indiscretos para se encontrar no camarim, números de telefone em guardanapos e muitas outras centenas de provações de fidelidade. Por que uma mulher aleatória o deixava tão sem jeito?

Ele não queria aceitar de jeito algum, negava e afastava o pensamento toda vez que o ocorria, mas Mayla lembrava Ana. Desde alguns traços de personalidade marcantes tipo o jeito questionador, rebelde e irônico até os mais simples como por exemplo o modo que Mayla colocava os cabelos para trás da orelha, idêntico ao modo que Ana fazia e ensinara Clarissa a copiar.

Também não tinha o porquê se preocupar tanto assim com essa carona, Ana jamais se importaria se ele lhe explicasse a situação, não era de seu feitio ser ciumenta. Esse fora o motivo que o fez perceber que a amava, inclusive.

Quando estavam na faculdade, se conheceram em um bar karaokê enquanto Ana cantava Eduardo e Mônica, a música favorita de Alexandre. Ana percebeu que ele não tirava os olhos dela enquanto cantava e puxou assunto quando ele se separou do grupo de amigos que estava para ir ao bar comprar mais cerveja.

Ele lhe confessou ser fã da música, Ana tentou convencê-lo a cantar, mas ele era tímido demais para isso então se contentou em conversar com ele o resto da noite com suas amigas e amigos dele conversando sem a menor discrição entre si sobre os dois não se desgrudarem.

Quando Alexandre pensou que Ana havia se esquecido de fazê-lo cantar a música e estavam prestes a se beijar, ela o parou e disse que só o beijaria se ele cantasse, com um sorriso carregado de malícia.

—Você tá brincando né?— perguntou Alexandre já sabendo a resposta— Vai mesmo fazer isso?

— Já fiz— respondeu Ana com um ar travesso, apreciando o desejo claro de Alexandre de beija-la.

Posso garantir que jamais houve uma pessoa com tanta pressa para cantar em um karaokê.

Havia uma fila de mais ou menos quinze pessoas para cantar, Alexandre a cortou e cantou com tanto gosto que deixaria o próprio Renato Russo com inveja. Ao terminar,levou uma bronca do organizador do karaokê, desceu depressa do palco e ganhou o beijo.

E do dia para noite não se desgrudou mais de Ana, andavam juntos para todos os lados e começaram a namorar em menos de uma semana.

Em um dia em que Ana teve que viajar para outro estado para o segundo casamento de sua tia Gabrielle, Alexandre foi para uma festa de uma caloura que morava sozinha com alguns amigos e acordou no sofá dela quase onze horas da manhã do dia seguinte. Ele ouviu roncos do quarto da caloura, saiu de fininho do apartamento e esbarrou com uma amiga de Ana assim que saiu do prédio.

Essa foi a primeira das milhares de vezes que Alexandre desconfiou que Ana não batia bem, pois ao ligar e lhe explicar o que acontecera, ela lhe disse para não se preocupar, que estava com saudade e que a tal tia Gabrielle estava um porre agindo como um general para que tudo no casamento saísse perfeito e sua prima Juliana tivera uma briga péssima com o noivo de sua mãe.

O Verão dos PaceOnde histórias criam vida. Descubra agora