I🩰

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Emillie|

Meu corpo doía e demonstrava ressaca, uma sede fazia minha garganta ficar seca. Abro meus olhos deparando com uma sala toda branca sem detalhes algum, uma luz ao fundo brilhava fazendo minha cabeça doer mais ainda. Me lembro de desmaiar e de mais nada. Onde eu estava? E quem havia me trago aqui? Ergo meu tronco sentindo como se meu cérebro estivesse flutuando dentro da minha cabeça, sentia-o balançar. Estreito o olhar em direção a luz, uma silhueta masculina bem esbelta aparece. Pernas longas, cintura fina, e tronco largo.

Me entrego as dores e deixo meu corpo desabar para trás colidindo com a cama. -Você está me dando desgosto.- uma voz grossa soa mais parto do que esperava, assusto abrindo os olhos. Rafaello espreitava com seu rosto rente ao meu, seus lábios secos e rosados se fecham e abre pigarreando.- Senti sua falta.

desgracado.

Não seguro, deixo minhas lágrimas deslizarem por meu rosto, meu peito tremia de acordo com os soluços e a dor que saia de mim, pela primeira vez, pude chorar de verdade. Levo minhas mãos tampando meu rosto enquanto me permitia libertar esse sentimento que me vazia de prisioneira. Algo molhado passa por meu pescoço no mesmo lugar que sentia minhas lágrimas descerem, tiro minhas mãos vendo Rafaello repetir o movimento com sua língua novamente, calafrios cobrem meu corpo.- até suas lágrimas tem gosto de álcool.- paraliso, prendo a respiração o sentindo lamber mais uma vez, agora subindo por minha bochecha. Meu coração disparava e me sentia nada desconfortável, meu Deus, que porra era essa?! Ele é meu irmão.

Tecnicamente, meio irmão.

Seguro seu ombro o empurrando levemente, sua boca se afasta e seus olhos negros predem ao meu.- O que foi? Não se sente excitada?- ele gargalha se afastando para longe.- tenho visitas para você.- sigo seu corpo com os olhos até a luz novamente, lá a mesma pessoa permanecia parada no mesmo lugar.

-Emillie.- Wile diz meu nome, reconheço sua voz na mesma hora, dessa vez, meu coração batia mais rápido que antes. Fecho os olhos suspirando, levanto da cama e abro os olhos, agora podia observar como o cômodo era vazio, não tinha nada além de uma cama, mas era tudo muito espaçoso.- Como se sente?- giro meu corpo em direção a janela notando que era um apartamento pela vista da rua a baixo, e no embalo do giro parando em sua direção.

-não sei. Por que estou aqui? E onde é aqui?- uma luz acende a cima de mim dando visão de Rafaello sentado na cadeira simples ao lado da cama. Uma mulher morena espreita pela parede dando um sorriso largo em direção ao meu irmão, seu olhar sobe ao meu de um jeito ameaçador, porra, ele parece que vai me matar, seu expressão muda quando sai de trás da parede e vem em direção ao Rafa que agora abre as pernas. Mais de perto noto que sua aparecia perfeita era como a da mulher de mais cedo, Mckenzie.

Conheci Mckenzie a muito tempo, éramos da mesma escola como Wile e meu irmão, porém ela usava roupa mais curtas, seu cabelo era loiro e curto, claro que não usava maquiagem, e agora ela estava mulher. Paro para pensar se mudei tanto como ela, mas creio que não, acho que minha aparecia sempre foi a mesma, só meu cabelo que estava mais longo do que acostumava ser. Tiro meu olhar curioso de ambos e volto a Wile que agora estava de braços cruzados escorado na parede.

-não vai me responder?- pergunto.

-eu respondi, você que não ouviu.- Todos gargalham. Como assim? Eu realmente não tinha escutado?

-repete então.- passo a mão no rosto tentando ficar sóbria.

-eu-disse-que-estamos-no-vigésimo-andar-e-você-parece que vai desmaiar de novo.- ele repete pausadamente, mas acelera quando minhas pernas falham e meu corpo parece que vai apagar novamente.

Porra, o que tá acontecendo?

-porra, Emilie. Que caralho!- Wile segura meu corpo antes que eu caia, seu peito respirava pesado, sentia o mesmo subir e descer.- se você que se matar, pula da porra de um prédio, ou apenas atira na cabeça. O que acontecendo? Nós apenas nos separamos por alguns anos.

-somos todos fodidos.- Rafaello gargalha. Me acomodo nos braços de Wile sentindo que estava bem, melhor agora que sabia que seu cheiro era o mesmo, que seus olhos verdes ainda eram vazios.

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