M 🩰

7 6 0
                                    


Emilie| 4 anos atrás


-Nada. Ainda ficaríamos na mesma casa, ainda seríamos irmãos. Não acho que algo possa mudar isso, não agora.- opino sinceramente sobre sua pergunta.

Não havia pensado nisso, acho que não cogitava poder haver uma opção de Rafaello não ser meu irmão. Crescemos juntos. Respiro fundo subindo meu peito contra sua cabeça e descendo até sentir minhas costas se encostarem
no chão.- não faça isso.

-o que?- pergunto diretamente.

-Não respire. Não me deixe. Não me troque.- Sinto a ausência do seu calor em meu peito e abro os olhos o observando me observar.

Não sei o que responder. Apenas ergo meu corpo o puxando para se deitar novamente, ele vem ao meu lado enquanto me posiciono em seu peito.- Não posso prometer. Estamos nos tornando adultos, e adultos criam suas próprias obsessões. Não posso ser a sua para sempre, Rafaello.- Confesso o que realmente passou pela minha cabeça. Não estava mentindo, isso era a realidade que acontecia com todo mundo.

Crianças não podem se apegar ao seus brinquedos, pois iram querer ter outras obsessões quando for adolescente, e assim sucessivamente. É uma lei.

-Rafaello!- ouço nossa mãe gritar rouca quando a porta se abre bruscamente. Quando me ver seu semblante muda, parecia relutante.- Seu pai quer que você saia. Não pode, você não pode. Você ainda é meu filho, eu o amo como um. Mas também sabe que não posso ir contra seu pai.- seu desespero sai por sua boca sem que a mesma tente impedir.

Levanto rápido balançando a cabeça. Isso estava errado. Sair de casa? Que? Fito meu irmão percebendo que sua irritação de antes voltou.- o que está acontecendo?- os questiono.

A pergunta que me fez agora a pouco era verdade?

Estava tão confusa que me dava vontade de chorar, ninguém abriu a maldita boca para me explicar. Minha mãe estava com seus olhos vermelhos assim como seu braço. Ela deve ter apanhado de novo.

Nosso pai não é o melhor. Sempre os vimos brigar, e o mesmo ser agressivo, suas mãos eram cheias de sangue, as mesmas mãos que nos abraçava pedindo desculpas, as mesmas que apontavam o dedo nos culpando e nos ameaçando. Engulo seco percebendo que a gritaria abafada de mais cedo, não era as mesmas de sempre.

-seu pai está subindo, filho. Por favor, não me defenda, e peça desculpas. Não posso te perder.- suas palavras acabam na mesma hora que é puxada pelo braço para fora do quarto.- Não, por favor.

-calada. -com a porra do dedo erguido ao rosto da nossa mãe ele a solta trazendo o dedo em direção a Rafaello que não reage.- e você... Fora! Some! Seu porrinha inútil de merda. Fiz um puta esforço cuidando de um merda que nem sei se é filho mesmo meu, para vê-lo me ameaçar?! Some antes que eu te mate.- facadas, foi como tudo isso soou.

-Claro que sou seu filho. O motivo que você me odeia é igual sua personalidade. Somos iguais, você não ver? Nunca pedi que colocasse dentro da casa da sua amante. Fosse para conviver calado vendo você espancar uma mulher que dá uma família, preferia viver com uma mulher que nunca conheci.- sua era firme, não bobeava, e nem pigarreava, sentia seu ódio. Meu irmão parecia relutante por um momento, com um suspiro subiu seu olhar ao nosso pai e se direcionou a mãe logo atrás.- merda... Você é um fodido! Seu dinheiro não é pra sempre, e saiba que quando estiver se afundando, eu vou ser o primeiro a puxar seu pé.- seus passos o fizeram ficar frente a frente com nosso pai, pareciam dois animais prestes a lutar. Só que nenhum se atreveu começar uma, Rafa apenas saiu ignorando a tentativa de contato de Contessa.

-Rafaello! Volta...- a vi escorregar pelo chão enquanto se afogava nas próprias lágrimas.- Não.... Meu filho não...

-calada! Sua voz me irrita.-Me via perdida, não sabia como reagir. Meu pai se aproxima de mim levando suas mãos nojentas ao meu cabelo o acariciando.- Não queria que você passasse por isso, flor. Só que só assim as coisas podem melhorar.- não, nada vai melhorar até que você suma.Recuo afastando do seu toque.

O solidão Onde histórias criam vida. Descubra agora