Wile| 4 anos atrásO céu escuro cercava minha visão, poderíamos confundir o dia pela noite facilmente. Fecho os olhos enquanto imaginava todo tipo de atrocidade que queria fazer para ver o maldito do meu pai calado, sua voz soou em meu ouvido o dia todo, eu estava fodido, dessa vez não podíamos ignorar. Como eu ia saber que o desgraço era filho do único deputado que tem fama de justiceiro.
Sua voz me irritava em um ponto que não sabia que poderia existir. - Da para calar a boca? Já entendi. — Chuto a porta do carro quando a destranco. Meu pai não poderia fazer nada comigo em público, então posso até o xingar de filho da puta que não vai mexer um dedo.
— Você vai para Malibu comigo e sua mãe. - Dessa vez, ele não se segurou, sua mão rapidamente se encontrou com meu pescoço, que agora estava pressionado contra o carro. - Seu merda. Esqueceu quem eu sou? - A risada rouca ecoa como déjà vu.
Sempre que eu fazia algo que o irritava, coisas de criança, ele me punia com socos, gritaria, risadas irônicas, latido de cachorro. Não pude crescer como uma criança, até que entendi como ele funcionava, seus problemas foram se tornando muito mais do que um filho não exemplar, então minha coleira foi solta, e como um animal liberto, fiz tudo o que eu queria na adolescência. Como um bom pai, ele fazia uma ligação aqui, outra ali, e o caos que fiz desaparecia como se nunca tivesse existido.
Viro minha cabeça desfazendo o contato visual, suas palavras saiam cuspidas e seu ódio parecia se instalar em suas mãos a medida que apertava.- Filho meu tem limite, e te mimei muito. Você vai se tornar o chefe da família Ashby quando aquele velho morrer, vamos matar todos, e você vai aprender a se comportar como tal.- o sussurro atravessa meu ouvido invadindo minha mente me dando lembranças de Mckenzie. Eu a odiava, odiava tudo nela, mas sabia que não merecia ter esse futuro.- Agora entra, sua mãe tá lá dentro pegando sua transferência.
O aperto se desfaz causando um alívio, controlo minha respirando fingindo não me afetar com a falta de ar. Ergo a cabeça puxando o capuz para minha cabeça enquanto adentro nos corredores ainda vazios da escola.
Abro a porta da diretoria recebendo olhares diversos, alguns aliviados, outros com medo. Um vídeo passava no computador a minha direta, parecia uma câmera de segurança, a câmera da rua que mostrava meu rosto enquanto eu batia nos caras. Por impulso, aproximo do computador fazendo quem assistia se assustar.- que porra...- estreito os olhos vendo que todos estavam com os rostos borrados, e a gravação cortava para Rafaella espancando o cara já desmaiado, mas não mostrava seu rosto, e pelo ângulo, eu e os outros estávamos no ponto cego. Isso tudo parecia ser armado para me foder.
Largo de lado o vídeo e abro a porta mais adiante, dando de cara com o diretor, um homem que usava um terno, e minha mãe, que estava usando suas roupas nada formais. A atenção de todos está em minhas ações, ignoro-os me sentando na cadeira.
Por todos esses minutos que ficamos ali dentro, me peguei perdido no porquê de toda aquela armação com os vídeos, eu agi sem pensar e só fui atrás deles. Estranhamente me atraíram para a casa dos Vicent, mas eles não estavam lá, e a casa onde parecia ter sido gravado era abandonada, a câmera ficava nos fundos da casa e bem escondida. Aquele bando de inúteis não faria isso sozinho, eles queriam me afetar, no entanto, não mostraram mais ninguém além de mim. Qualquer um que visse teria a ideia de que era só eu, e como eu daria conta de bater em cinco homens?! Chega a ser absurdo, mas a fama que tenho é essa, e eles aproveitaram disso.
— Obrigada pela gentileza. — O sorriso forjado se expande, mostrando a lente branca em seus dentes. Minha mãe se virou, saindo enquanto eles me olhavam esperando alguma coisa.
— Infelizmente, não tive tempo de pôr fogo nessa escola. E sinto muito por perderem o melhor nadador. Bato na mesa, fazendo os objetos caírem e seus olhos se arregalarem.
— Wil. A Emilie está... - Mckenzie se embolava nas palavras quando sua mão puxa minha atenção a ela. - Merda... não sei o que ela tem. Ela está no banheiro. - Seus olhos correm pelo chão, evitando contato visual.
Passo pelo corredor disparando em direção ao banheiro feminino. As meninas estavam apenas paradas, olhando Emilie no chão, puxando freneticamente por ar, sinto-me inútil apenas para não saber o que fazer. Expulso todas do banheiro, indo em direção à Emilie, que logo se acalma, suas palavras eram tão incertas, ela me acusava de algo com seu irmão, eu não entendia. Quando me deixou falando sozinho e saiu pela porta, me sento no chão tentando entender.
Há alguns dias, Rafaello vinha sendo mais estranho, suas atitudes eram rudes e frias, creio que a situação dentro de casa não tenha melhorado, sempre soube que a relação que ele tinha com seu pai era ruim. Dias atrás, uma porrada de verdade me atingiu, onde afirmava que ele era filho biológico só de seu pai, Emi, e nem Contessa era sua família de verdade; aquilo certamente era um tiro no pé de Emilie.
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O solidão
RomantizmUma historia onde ambos se amam, e precisam um do outro mesmo quando a realidade é cruel. Wile e Emillie são amigos desde a infância, a vida sempre teve planos para ambos, cada um com sua própria solitude, mas algo os atraem. Prisioneiros do dinheir...