O solidão

W🥀

Wile | 4 anos atrás.

As vozes preenchiam a sala, eu permanecia calado a mais de oito horas, sei que isso já era comum, porém, queria dizer algumas coisas, como a calcinha marcada da amiga da minha mãe que é amante do meu pai, a mesma mulher já tentou entrar no meu quarto. Olho para a parede em vidro que dava para os fundos da casa, mais distante podia ver a casa de Emilie, as luzes eram brancas e a árvore de Natal do ano passado ainda brilhava no canto da sua sala. Suspiro voltando meus olhos a mesa patética que fazíamos para comemorar que meu pai conseguiu roubar mais dinheiro de alguma família pobre por aí.

-no próximo final de semana, vamos a Malibu, na Califórnia.- a empolgação da minha mãe a faz da algumas palmas. Agora as pessoas estão focadas a mim, seus olhos curiosos se fecham como se eu estivesse distante a ponto de me verem.- Wile gosta de ficar sozinho, então vou lhe dá um ano de folga.- a risada forçada a faz ter que coçar a garganta.

uau, que mãezona.

-Wile já virou amigo da família Vicent, sempre o vejo com Emilie na escola.- a projeto de bruxa fala pela primeira vez, a atenção agora se foi toda a ela, até a mim.

Mckenzie sorria fingindo não ter falado de propósito, nosso casamento arranjado já era planejado quando estávamos no ovo do nosso pai, porém, seu ciúmes é algo nojento, e desnecessário. Foco minha atenção a janela distante novamente, as luzes se apagam deixando apenas o pisca-pisca. Me levanto bruscamente da mesa deixando o barulho da cadeira caindo de lado e corro até a porta de vidro.

-Wile! Wile!- meu pai me chama várias vezes até que fecho a porta. Do lado de fora me viro olhando-os sentados, tateio minha calça em busca de um volume, enfio a mao no bolso tirando meu cigarro e o coloco na boca. Todos eles me assistiam tragar a fumaça a soltar no vidro. Mckenzie sorria como uma puta excitada, sua mãe estava vidrada em meu pai, e o mesmo olhando sem disfarces para seu peito quase pra fora daquele vestido. Meu pau latejava só se imaginar como ela era gotosa, mas suja, não toco em putas.

Me viro andando em direção a rua, passo pela grama recém aparada seguindo o caminho de luzes até o final dos arbustos, abro a cerca passando entre elas. O vento era frio, meu capuz balançava junto com os fios soltos do meu cabelo. Ergo o olhar até a janela do segundo andar da casa dos Vicent. Eles eram italianos americanizados, Emi era de uma beleza surreal, assim como sua mae, ambas ruivas dos olhos azuis como o oceano, suas pupilas se escondiam, deixando-a quase ilegível. Sento na calçada admirando o absoluto nada, sempre ia até lá dez minutos depois de jantarem, seus pais estariam vendo um filme antigo na sala abraçados, ela estaria lendo ou ouvindo música enquanto andava pela casa, e seu irmão na piscina.

O celular no meu bolso vibra com a mensagem que logo leio. "Não precisa esperar." Forço o sorriso sumir de meu rosto quando a vejo pela jenala se destacando. Já éramos próximos desde crianças, mas agora com 19 anos, isso se tornou um problema. Mulheres não podem ser amigas de homens.-concordo com isso.- só que queria aproveitar que podíamos ser livres, Emi queria diversão de adolescentes, e eu queria distração.

Atravesso a rua jogando o cigarro em algum canto, apresso os passos parando a sua porta. Uma argola de metal desenhada com flores era meu aviso que estava entrando quando a bati na porta. Hanie atravessa a sala escorregando, o animal para diante do meu pé enquanto abanava o rabo. Passo minhas mãos por seu pelo.

-Wile?- a voz suave atravessa a sala e a cozinha chegando a mim. Ando até o batente da porta da cozinha vendo o cachorro passar por mim até o casal na sala.- Seu amigo chegou, Hanie? Vejo que está tão alegre.- a mulher continua.

-sou eu.- digo as minhas primeiras palavras da noite.- ainda não jantei.- minto querendo ser a estrela na mesa, quero que eles façam o que sempre fazem, corram até mim me entregando um prato enquanto puxam assunto aleatorios me vendo comer.

-sério?- a voz está mais próxima, ao meu lado ela para tirando meu capuz para passar seus dedos em meu cabelo.- vou esquentar seu prato. Achamos que iria almoçar com sua familiar, ficamos sabendo da notícia, mas fiz seu prato.- sorrio sabendo que eles estavam me esperando.

Abaixo a cabeça olhando para o husky que brincava com meu cadarço desamarrado.- Wile. Queria mesmo falar com você.- Rafaello aparece atrás de mim todo molhado, sua bermuda pingava pelo chão deixando um rastro. Não digo nada, apenas o observo esperando dizer.-Michael tá dando uma festa, minha mãe disse que posso ir se você for. Não sei que tipo de exemplo ela acha que você é.- seu deboche nas últimas palavras vem com uma intonação mais fraca. Sorrio o vendo beijar o topo da cabeça de Contessa.