I 🩰

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Emilie| 2 anos atrás.


A vida monótona de uma adulta não era muito diferente, só mudava que a responsabilidade você é obrigada a ter, e isso cansa. As noites acordadas não passam a ser por conta de jogos, ou uma noite na balada, na verdade, você não consegue fechar os olhos pelo simples medo do amanhã, de não saber se o que planejou irá acontecer, ou se você vai ter forças para tropeçar e se levantar novamente.

Pensar assim me dava exaustão.

Era mais um dia normal. Acordei, fui para faculdade, vim para casa apreciar o silêncio, fui ao uma sessão de fotos pra alguma revista de maquiagem ou roupas, vou ao mesmo bar de sempre, bebo e volto para casa. Ao chegar em casa, o que encontro é o de sempre, Hanie estava a porta sentado quando a abro, seu rabo balança e seu choro começa, curvo meu corpo lhe dando uma atenção antes de seguir em direção a cozinha onde coloco sua comida. Meu pai estava na sala fumando como se costume, e minha mãe devia está na piscina como meu irmão ficava, isso se tornou um hábito para a mais velha, ela sentia falta de Rafaello, assim como eu.

Tudo mudou, uma mãe não conseguia suprir a ausência do filho que não sabia onde poderia estar, um marido tinha um temperamento explosivo onde descontava sua irá na mulher que sempre lhe amou, na mulher que lhe deu uma família, e sua filha se afogava em trabalho e bebidas alcoólicas.

Nesse momento, eu estava sentindo que não bebi o suficiente. Deixo Hanie ali, e sigo em direção as escadas assim que percebo meu pai se levantando do sofá, pelo barulho, passou pela cozinha e abriu a porta dos fundos.- Já está frio, entre.- no segundo andar a janela do corredor deixa sua voz entrar.

- Não estou com vontade. Me deixe aqui.

-Porra... já mandei entrar, Contessa!

Não ouço mais nada quando entro no quarto, fecho a porta e me jogou na cama em seguida. Corro meu olhos pelo quarto até perceber que Silen não estava no viveiro, Silen já estava maior, não parecia uma cobra qualquer, o lugar onde dormia era menor e não o cabia, mas insistia em ficar lá às vezes. Olho para o chão vendo o rabo branco rastejar por entre minhas roupas.

Relaxo meu corpo fitando a luz do poste lá fora que vinha pela janela iluminando o teto. O céu hoje está mais cinza, parecia até uma fumaça, pensar em hoje, me faz pensar em Wil. Estou percebendo que quanto mais passa o tempo, mas calada fico, vivo em meu mundo.-Oi, sou Emilie... Ah...- curiosa falo alguma coisa só para testar se ainda sei falar, tal ato me faz rir. Viro de lado na cama prendendo a risada eufórica, solto meu braço pra fora da cama passando a mão na cobra que se enrolava em urso de pelúcia.- Silen, se você fosse humano, seria bonito, igual aqueles livros que leio.- levanto bruscamente.

nao, que merda estou pensando?

As lembrança de criança invadiam me mente, uma recordação atras da outra, como se eu tivesse relembrado tudo.

Conheci Wile Kiltter quando era criança, meu irmão havia começado na escola nova, e eu passava mais tempo em casa, ia fazer um ano que tínhamos chegar a N.Y, era tudo novo, diferente. Adorava ficar no jardim vendo minha mãe cuidar das suas flores. E até que pela primeira vez vi os novos vizinhos chegando. O homem virou a pauta de todos os nossos jantares a mesa, Sr.Kiltter era uma obsessão do nosso pai, seu poder era algo que o mesmo não entendia. A família Kiltter vivia fazendo festas e sempre fomos convidados, só não íamos. Até que nosso pai cansou de se questionar. Nesse dia conheci um garoto moreno de olhos verdes, relativamente alto para a idade que tinha, uma personalidade séria e calado. Sentamos na mesma mesa para crianças, seus olhos ficavam sempre atento a tudo, e sua postura ereta, dizia palavras firmes e difíceis para uma criança.

Nessa noite em casa, descobri que os Kiltter lidavam com empresas grandes, de um jeito mais fácil do que assinar papéis. Não sabia o que era Máfia, e nunca presenciei algo que me fizesse dá medo, não com os Kiltter. Eles nunca nos fizeram algo, nunca soube do poder deles.

Meu pai obcecado por mais dinheiro se juntou a eles, minha mãe agora compartilhava seus saberes sobre plantas para Briana, meu pai bebia nos bares com Sebastian, e meu irmão brincava na piscina com Wile. Aos poucos tudo isso acabou, meu pai foi enganado. Sua raiva se transformou em um problema, e essa problema atingia diretamente minha mãe. Wile cresceu e era quase um homem, mas ainda era amigo de Rafaello, ambos andavam juntos e faziam merdas juntos. Meu pai vivia o intimidando, brigava e batia nele quase toda noite. Enquanto via Wile chegar em casa em plena penumbra e desaparecer até seu quarto, sem brigas.

Crescemos mais um pouco e percebemos que Wile podia ser uma pessoa boa, quando o vimos defender meu irmão em uma briga, ele era nosso amigo agora. Suas visitas a minha casa ficaram frequentes, e como uma adolescente normal, o via como um homem, um homem bonito, e problemático . Adora isso nele.

Nos tornamos amigos, amigos que tinham limites, até que percebemos que não precisávamos de limites. Nos beijos pela primeira vez na festa de aniversário de Rafaello, amava como seus lábios contornam os meus, como suas mãos percorrem meu corpo, e como o desejo cresce só apenas o olhando. A adrenalina que sentia quando descobri que o álcool era legal, que festas nos faziam vivos. Mas isso acabou.

Tudo isso acabou, e só o vi pela última vez no banheiro. O senti pela última vez quando tentava me acalmar. Tudo isso estava acabado.

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Esse cap foi mais voltado a como Emi pensa, sobre a história antes de tudo. Não quis entrar muito no assunto então o resumi.

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