Emillie|No fundo eu sabia que minha adolescente de 17 anos implorou todas as noites para que seu irmão voltasse e a tirasse daquele inferno. Só não sei admitir, não importa o quanto óbvio é, não vou admitir, eu o culpava, mas sabia que isso era o que devia ter acontecido. Só que um porem sempre se arriscava aparecer na minha mente, o: "e se isso não tivesse acontecido assim? Como seria hoje em dia?", me odiava por isso e por tudo.
-senhorita, os fotógrafos então vindo para cá.- o segurança me avisa de forma desconfortável, como se eu tivesse colocando uma faca em seu pescoço. Sorrio jogando a ponta no chão.
-obrigada. Aqui.- tiro da bolsa cem dólares e estendo ao mesmo que pega apressado.
Mais alguns passos a frente, podia ver minha mãe escorada na mesma parede e o homem de antes a sua frente, ambos estavam rindo, não nego, ele parecia elegante.
Minha mãe também sofreu as consequências, descobrir que seu filho não era o que pensava, podia doer. Ela apenas aceitou que meu pai nunca a amou, e seu filho estava construindo uma moradia no poço onde havia se jogado.
Comigo e com Wile também era assim. Por um tempo não sabia o que éramos, o que queríamos, o que esperávamos um do outro, o que nos fazia sempre se reaproximar, o que nos ligava. Talvez a gente se identificava um com o outro, mas nos decepcionávamos por conta que só éramos parecidos em algumas partes, se olhássemos de fora, éramos incompatíveis, não tínhamos nada que nos pudesse ligar, só a solitude, ou a vontade de sentir que não importava a altura que despencávamos, sempre um de nós ia estar lá em baixo esperando a queda para dizer que é normal, e que talvez algum dia isso possa parar de acontecer. Porém, nossas quedas só estavam parando de ser causadas por terceiros, o resto, era feito por nós mesmo. Queríamos nos jogar toda vez, porque esse era o legal, saber que ia ter alguém lá. Só que agora, estava despencando sozinha direto para o abismo.
Já havia me embebedado, podia sentir que minha lente de contato não era tão eficaz assim. Haviam distribuido cadeiras pelo salão, cadeiras brancas rica em detalhes que eu particularmente odiei, baranga. Minha mãe estava encostada na cadeira enquanto meu pai fala sobre como a família dos Ashby ficou mais empoderada após o noivado da sua filha com o Wile, sinceramente, francamente, só saia merda da boca dele, perdão Pai, apenas a verdade.
Reviro os olhos apenas tentando me controlar para não me levantar e ir lá fora fumar. Minhas pernas doiam antes que eu sentasse, os saltos obviamente devem ter deixado calos, seguindo esse pensamento, desço meu tronco por de baixo da mesa e confiro meus pés, ambos com um machucado.
Em alguns instantes, vejo um par de tênis all star parado perto da nossa mesa, subo meu corpo deparando com Rafaello, seus olhos fixos nos meus, um arrepio correu minhas costas, estava sentindo novamente a tristeza tentar comandar meu corpo.
-você fede.- as duas primeiras palavras que saíram dele me atinge, volto meu olhar aos lados percebendo que meus pais não estavam mais aqui, engulo seco a ânsia que sobe por minha garganta, uma lágrima se arrisca a sair, porém, a impeço. Calada, continuo séria, por dentro sentia que estava entrando em colapso, lutava contra a vontade de chorar e desabafar sobre a saudade que senti durante esse tempo, o outro lado só queria se levantar e sair como se não o conhecesse, seria babaca da minha parte?!
Abaixo meu corpo até meus pés novamente pegando os saltos em mãos, em um impulso levanto da cadeira, porém sinto minha visão escurecer e meu corpo ficar leve, sem poder lutar contra, apago.
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O solidão
RomanceUma historia onde ambos se amam, e precisam um do outro mesmo quando a realidade é cruel. Wile e Emillie são amigos desde a infância, a vida sempre teve planos para ambos, cada um com sua própria solitude, mas algo os atraem. Prisioneiros do dinheir...