capítulo doze: hematomas

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Elastic Heart - Sia

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Elastic Heart - Sia

Queria lutar sem armas nessa guerra


Dezesseis anos atrás


Era fim de tarde, porém, antes do sol de por, eu observava um caixão sendo colocado em baixo da terra. Era dia vinte e quatro de maio e desde então eu nunca esqueci daquela data.

O choro baixo e doloroso pela ida da Sra.Coleman era difícil para mim entender. Aliás, eu tinha apenas seis anos quando aquilo estava acontecendo.

O meu pai estava atrás de mim, segurando meus ombros enquanto eu tinha meus olhos fixos na terra sendo jogada em cima do caixão preto. Um garoto mais velho que eu chorava, ele era o mais deprimido daquele lugar.

O seu terno preto e bem passado não era o suficente para disfarçar que em meio monstros da família Coleman havia um coração que mesmo partido ainda prevalecia com um sentimento sem ser raiva e frieza. Prevalecia a dor.

Todos estavam de pretos, homens e mulheres os quais eu nunca vi. E apesar do enterro eu era um outro motivo para as pessoas estarem ali me observando também. Todos me olhavam com uma carcaça dura, caçando algo dentro de mim que eu me perguntava o que eu não tinha de bom para me olharem daquele jeito.

Mas sei que aqueles olhares eram apenas pedaços de terras que eles estavam jogando em mim assim como o meu pai fazia.

Eles estavam me enterrando porque sabiam que um dia eu, a futura Sra.Coleman, iria ter o mesmo destino.

O enterro acabou e todos viraram as costas indo em direção aos portões de aço do cemitério central de Los Angeles. Inocente como uma criança eu segui com meu olhar o garoto de cabelo loiro que tinha a cabeça abaixada até ele sumir da minha visão.

Sem perceber que haviam me deixado sozinha ali, um homem alto e mais velho se aproximou segurando em meu braço.

Ele tinha a pele mais rígida e o cabelo começando a ficar grisalho.

— Vem, querida. — ele diz, me puxando para frente.

Eu tentei permanecer ali, mas seu olhar se bravou tanto que eu somente obedeci.

— Para onde estamos indo? — perguntei, observando as pessoas muito mais a frente de nós.

— Para o seu papai. — ele responde.

Me lembro do medo, da insegurança que ele me passava. Meu peito carregado pela esperança de pelo menos estar na frente do meu pai logo não era o suficiente para me dar forças.

Ele desviou o caminho.

— Mas eles estão indo por ali. — falei, observado as pessoas sumirem entre as árvores do corredor de túmulos.

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