As Vivências

⭐ Escondendo Formigas ⭐ [2]

A esfera lunar não mais vela seus mistérios, revelando-os como um espelho da minha alma, entrelaçados antes mesmo de sua notável sabedoria se dissipar em abraços inúteis. Sua essência ecoa em mim, como o sibilar metálico de garras afiadas que dilaceram meu âmago. Para desvendar os motivos da ocultação, é preciso aventurar-se além do óbvio, em labirintos intrincados como os corredores de um formigueiro, onde você e eu, como laboriosas formigas operárias, reconhecemos nosso microcosmo. Desvende o enigma do outro lado da lua, onde apenas você reside, clamando por socorro em um ciclo eterno de sofrimento.

Não basta tropeçar nas justificativas e ressentimentos, é imperativo conhecer o inimigo que se oculta atrás da lua, ao seu lado. Abandone a surpresa, pois o que mais abomino nesse inimigo são os reflexos distorcidos de mim mesmo, outrora cristalinos, agora fragmentados como um espelho quebrado. Una seus pensamentos aos meus, como uma substância adesiva, e juntos arquitetaremos um sonho cruel, onde cabeças rolarão sob as prateleiras do formigueiro, em um festim de vingança.

É árduo conceber algo além da subserviência infundada, imunda é a forma como a liderança subjuga as formigas. Esse ambiente instiga o pior em mim, mas também impulsiona a pipa a alçar voo e traçar seu destino nos céus, o mesmo caminho trilhado pelas formigas em busca da morte, como mariposas atraídas pela chama. Eu compartilho desse sentimento, talvez com um fardo mais leve, pois a substituibilidade das formigas torna o jogo macabro e divertido, como um tabuleiro de xadrez onde as peças são sacrificadas sem remorso.

Abdico do sadismo para o outro lado da lua, onde já reside em abundância, como um câncer que se espalha pela carne. Preciso distanciar-me dessa faceta, criar uma máscara que oculte as razões para perpetuar a perfeição, como uma diligente formiga operária que esconde sua dor sob o véu da obediência. Mas a lua, como um farol na noite escura, revela a verdade que se esconde nas sombras, e a cada ciclo, a máscara se desfaz, revelando a face oculta da alma, como um lobo que se esconde sob a pele de cordeiro.