As Vivências

Um Lugar Para Não Pisar [3]

Encontro-me em um lugar desconhecido, imerso na névoa da incerteza que obscurece minha própria existência. No entanto, essa obscuridade não impede minha capacidade de discernir entre o certo e o errado, nem perturba meu olhar em direção ao horizonte inatingível pelos próprios anjos. É lá, nesse limiar, que me encontro, pronto para te enfrentar.

Apenas uma garantia eu exijo neste momento em que tua presença assume um aspecto sombrio e traiçoeiro. Todo julgamento que possa advir é mérito daquele que o emite, e se houver uma resolução, o desfecho dessa jornada será magnífico. O senso de justiça, que permanece oculto para aqueles dominados pelo medo, não é visível para almas amedrontadas como a tua.

Há beleza serena e encantadora nos lugares frequentemente confundidos com lares doces. No entanto, entre as quatro paredes meticulosamente construídas, escondem-se segredos cruéis. Lastimo minha própria tolice ao adentrar um espaço que só me trará dor.

No cerne desse local proibido, sinto o frio gélido que emana das suas entranhas sombrias. É um refúgio esquecido pela luz, onde almas perdidas encontram sua morada final. Eu, desafiante e destemido, percorro os corredores sinuosos, testando os limites da minha própria bravura.

As paredes, impregnadas de memórias e segredos macabros, ecoam um clamor silencioso que penetra nos recantos mais profundos da minha mente. Cada passo é como um sussurro de arrependimento ecoando em meus ouvidos. Apesar do medo que me assalta, sigo adiante, pois há algo misteriosamente cativante nesse abismo de tormento.

E assim, à medida que me aprofundo nas profundezas sombrias desse lugar, sinto-me transformar. Sou consumido pela escuridão, mas, ao mesmo tempo, encontro uma sensação estranha de liberdade. Pois, nas entranhas do desconhecido, desvendo uma parte oculta de mim mesmo que jamais imaginei existir. Nesse lugar que a maioria evita, encontro a força para enfrentar meus próprios demônios e desvendar os segredos ocultos da minha alma.