No palco efêmero da existência, vislumbra-se o semblante resplandecente, que, com ardilosa maestria, encobre as nefastas sombras e as emoções deletérias, que clamam em silêncio sob o véu do sorriso fictício.
Eis um jogo perigoso, uma dança intrincada em que os traços se revelam hábeis artífices da dissimulação. Envergam a couraça de contentamento falaz, ocultando as cicatrizes invisíveis e a dor que insidiosamente aniquila sua essência.
No entanto, dissimulada por detrás dessa vestimenta meticulosamente concebida, uma tempestade de angústia se desenrola, implacável e avassaladora. Como uma corda que se estreita, comprimindo o peito e sufocando a alma em tormento silente. A cada riso fingido, uma ferida agravada na própria existência, uma derradeira tentativa de ocultar o fragoroso turbilhão que ecoa em seu interior.
Tal mar revolto de tristeza, ansiedade e solidão perpetuamente se agita, imerso em uma luta solitária que se desenrola nas sombras, à margem da consciência alheia. Os olhos cintilam, mas são incapazes de refletir a verdadeira essência da alma torturada.
Sociedade alguma, com seus ditames opressores, impõe máscaras que exige serem ostentadas, reclamando o disfarce das dores íntimas. Assim, essas almas inquietas se adaptam, aprendem a sorrir mesmo quando seus corações mergulham em lágrimas. Tornam-se exímias na arte de ludibriar, cobrindo a tristeza com gestos ensaiados e palavras cuidadosamente selecionadas.
Todavia, a angústia permeia cada fibra de seu ser, esmagando-os com seu peso avassalador. É uma aflição silenciosa, uma prisão emocional em que se encontram aprisionados, enredados em uma teia de expectativas e aparências.
Enquanto o sorriso efêmero perpetua, a angústia insiste em se intensificar, corroendo a esperança e povoando o coração de abismo. A alma anseia pela libertação, pela concessão de uma válvula de escape capaz de aliviar o fardo opressivo. No entanto, o medo se encarrega de paralisar e a incerteza consome, mantendo-os cativos nesse ciclo doloroso e ininterrupto.
Deste modo, persistem em representar, desempenhando uma falsa felicidade perante o mundo que os circunda. Entretanto, subjacente à superfície polida, a angústia se mantém enraizada, uma presença constante e asfixiante. Constitui uma batalha interna que consome suas energias, deixando-os extenuados e desprovidos de amparo.
Até que, enfim, a máscara começa a revelar suas fissuras. A verdade emerge, as emoções negativas rompem como um grito desesperado por autenticidade. É nessa vulnerabilidade que a cura pode encontrar o seu prelúdio, permitindo que a genuína essência se revele, em toda a sua crueza e autenticidade.
Porém, até que esse momento derradeiro se revele, a angústia permanece como uma lembrança constante da luta interna. É uma névoa densa que permeia cada interação, tornando-as tristes e desesperançadas. Constitui a dor que se aninha nas profundezas do ser, clamando por libertação.
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As Vivências
Non-FictionUm conjunto de prosas que eu escrevia quando enfrentava algum problema na vida ou quando eu pretendia praticar a escrita erudita. Legenda Temática: Drama [1] Reflexão [2] Imaginação [3] Romance [4] Relato [5] Sátira [6] Indicações do autor: "A inocê...