A Raiva [3]

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Na tormenta do peito, a raiva desperta, e o sorriso cândido dá lugar à fúria incerta, corroendo o cetro da razão e ferindo o coração. A fímbria do equilíbrio se desfeita, tornando-se frágil, e no turbilhão da paixão, perde-se o sinal. A galhardia se transforma em gesto nefasto, e o azimute do amor segue agora ao desgosto.

Um ardor flamejante consome cada fibra, enquanto palavras ineptas são proferidas em uma dança macabra. A inexorável torrente de ira desenfreada se faz presente, enquanto a imagem outrora radiante se torna jocosa e desprezível. No olhar languidamente sombrio, um brilho rutilante reflete a alma perdida, vagando incansável como um peregrino dos sentimentos, perdido nas quimeras da vingança, aguardando sua sentença.

Taciturno se torna o poeta das agruras, e o sonho soporífero destrói as doçuras, sem que o disfarce primoroso consiga ocultar a tormenta persistente. A raiva onipresente queima na fervura, transformando o éter da calma em vácuo e fazendo a paz serena fugir aflita. Eis o vexame contido em cada verso, a raiva voraz, tormento aceito.

Em cada palavra, a torpeza desfila, e uma plangente melodia traz consigo a raiva à margem. O pungente desespero, qual querela maldita, silencia o amor e enegrece a alma aflita. Mas no horizonte há espaço para a redenção, na admoestação da dor, aprende-se a lição. O magnânimo perdão é o antídoto necessário para romper as amarras e libertar o cenário.

Pois mesmo na raiva, o insignificante se revela, traçando um caminho heurístico onde a paz se desvela. Assim, como neófito, renasce o ser, e a raiva, outrora tempestade, finalmente pode perecer. Que o amor e o perdão encontrem seu apogeu, e a raiva se desfaça no abraço redentor infinito.

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