Perdido no Personagem

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Sexta-feira à noite, e o frio está de congelar até o coração. Hoje, decidi que não vou sair de casa. Com um baseado na mão e uma conversa interessante com um novo amigo que mora no Canadá, meus pensamentos começaram a fluir. Enquanto isso, Miley Cyrus está cantando "Lifetime" no fundo, uma música vazada que parece ter sido escrita para mim.

"Quem sabe você me amará na minha próxima vida, sentirá borboletas ao ouvir meu nome, se você encontrar meu rosto na próxima vida, você terá aquele sentimento ah ah ah

Talvez você me veja em Santorini, com um biquíni vermelho, tomando um martíni, sacudindo meu cabelo. em um Lamborghini. que comprei na Itália e de repente sentirá saudades de mim"

Sabe, só quero viver a vida, trabalhar num lugar legal e morar em um lugar que me faça sentir vivo. Quero viajar, conhecer pessoas novas e explorar o mundo. Espero que, depois de tudo que estou passando, eu consiga me abrir mais com as pessoas ao meu redor. Afinal, no fim das contas, só eu importo. As pessoas vêm e vão, mas eu estou aqui.

E, de repente, minha mente viaja para Curitiba no ano passado. Conheci um garoto maravilhoso, lindo e... bem, muito bem dotado. A química foi instantânea. Ele me disse que se sentia super confortável comigo, e logo estávamos discutindo sobre RBD e nossas músicas favoritas. Ah, um verdadeiro sonho!

Infelizmente, ele mora longe. Por que as melhores pessoas sempre moram longe? Aqui em Porto Alegre, tenho dificuldade em me conectar com alguém a ponto de querer sair mais de uma vez. Às vezes, até tento, mas rapidamente perco o interesse. Talvez seja apenas minha maneira peculiar de ser. Mas, sabe, ser diferente não é tão ruim. Há muitas pessoas normais por aí, e eu adoro ser único.

Esse garoto era como um sonho realizado. Além de lindo e fã de RBD, ele era extremamente querido e carinhoso. Ele sabia tocar guitarra, violão e bateria, um verdadeiro prodígio, como o Jesse da Hannah Montana! No nosso encontro, decidimos assistir a um filme no cinema. Escolhemos um filme que parecia ser pouco popular, Capitãs Marvel, ou algo assim, e a sala estava praticamente vazia. O filme era terrível, mas conseguimos nos divertir mesmo assim. Compartilhamos beijos e olhares intensos, e mais tarde, descemos para o banheiro para continuar nossa aventura.

A química entre nós era inegável, e seu sorriso era tão encantador quanto o meu. Sinto que, se eu morasse em Curitiba, poderíamos ter algo especial. Poderíamos namorar, apesar de ele ser um pouco enrustido. Isso seria um problema, pois eu não aceito nada escondido. Teríamos que encontrar uma maneira de resolver isso. Não tive a chance de me apaixonar por ele, pois nos vimos apenas uma vez, mas continuamos trocando mensagens. À noite, trocamos figurinhas pelo celular: eu mandei uma da Mia Colucci safada e ele respondeu com uma do Diego Bustamante safado. Foi perfeito.

Preciso de alguém com quem eu possa ser eu mesmo, alguém com quem eu possa compartilhar momentos e me sentir verdadeiramente conectado. Não quero um relacionamento superficial; quero algo real, algo que me faça sentir vivo. Talvez um dia eu encontre essa pessoa, mas por enquanto, vou continuar vivendo minha vida da melhor forma possível. Porque, no final das contas, a vida é isso: um monte de momentos desconexos que, de alguma forma, fazem sentido juntos.

Infelizmente, olhando para trás, percebo algo importante sobre o garoto com quem me apaixonei da última vez. Vamos chamá-lo de Miguel, e eu sou a Mia, ok? Com o Miguel, sempre notei algo estranho. Tudo parecia perfeito, mas eu nunca consegui ser completamente eu mesmo com ele. É uma pena. Eu não entendo por quê. Talvez fosse medo de ser rejeitado, de não ser aceito por ele. Não sei... Pode ser um monte de coisas, incluindo as questões em relação ao ex dele, que já me deixavam paranoico. Conversando com meu amigo do Canadá, ele me disse que terminou vários relacionamentos porque quer uma vida amorosa tranquila e sem paranoias. Isso me fez pensar: como existem pessoas que se submetem a isso? Acho que é uma grande falta de amor próprio, ficar com alguém que você nem gosta mais só por dependência emocional. Isso é horrível. Espero nunca passar por isso. O que já passei foi demais para mim, e só posso imaginar como seria se eu estivesse namorando o Miguel. Seria um desastre.

Não sei por que fiquei tão obcecado pelo Miguel. Sabe, eu o amo e sempre vou amá-lo, mas sei que ele não é o certo para mim. Ele tem vários problemas, como depressão e ansiedade, e precisa resolver essas coisas primeiro. Não quero que isso me afete também. Mas ainda assim, quero estar com ele. Quando olho para ele, sinto uma admiração profunda porque realmente o amo. Ele é a primeira pessoa que amei de verdade. Sinto que ele também gosta de mim, mas quem sabe? Espero que tudo o que eu achava que ele sentia por mim seja verdade, porque o que sinto é muito real.

Sei que ainda vamos nos ver muitas vezes. Estamos no mesmo grupo de amigos, viajamos, vamos a festas, fazemos jantares juntos. Acho que nossa história ainda não terminou. Mas não é só ele que precisa melhorar. Descobri, depois de tudo isso, que também tenho muitos problemas para resolver comigo mesmo. Miguel sempre terá um lugarzinho no meu coração, e quero que ele esteja sempre bem. Quero que ele sinta que sempre estarei ao seu lado, porque realmente me importo com ele. Só espero que ele não apareça mais com o ex dele na minha frente. Não sei se conseguiria suportar isso.

No fundo, todo esse drama me fez perceber algo vital: o amor próprio é a chave. Como podemos amar alguém se não nos amamos primeiro? E a vida, com todas as suas voltas e reviravoltas, nos ensina isso da maneira mais dura. Amar alguém é incrível, mas amar a nós mesmos é essencial. E quem sabe, talvez um dia, eu e Miguel possamos encontrar a paz e a felicidade que tanto desejamos. Enquanto isso, vou focar em mim, na minha vida, e em ser a melhor versão de mim mesmo. Porque, no final, somos nós que ficamos, enquanto as pessoas vêm e vão. E é aí que reside o verdadeiro poder do amor próprio.

Hoje eu estou dando um jeito de superar tudo isso. Encontrei um cara no intervalo do trabalho e a gente ficou, mas, sinceramente, ele não é muito de beijar e estava com um bafo terrível. Eu AMO beijar, e foi bem decepcionante. Além disso, a gente mal conseguia ter uma conversa decente. É tão frustrante sair com alguém só para transar sem poder trocar umas boas palavras, sabe?

Pensando bem, acho que nunca me soltei 100% numa conversa com o Miguel. Eu tentava ser tão perfeito para ele que acabei me perdendo no personagem. Parece que sou eu que sempre estrago tudo. E por quê? Porque preciso melhorar, e muito.

Uma vez, um garoto veio dos EUA só para me ver. Eu estava tão inseguro que disse a ele que podia ficar com outras pessoas, mesmo querendo que ele ficasse só comigo. Ele voltou para os EUA e nunca mais nos falamos. Fui tão burro! Imagina se eu estivesse namorando com ele agora? Eu poderia estar morando nos EUA! Por que eu sou assim? Acho que cresci do jeito errado. Nunca pude ser eu mesmo perto dos meus pais e da minha família. Isso é horrível. Preciso de um tratamento psicológico.

Até hoje, não consigo ser eu mesmo perto do meu pai, da minha mãe e nem da minha madrasta. Tem também pessoas como o Miguel, com quem não consigo ser totalmente eu. Sei que muita gente me ama do jeitinho que sou, mesmo com meus defeitos, mas eu quero melhorar. Quero amar sem me preocupar, amar de verdade alguém que retribua.

Tudo isso que estou passando, escrevendo, toda essa ansiedade e descobertas, por mais que tenha sido por causa do Miguel e do ex dele, não é culpa dele. Eu AMO o Miguel e nunca vou culpá-lo. Nunca ficarei bravo com ele. Ele sempre terá meu apoio. Escrevo essas coisas aqui, mas nunca consigo dizer tudo o que gostaria para ele. Isso é problema meu, assim como ele tem os dele. Queria poder ter uma conversa profunda sobre tudo isso com ele. Por que será que não consigo? A gente nunca teve a oportunidade de ficar juntos, só nós dois, sem interrupções.

O Miguel nem deve imaginar que estou aqui escrevendo essas coisas. Talvez ele nem se importe comigo. O bom é que, escrevendo, estou me entendendo melhor e vendo o que preciso melhorar.

Uma coisa que aprendi e pretendo seguir é não fazer mais nada pelos homens. Eles precisam fazer por mim. Com o Miguel, eu sabia que ele estava juntando dinheiro para ver a família na Venezuela, por isso às vezes dividia a conta. Mas agora, eles que gastem comigo. E não vou mais a festas só para ver alguém. Se a pessoa não vai, não vou deixar isso cortar minha vibe. Vou para festas para me divertir. Nunca fui de caçar ninguém, sempre chegam em mim e, claro, fico com todos. Mas também, depende, né?

E é isso, galera. Aprendi que ser perfeito é chato e que eu preciso é me amar mais. Quem sabe o Miguel perceba o que perdeu, mas até lá, vou estar vivendo minha vida e curtindo minhas próprias imperfeições. E, claro, há sempre novas histórias de amor e desilusão no horizonte.

Entre Amores e Desilusões: Confissões de um Coração InexperienteOnde histórias criam vida. Descubra agora