Capítulo 29

16 1 4
                                    

Shouta entrou na sala silenciosa, onde apenas um abajur lançava uma luz suave sobre os papéis espalhados pela mesa. Ele se aproximou com passos silenciosos, sabendo que Müller costumava trabalhar até tarde na tentativa de reverter a condição de Chavelier Noir. Ao se deparar com o garoto adormecido sobre os gráficos e anotações, Shota suspirou suavemente. Era evidente o esforço e a dedicação de Müller, mas também sabia que o jovem tinha uma tendência obsessiva pela perfeição.

Com cuidado, Shouta balançou levemente o ombro de Müller. Era uma cena familiar para ele, pois não era a primeira vez que precisava intervir para tirá-lo do escritório tarde da noite. Reconhecendo a determinação de Müller, Shouta ponderou sobre os limites que o garoto estava disposto a ultrapassar para alcançar seu objetivo, mesmo que isso significasse sacrificar seu descanso e bem-estar.

Shouta suspirou e balançou o ombro de Müller novamente, tentando acordá-lo sem brusquidão. Os papéis com gráficos deslizaram um pouco quando Müller se mexeu, mas ele não acordou imediatamente. Após alguns momentos, os olhos de Müller se abriram lentamente, piscando para se ajustar à luz fraca do abajur.

— Hm? O que foi? — Ele murmurou sonolento, esfregando os olhos com as costas das mãos.

Shouta observou-o com uma mistura de compreensão e leve frustração. — Müller, já está tarde. Você precisa descansar um pouco. Está exagerando no trabalho novamente.

Müller balançou a cabeça rapidamente, como se tentasse afastar o sono. — Desculpe, Eraser. Eu estava tentando... entender melhor os dados.

— Eu sei, mas isso pode esperar até amanhã. Vamos, eu te levo ate seu hotel. — Shouta insistiu, mantendo um tom calmo e firme. — Não entendo como os policiais te deixaram ficar até tão tarde.

Müller assentiu, recolhendo os papéis e desligando o abajur antes de seguir Shouta pelo corredor silencioso do prédio da polícia. — Eu... me escondi embaixo do balcão quando eles vieram fazer ronda. — disse quando se aproximaram da moto.

Ele revirou os olhos enquanto subia na moto, escutando a confissão do garoto.

Müller colocou o capacete e montou na garupa da moto. Shouta ligou a moto e começou a viagem até o hotel onde Müller estava hospedado.

Chegando ao destino, Shouta ajudou Müller a descer da moto. O cansaço do garoto era visível, mas ele agradeceu a Shouta pela ajuda.

— Obrigado, Eraser. Desculpe pelo incômodo. — disse Müller, tentando ser cordial apesar da exaustão

— Da próxima vez, não fique até tarde. — Shouta disse antes de partir com sua moto, rumo ao seu próprio apartamento.

Ao entrar em seu apartamento, Shouta deixou sua jaqueta pendurada no cabideiro próximo à porta e caminhou até a sala. Ele estava fisicamente cansado, mas sua mente estava agitada, relembrando os eventos recentes que haviam sacudido a comunidade heroica.

Ele se serviu de uma xícara de chá, apreciando o calor reconfortante que se espalhou por seu corpo enquanto se acomodava no sofá. Os últimos dias haviam sido intensos: o ataque ao acampamento de verão dos estudantes, o confronto com vilões poderosos, e especialmente, a situação de Chavelier Noir, cuja condição misteriosa preocupava a todos.

Shouta suspirou profundamente, repassando mentalmente cada detalhe. A habilidade de Müller em decifrar dados e teorias era notável, mas ele via a obsessão do jovem como uma faca de dois gumes. Era um traço que ele próprio conhecia bem, vindo de sua própria experiência.

Enquanto bebia seu chá, os pensamentos de Shouta se voltaram para a luta monumental entre All Might e All for One. Foi um embate que abalou os fundamentos da sociedade heroica, deixando uma marca indelével no futuro de todos os heróis e vilões.

O Que as Batalhas Fazem Conosco (BakuDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora