Capítulo 30

18 0 11
                                    

Izuku não estava bem. Ele sorria durante o dia e conversava normalmente. Mas Katsuki sabia que ele não estava bem.

Katsuki passou as últimas três noites acalmando o namorado depois de pesadelos, e às vezes Izuku parecia estar delirando. O jeito que ele se agarrava a Katsuki, como se ele fosse sua única âncora, revelava a verdadeira profundidade de seu sofrimento.

Os pesadelos eram frequentes e intensos. Izuku acordava ofegante, olhos arregalados, com suor escorrendo pela testa. Katsuki estava sempre lá, segurando-o, murmurando palavras tranquilizadoras, tentando dissipar os horrores que invadiam o sono de Izuku.

Mas, durante o dia, Izuku escondia bem. Ele sorria, fazia piadas, e parecia o mesmo de sempre. Era uma fachada bem treinada, uma armadura que ele vestia para proteger os outros de sua dor. Mas Katsuki via além disso. Ele percebia os momentos de distração, os olhares perdidos, os sorrisos forçados.

Katsuki não sabia mais o que fazer. Ele se sentia impotente, vendo o namorado afundar cada vez mais na escuridão. Ele queria ajudá-lo, queria consertar tudo, mas não sabia como. E essa sensação de impotência o corroía por dentro.

As noites eram as mais difíceis. Izuku murmurava coisas sem sentido, revivendo coisas que o assombravam. Katsuki o abraçava com força, tentando oferecer algum conforto, mas sabia que não era suficiente. Ele precisava encontrar uma maneira de ajudar Izuku.

Katsuki passou horas pesquisando, tentando entender melhor o que Izuku estava passando. Ele leu sobre Infecção Cerebral, Esquizofrenia, Ansiedade, Depressão, e tudo mais que pudesse dar uma pista de como ajudar. Mas nada parecia suficiente. Ele sabia que a cura não seria fácil, que levaria tempo, mas a espera era insuportável.

Ele considerou falar com os sua mãe, buscar ajuda profissional, mas temia que isso só fizesse Izuku se fechar ainda mais. Então, ele continuava ao lado do namorado, oferecendo o melhor de si, esperando que, de alguma forma, isso fosse suficiente.

Katsuki estava determinado a não desistir. Ele amava Izuku mais do que qualquer coisa, e faria o que fosse necessário para vê-lo sorrir de verdade novamente. Mesmo que isso significasse passar mais noites sem dormir, segurando Izuku enquanto ele lutava contra seus pesadelos. Katsuki estaria lá, sempre.

Neste momento, ele segurava o corpo trêmulo de Izuku em seus braços. Izuku chamava pelo tio, a voz embargada pelo medo e pela dor. Katsuki não sabia o que dizer, cada palavra parecia insuficiente diante da agonia do namorado. Ele estava ficando com muita raiva. Raiva desse poder que mais machucava Izuku do que ajudava, raiva dos malditos vilões que os colocaram nessa situação, raiva até mesmo de All Might por não ter treinado Izuku direito.

Ele se sentia furioso com o mundo que machucava Izuku daquele jeito. A cada soluço de Izuku, Katsuki sentia vontade de colocar o mundo abaixo.

"Por que você?" Ele pensava, apertando os dentes. "Por que logo você, maldito nerd? Por que tem que sofrer tanto?" Ele queria gritar, socar algo, qualquer coisa para liberar a frustração que o consumia. Mas sabia que não podia. Precisava ser forte, precisava ser a rocha que Izuku podia se agarrar.

Izuku se agarrava a ele, os soluços diminuindo gradualmente, mas o tremor persistia. Katsuki passava os dedos pelos cabelos verdes do namorado, tentando transmitir alguma sensação de segurança. Sentia o calor do corpo de Izuku contra o seu, a respiração irregular contra seu peito. E tudo que ele queria era arrancar aquela dor de Izuku, tomar para si todo o sofrimento, mesmo sabendo que isso era impossível.

"Maldito seja o All for One," ele pensava, a fúria borbulhando dentro dele. "E maldito seja o All Might por não ter preparado o Deku para isso." Katsuki odiava a sensação de impotência, a ideia de que não podia proteger Izuku de tudo. Ele queria ser forte o suficiente para enfrentar o mundo, mas sabia que algumas batalhas precisavam ser enfrentadas por Izuku sozinho.

O Que as Batalhas Fazem Conosco (BakuDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora