Capítulo 2

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Notas do Autor: Só para entender como o tempo está passando:
A mãe de Izuku morreu em Novembro, o ano letivo no Japão acaba em Março, o Izuku faz aniversário 15 de Julho. Ou seja, quando a mãe dele morreu ele terminaria o quinto ano três meses depois.
Um ano depois terminaria o sexto, mais um ano depois primeiro ginásio. E cinco meses depois da morte da mãe faria onze anos.

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Aproximadamente 2 anos e 3 meses depois.

Era o último dia do terceiro semestre do primeiro ano de ginásio de Izuku.

Naquela manhã, Laurent estava mais enérgico do que o habitual, pois não havia trabalhado na noite anterior.

Uma música francesa tocava no carro enquanto Laurent dirigia para a escola. Izuku cantarolava as palavras que conhecia e improvisava nas que não sabia, fazendo seu tio rir enquanto cantava corretamente. Izuku considerava que poderia sobreviver muito bem na França com o que já sabia de francês. Ele quis aprender depois que seu tio disse que eles viajariam para lá nessas férias.

Où est ton papa? Dis-moi, où est ton papa? Sans même devoir lui parler Il sait ce qu'il ne va pas. Ah sacré papa. Dis-moi où es-tu caché? Ça doit faire au moins mille fois. Que j'ai compté mes doigts

Para uma música com um toque tão energizante, tinha um significado meio depressivo. Era uma pergunta que Izuku fazia muito quando era mais jovem e não entendia as coisas. Papa où t'es?

Não agora, claro. Agora ele tinha consciência de que, de acordo com seu tio, seu pai era um morceau de merde. E Izuku acreditava nisso; afinal, um homem que abandona a esposa e o filho deveria mesmo ser um pedaço de merda.

Logo eles chegaram à escola. Izuku se despediu de seu tio e foi se encontrar com Kyoka, que também estava chegando na escola.

— Ei, Izuku! — Kyoka acenou, sorrindo. — Pronto para o último dia?

— Pronto, sim! — respondeu Izuku, sorrindo de volta. Eles caminharam juntos para o prédio da escola, animados pelas férias finalmente terem chego.

Ele achou que, quando descobrissem que ele não tinha individualidade, Kyoka e Todoroki parariam de falar com ele. Mas foi exatamente o contrário. Claro, Todoroki foi franco ao dizer que não fazia diferença para ele, e Kyoka apenas deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Essa aceitação deixou Izuku pensativo por dias. E se tivesse sido assim com Kacchan? Se Kacchan tivesse simplesmente aceitado ele como era?

Mas não adiantava ficar remoendo o passado. Kacchan não gostava dele, apesar de todos os esforços de Izuku para serem amigos. Agora que ele sabia como amigos verdadeiros se tratavam, lembrar de Kacchan fazia o coração de Izuku doer. Ele se perguntou como poderia ter sido diferente, mas também sabia que tinha que seguir em frente. Os novos amigos que fez na escola mostraram a ele que valia a pena ser ele mesmo, independentemente de ter uma individualidade ou não.

Izuku ainda se lembrava de achar Kacchan incrível, de querer estar sempre perto dele, de se olhar no espelho e pensar no que poderia mudar para Kacchan dar mais atenção para ele. Lembrava-se de seguir Kacchan pelos corredores da escola, esperando que um dia ele o notasse e visse que poderiam ser amigos. Ele admirava a confiança e a força de Kacchan, queria ser alguém de quem ele pudesse se orgulhar.

Mas agora, refletindo sobre tudo, Izuku percebeu que sempre esteve à procura da aprovação de alguém que nunca iria aceitá-lo como ele era. Ele se perguntou quantas vezes tentou mudar a si mesmo para agradar Kacchan, quantas vezes sentiu que não era suficiente. E, com o passar do tempo, ele percebeu que essa busca era em vão.

O Que as Batalhas Fazem Conosco (BakuDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora