Izuku estava de observação na enfermaria depois da prova prática. Ele não tinha se machucado muito, o que era raro, mas Kacchan havia se exaurido e machucado gravemente seu braço por usar muito de seu poder máximo.
Izuku até se sentia estranho a respeito disso; geralmente, era ele o desmaiado e todo machucado, não outro. Ver Katsuki nessa condição era uma inversão de papéis que ele nunca imaginou.
Enquanto Recovery Girl cuidava de Katsuki, Izuku não conseguia desviar o olhar. O braço de Katsuki estava enfaixado e imobilizado, e ele respirava pesadamente, ainda inconsciente do esforço extenuante. Recovery Girl garantiu a Izuku que Kacchan iria ficar bem e que logo acordaria. Quanto a Izuku, ele precisava ficar apenas em observação. Recovery Girl queria garantir que não havia nada errado em sua cabeça por causa da fratura recente. Ele não havia descansado adequadamente depois do festival, e isso a preocupava.
Izuku se acomodou na cama, seus pensamentos voltando ao momento decisivo do exame. Ele lembrou-se da expressão de dor e determinação de Katsuki, dos gritos de esforço e do sacrifício que fizeram para vencer All Might. Pensar nisso fazia seu coração bater mais rápido, não apenas pelo perigo que enfrentaram, mas pelas emoções confusas que o assolavam desde aquele breve momento no corredor.
Enquanto observava Katsuki adormecido na cama ao lado, Izuku não conseguia parar de pensar no que havia feito. Ele sentia que não deveria ter beijado Katsuki. Aquilo obviamente deixaria um constrangimento entre eles, e Katsuki parecia estar tão confuso quanto ele. O coração de Izuku estava em um turbilhão. Por um lado, ele queria que o beijo nunca tivesse acontecido, mas por outro, ele não podia negar o que sentiu naquele momento. Era algo mais profundo, algo que o assustava e excitava ao mesmo tempo.
Izuku se sentia culpado por sua impulsividade. Ele sabia que Katsuki não era alguém que lidava bem com mudanças repentinas ou com a expressão de sentimentos. Talvez tivesse sido injusto impor algo tão inesperado a ele.
— Por que você está me olhando com essa cara de cachorro que caiu da mudança, Deku? — Katsuki falou, abrindo os olhos e olhando para ele.
Izuku ficou vermelho imediatamente, apanhado de surpresa. — Ah... eu só... estava pensando.
Katsuki se mexeu na cama, tentando se sentar. Ele fez uma careta de dor, segurando o braço machucado. — Pensando no quê?
— No exame... e em você. — Izuku respondeu, a voz hesitante.
Katsuki bufou, mas não com a usual irritação. Havia algo mais suave em sua expressão, como se ele também estivesse tentando entender o que tinha acontecido entre eles. — Tá. E por que você parece tão... sei lá, culpado?
Izuku mordeu o lábio, tentando encontrar as palavras certas. — Eu... sobre o que aconteceu... no corredor. Eu não deveria ter... eu fui impulsivo. Não queria deixar você desconfortável ou...
— Cale a boca, Deku. — Katsuki interrompeu, a expressão dura suavizando-se levemente. — Ficar se lamentando não vai resolver nada.
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, um silêncio constrangedor e cheio de tensão. Izuku observava os braços de Katsuki, enfaixados e imobilizados.
— Meus braços... estão doendo pra caramba. — Katsuki murmurou, tentando mover os dedos, mas desistindo rapidamente.
Izuku sorriu um pouco, apesar da situação. — Bem-vindo ao meu mundo.
Katsuki virou o rosto para olhar para ele, uma expressão de surpresa mesclada com dor. — Isso é o que você sente toda vez? Na batalha contra o pavê você havia quebrado o braço, não?
Izuku assentiu, o sorriso desaparecendo. — Quando eu uso minha individualidade sem controle, meus ossos são praticamente moídos. A dor é insuportável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Que as Batalhas Fazem Conosco (BakuDeku)
FanficApós a morte de sua mãe, Midoriya Izuku vai morar com seu tio, Laurent, o herói Chavelier Noir. Aos dez anos, mesmo sentindo a perda, Izuku encontra conforto no novo lar, onde seu tio acredita firmemente no seu potencial para se tornar um grande her...