Capítulo 28

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Izuku olhou para si mesmo no espelho do banheiro do hospital, sentindo a mistura de alívio e ansiedade que o acompanhava há dias. A roupa que vestia era familiar, trazida por Katsuki de sua casa, mas mesmo assim, ele se sentia estranho, deslocado. Ele sabia que estava prestes a receber alta, mas não tinha certeza de para onde iria ou o que faria a seguir.

Seu tio estava inacessível, preso em uma estranha formação de sombras que nem os heróis mais experientes conseguiam decifrar completamente. A lembrança de seu tio, sempre forte e protetor, agora aprisionado e impotente, pesava em seu coração.

Izuku pensou em sua avó materna, Yoshiko. Ela era idosa e, apesar de sempre carinhosa, não estava em condições de cuidar de um adolescente doente. Sua avó paterna, Caire, morava na França e ele mal tinha contato com ela. Não sabia se ela realmente se importava com ele ou se estaria disposta a assumir tal responsabilidade.

Ele sentia-se sozinho nesse sentido. A solidão era um peso esmagador, agravado pelo fato de que sua mãe também não estava mais ali para apoiá-lo. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que não estava completamente sozinho.

Seus amigos da 1-A mostraram-se incansáveis em seu apoio. Shoto e Kyoka vinham visitá-lo todos os dias, trazendo um pouco de normalidade e conforto. Os outros alunos também apareciam ocasionalmente, cada um tentando trazer um pouco de alegria e distração.

E havia Katsuki. Bakugou Katsuki, seu amigo de infância, seu maior rival e seu namorado. Ele estava quase sempre no hospital, uma presença constante e firme ao lado de Izuku. Katsuki cuidara de Ma Chérrie, a cachorra de Izuku, e dos pavões albinos, mesmo com a relutância inicial e o fato dos animais grudarem em Katsuki como cola. Ele fez isso por Izuku, e isso significava muito.

Izuku respirou fundo, tentando acalmar a ansiedade que o consumia. Ele ainda não sabia para onde iria. As incertezas se amontoavam em sua mente, mas ele sabia que precisava se manter forte. Não apenas por si mesmo, mas por aqueles que contavam com ele, que acreditavam nele.

Izuku saiu do banheiro, encontrando Katsuki de pé do lado de fora. A expressão fechada de Katsuki não escondia a preocupação genuína que ele sentia. Era algo que Izuku conhecia bem, uma mistura de determinação e cuidado que só Katsuki expressava daquela maneira.

Eles teriam que esperar até o médico vir liberá-los, então ambos se aconchegaram na cama de Izuku. O silêncio era confortável e familiar entre eles, permeado apenas pelo som suave do ambiente hospitalar. Katsuki permanecia ao lado de Izuku, sua presença sólida e reconfortante.

Izuku olhou para Katsuki por um momento, os olhos verdes refletindo um misto de gratidão e preocupação. Não precisavam de palavras naquele momento. A proximidade de Katsuki era suficiente para acalmar seu coração, mesmo diante das incertezas que o aguardavam.

Eles continuaram assim por um longo tempo até que a mãe de Katsuki chegou inesperadamente. Ela entrou com uma expressão séria, carregando uma pasta nas mãos.

— Katsuki, Izuku. — ela começou, sua voz suave mas séria. — Tenho algo importante para discutir com vocês dois. — Ela sentou-se ao lado da cama de Izuku, colocando a pasta no colo.

Izuku olhou para Katsuki, com uma mistura de curiosidade e preocupação nos olhos. Katsuki, percebendo a gravidade da situação, assentiu silenciosamente, incentivando sua mãe a continuar.

— A equipe jurídica responsável pelos assuntos de seu tio entrou em contato comigo. — explicou a mãe de Katsuki. — Em seu testamento, foi especificado que, se algo lhe acontecesse, Izuku ficaria sob a guarda de alguém chamado Toshinori Yagi. Você sabe quem é? É alguém em quem você confia?

Os olhos de Izuku se arregalaram de surpresa, sua mente girando com a notícia. — S...Sim. — murmurou, tentando processar a revelação. All Might como seu guardião legal era algo que nunca passara por sua mente.

O Que as Batalhas Fazem Conosco (BakuDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora