Capítulo 27

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Izuku estava sentado na poltrona de sua sala no hospital. Ao seu lado, um suporte de soro móvel o acompanhava, enquanto duas agulhas estavam fincadas em seu braço, uma delas claramente administrando algum tipo de calmante. Ele se sentia sonolento, mas isso era melhor do que a angústia que o dominara mais cedo.

Quando ele perguntou por seu tio, a hesitação no rosto dos outros foi o primeiro sinal de que algo estava terrivelmente errado. O silêncio tenso e os olhares evasivos aumentaram sua ansiedade. Finalmente, ele insistiu até que Katsuki, com relutância, contou a verdade: seu tio estava desaparecido, provavelmente capturado pela Liga dos Vilões.

A notícia caiu sobre ele como uma tonelada de tijolos. O coração de Izuku começou a bater descontroladamente, como se estivesse tentando escapar do peito. Sua respiração tornou-se rápida e superficial, cada fôlego mais difícil do que o anterior. As mãos começaram a tremer incontrolavelmente, e ele sentiu um suor frio cobrir sua pele. Um nó apertado se formou em seu peito, tornando quase impossível respirar, como se o ar tivesse sido sugado do ambiente.

Seus pensamentos estavam em turbilhão, uma confusão de culpa, medo e desespero. Ele mal conseguia pensar, as palavras de Katsuki ecoando em sua mente: "Desaparecido... capturado pela Liga dos Vilões...". O quarto parecia encolher ao seu redor, as paredes se fechando sobre ele. Sentiu uma vertigem intensa, e seu estômago se revirou. Lágrimas começaram a rolar por seu rosto sem que ele pudesse controlá-las.

A sensação de impotência era esmagadora. Como ele pôde estar se divertindo no acampamento enquanto seu tio estava em perigo? A culpa corroía cada fibra do seu ser. Ele queria gritar, queria fazer algo, qualquer coisa para corrigir a situação, mas estava paralisado pelo pânico.

Os médicos entraram rapidamente, administrando um sedativo que começou a fazer efeito quase imediatamente. Quando acordou, ele estava de volta na cama, sentindo-se sonolento e atordoado, mas pelo menos a sensação esmagadora de pânico havia diminuído. No entanto, o peso da solidão e do desespero ainda estava lá, pendente sobre ele como uma nuvem negra. Ele se sentia completamente sozinho, perdido em um mar de emoções dolorosas, incapaz de encontrar uma saída.

Izuku suspirou e olhou para um vaso de flores que estava em cima do criado-mudo. Tia Mitsuki, a mãe de seu namorado, as havia colocado ali quando vieram visitá-lo mais cedo. As flores estavam frescas, vibrantes, um contraste doloroso com a escuridão que ele sentia por dentro.

Ele se perguntava onde Katsuki estava agora. Será que não queria mais vê-lo depois de toda aquela cena? A imagem de Katsuki, preocupado e impotente, enquanto ele próprio estava à mercê de um ataque de pânico, o assombrava. Katsuki, que sempre foi a personificação da força e da determinação, agora o via como alguém frágil e quebrado.

Izuku se sentia muito mal. A culpa pelo desaparecimento do tio o consumia, e a vergonha de ter perdido o controle diante de Katsuki só piorava as coisas. Ele se perguntava se Katsuki o consideraria fraco, se as cicatrizes emocionais que ele carregava eram um fardo grande demais para que eles continuassem juntos. Cada pensamento era uma facada na alma, uma lembrança constante de sua impotência e vulnerabilidade.

Ele apertou o cobertor contra si, tentando encontrar algum conforto na maciez do tecido. Mas a sensação de vazio persistia. O peso da responsabilidade, do fracasso e da incerteza pressionava seu peito. Ele fechou os olhos, desejando que o mundo parasse por um momento, apenas para que ele pudesse respirar sem a dor que parecia envolvê-lo.

Izuku não sabia o que faria depois que se recuperasse completamente. Iria para casa? Seu tio não estaria lá. Ninguém estaria lá. Ele não tinha sua mãe, seu pai nunca se importou com ele, sua avó materna não estava em condições de criar um adolescente, e sua avó paterna provavelmente só falava com ele por causa de seu tio. Ele estava sozinho.

O Que as Batalhas Fazem Conosco (BakuDeku)Onde histórias criam vida. Descubra agora