ESPERA

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Levou um susto. Seu braço estava sendo levemente sacudido. Uma voz longe chamava: “Kris...” Abriu os olhos e foi presenteada com uma visão digna de sonhos. Valentina sorria, com o rosto bem perto do seu. O que eram aqueles olhos verdes e aquele sorriso?

— Oi, dorminhoca... — e o que era aquela voz sussurrando perto dos seus ouvidos?

Subitamente, deu-se conta de que estava deitada na cama dela, vestindo sua jaqueta.

— Oi... Paramos...? Quanto tempo dormi? Que... horas sãããaoooo... — perguntou, tentando inutilmente segurar um bocejo. Pensou que Valentina se afastaria, pois devia estar com um péssimo hálito e, só depois, quando já acabava de bocejar, lembrou-se de cobrir a boca com a mão.

Ao invés disso, a caminhoneira alargou o sorriso e puxou para o lugar, uma mecha de cabelo castanho que lhe caía na testa.

— 9:00 a.m.

— Nossa! Por que me deixou dormir tanto? Por que não me chamou?

Valentina esquadrinhou seu rosto, detendo-se mais na boca.

— Achei que você precisava... — disse por fim, sem dar maior importância ao assunto. — Venha, Kris! Vamos comer alguma coisa. Você pode trocar de roupa no banheiro.

Desceu, sem esperar resposta.

Deitada, a morena espreguiçou-se antes de qualquer outra coisa. Pegou sua mochila, porém, a porta abriu antes que pudesse tocá-la.

Valentina estendia-lhe a mão para ajudá-la a descer.

— Obrigada — agradeceu timidamente, descendo com a ajuda dela e sentindo seu corpo arrepiar com o contato. Era tão bonitinho o jeito com que ela lhe cuidava...

O restaurante estava bastante movimentado.

— O banheiro é ali — Valentina apontou, assim que atravessaram a porta.

— Ok, obrigada.

Aproveitou para lavar mais o rosto e o pescoço, antes de escovar os dentes, parecia-lhe necessário. Colocou uma blusa cinza de mangas curtas e vestiu a jaqueta de Valentina, deixando-a sem fechar dessa vez.

Encontrou Valentina sentada a uma mesa perto das janelas e ela protagonizava uma cena, no mínimo, curiosa. Duas garçonetes conversavam animadamente com ela, parecendo disputarem sua atenção, às gargalhadas e gesticulando muito. Albuquerque sorria.

— Essa é minha amiga, Kris. Kris, essas são Liza e Mara.

A morena não soube quem era quem.

— Oi — ela disse, simplesmente, com um leve sorriso.

As duas deixaram morrer as risadas de antes e se limitaram a lhe fazer um aceno de cabeça, enquanto a examinavam de cima a baixo.

— Eu pedi ovos mexidos com bacon e café para nós. Quer pedir alguma outra coisa?

— Não, obrigada, para mim, está ótimo.

— Então é só isso, meninas. Obrigada!

— Ok, Valentina! — elas disseram em uníssono, sorrindo largamente para ela.

— Voltamos já, já, com seu pedido — disse apenas uma delas. E ambas se afastaram em direção ao balcão.

— Sinceramente, Valentina, ainda não entendi se você come muito ou se está achando que eu como demais — a morena falou séria.

— Não entendi.

— Seu pedido.

— O que tem ele?

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