OS DIAS SEGUINTES

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— Valen, sua mão... — Luiza falou segurando com cuidado a mão direita dela, que estava um pouco inchada e suja de sangue.

— Ah é... vou lavar.

— Eu vou com você.

Acompanhou-a até o lavabo.

— Esse sangue...?

— É dele, não se preocupe.

— Mas Valen, isso está feio...

— Está tudo bem, Luiza, isso acontece quando você usa a mão para castigar seguidamente a cara de alguém — o tom de voz dela era divertido.

— Não dói?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Sabe o que estava doendo? Ficar longe de você, pensando em você nas mãos daquele...

— Shhh... — Luiza encostou um dedo em seus lábios. — Agora não vai doer mais, graças a você.

Valentina a puxou e beijou, um beijo calmo e suave dessa vez, diferente dos que haviam trocado no quarto, quando a caminhoneira chegou de atropelo, salvando-a de selar os destinos dela e de Patrick para sempre.

— Eu amo tanto você, Luiza! Tanto... Ouça... — segurou seu rosto, fitando-a. — Nunca mais, nunca mais faça algo parecido comigo, eu não aguentaria, eu não aguentaria, Luiza! Você entende? Você consegue me entender? Se eu te perdesse, meu amor, seu eu te perdesse, eu não sei como seria, eu não aguentaria! Deu pra entender?

Luiza balançou a cabeça afirmativamente.

— Eu entendi.

Valentina sorriu, relaxando.

— Luiza, Luiza... Com você, a gente nunca sabe o que esperar...

Luiza deu um selinho nela e a puxou pela mão sã.

— Venha, precisamos cuidar desses seus machucados.

Gail encarregou-se de cuidar de Patrick. Ela se movimentava de um lado para outro, pegando a caixa de primeiros socorros, água morna, toalhas e ordenou que Brenda ajudasse, mas esta fez uma "banana" com os braços para ela, revirou os olhos e virou o rosto para o outro lado. O pessoal riu muito com isso.

Foi uma grande confusão quando a polícia chegou. Patrick parecia ter sido atropelado por um trem, tamanho era o inchaço do rosto dele, não pareciam vários lugares inchados, mas apenas um grande inchaço, seu rosto lembrava uma rosca de pão. Ele quis falar com o detetive, porém tornou-se difícil a compreensão do que ele dizia. Ao se concluir que a melhor pessoa para traduzi-lo era Gail, percebeu-se que ela sumira. Vários policiais e amigos de Valentina espalharam-se pela mansão e arredores, à procura dela, contudo, ela evaporara, sem deixar vestígios.

Os homens que vigiavam os empregados desculparam-se muito com Valentina, por esse descuido. Ela respondeu que estava tudo bem, que o importante era que Patrick havia sido pego.

Diante da polícia, Patrick fazia gestos pedindo que lhe dessem caneta e papel e lhe foi providenciado. Ele escreveu que queria dar queixa porque sua casa fora invadida por um bando de marginais liderados por Valentina, a amante de sua esposa, que andava com a cabeça virada, e que fora agredido covardemente por aquela sapatão, enquanto dois homens o seguravam.

Luiza fez questão de esclarecer aos detetives que aquilo era uma grande mentira e contou o verdadeiro motivo de seus amigos precisarem invadir a casa de Patrick: para resgatá-lá. Também falou da primeira esposa dele cujo corpo, provavelmente, estava na mansão abandonada da cidade vizinha.

Os empregados dele foram interrogados. Luiza explicou que Brenda era muda e não sabia libras. Sem a influência de Gail, a acusação de cúmplices pesou, e Lorenzo, o jardineiro, logo concordou em confirmar tudo. O motorista, Eli, seguiu seu exemplo e fez o mesmo.

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