O carro percorria a estrada sinuosa, e elas apreciavam a paisagem da ilha grega, Santorini. De um lado, a montanha, as casas de pedra, do outro, o mar. Ou, melhor, Luiza apreciava porque Valentina admirava o perfil e os movimentos da esposa de encontro à janela do carro.
À porta da suíte, Valentina segurou a mão da morena.
O funcionário colocou as malas delas no quarto e recebeu uma gorjeta, mas elas não entraram. Segurando na mão da esposa, Luiza percebia hesitação e uma leve frustração.
— Está tudo bem — afirmou, carinhosamente.
Valentina a olhou, animada, de repente.
— Suba nas minhas costas!
— O quê? Para quê?
— Para que eu possa carregá-la até a cama, é claro!
— Não...! — a morena arregalou os olhos e deu aquele sorriso engraçado que ela tanto amava. — Eu vou machucar seu braço e você vai me derrubar.
— Anda, Luiza, não vamos discutir, agora! Não vai me machucar, nem eu vou derrubá-la.
A morena hesitou e acabou parando à frente dela. Sem aviso prévio, abaixou-se rapidamente, segurou-lhe as pernas, jogando o corpo dela sobre os ombros, e entrou no quarto.
— Ei, o que está fazendo? — Valentina perguntou rindo.
Luiza andou ofegante até a cama. Elas riam, Valentina mais do que ela.
— Ah, pelos deuses... — dizia a morena, às gargalhadas, no que parecia um longo caminho até a cama. — Você é doida, sabia?
Luiza a colocou, ou melhor, a jogou na cama e Valentina ria muito.
— Aiii...
— Seu braço, amor... Machuquei você?
— Não... — respondeu rindo.
Também às gargalhadas, Luiza voltou e fechou a porta rapidamente, logo retornando e se jogando ao lado dela.
— Deus, o que você andou comendo? Será que na Grécia o seu corpo pesa mais? — a morena, literalmente rolava de rir, sobre a cama.
— Não... acredito... Ah para... — Valentina mal podia falar, de tanto que ria.
O acesso foi cedendo e Valentina puxou a esposa para junto de si.
— Doidinha...
— Sou doida, mas ninguém pode me acusar de não cumprir o velho ritual de carregar minha esposa até a cama na nossa noite de núpcias...
— Não, não pode... — beijou os lábios dela de leve. — Minha esposa... Essas palavras rolam gostosas na minha boca.
Luiza sorriu engraçado.
— Minha esposa... Na minha também.
Fitavam-se. Valentina brincou com uma mecha de cabelos castanhos entre os dedos.
— Eu senti sua falta — disse Valentina.
— Quando?
Valentina se lembrou que não contou para Luiza que sonhou que não conseguia salvar ela do tiro e que Luiza morria nos seus braços.
— Todas... todas as vezes que você ou eu... fomos ao banheiro... sozinhas... durante a viagem.
Luiza fazia carinho no rosto dela e sorriu, revirando os olhos.
— Boba... Valen, você não é real, sabia...?
— Sei disso, mas... Só que não... Eu sou real, Luiza, mais do que nunca, a partir de você. Você me torna real, seu amor me torna real. Sem você eu fico perdida, sem chão, sem sentido, tenho que me reinventar e me torno uma cópia barata de mim mesma.
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Longe daqui
FanfictionPara Valentina Albuquerque, dirigir seu caminhão é sinônimo de liberdade, mas para sobreviver na estrada, um motorista precisa seguir regras. Incluir uma garota linda e misteriosa, em seu caminho, está longe de seguir as mais rígidas regras de sua p...