MAKTUB

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A viagem de Valentina e Luiza e a festa do bolo de Antje só aconteceram depois que as coisas estavam um pouco mais assentadas.

O escritório de Valentina estava pronto, Luiza sentia-se bem, estava divorciada, fazendo terapia e decidindo o que fazer com o dinheiro que o Sr. Randal depositara em sua conta. Ela e a mãe ainda não haviam sentado para conversar, aquele ainda era um assunto que ela tratava na terapia, porém para o qual ainda não estava pronta.

Valentina e Luiza só não tinham ainda saído da casa das amigas, mais especificamente na de Debra que era maior. Preocupada com a sociedade, Valentina deixara a moradia para depois. Agora, sim, estava procurando um apartamento. Luiza também pensava em alugar algo para si, embora Valentina preferisse que elas morassem juntas. Debra e Priscila gostavam de tê-las em casa e pediam que não tivessem pressa.

— Vamos logo resolver isso, assim que tudo estiver resolvido na Fox Transport, Priscila — Valentina explicava à amiga.

— Relaxa, Debra e eu gostamos que estejam com a gente.

— Mas não podemos ficar com vocês a vida inteira, tirando sua liberdade.

— O que não teria cabimento é vocês irem para um hotel, como cogitaram. Além do mais, eu tenho a minha casa e sempre podemos ir pra lá, ou vocês, quando um dos casais quiser mais liberdade.

A ideia de festa de Antje era comida para enterrar um batalhão, bebida para afogar todos os bebedores de cerveja e vodka da cidade e mais gente do que a casa pudesse suportar.

Naturalmente, nem todos os caminhoneiros puderam estar presentes, a vida continuava e, para muitos, o trabalho árduo e contínuo era uma benção, porém, Valentina e Antje fizeram questão de, praticamente parar a empresa mais uma vez, para que todos os seus motoristas participassem. A casa da holandesa tinha um grande espaço externo, havia uma enorme área coberta, aonde foi montado o bar estilo taberna, em que dois barmen serviam a mesa principal com comidas e petiscos típicos de taberna e outras duas mesas menores. Barris de chopp ajudavam a compor o ambiente. Mesas de madeira com toalhas xadrez estavam espalhadas na área descoberta. Havia cartazes de bebida e de anúncio do prato do dia, pendurados por todo o jardim, uma banda tocava músicas que abrangiam gostos variados em um palco, diante do qual se estendia uma pista de dança de tamanho considerável. Em um canto havia pequenas lousas em que as pessoas podiam escrever recados a giz. Antje escreveu: CERVEJA SÓ HOJE POR CONTA DA CASA. O de Priscila dizia: CORAÇÃO DE Valentina: $0,00 ESGOTADO.

Valentina optou por um macacão preto comprido com decote meia taça e cabelos soltos, o mais casual possível. Ela se aprontou mais cedo que Luiza e terminara de se arrumar quando a namorada saiu do banho.

— Hummm... — Luiza fez, mordendo os lábios.

— Hummm?

— Hummm! Você está linda! Estou pensando em coisas indizíveis...

— Hummm... — Valentina estendeu a mão para abrir o robe que ela vestia, no entanto, Luiza foi mais rápida e se desviou de sua mão.

— Eu não disse que seria para agora. Nós não vamos deixar as meninas esperando eternamente.

Quando Luiza apareceu na sala de Debra, Valentina conversava com Priscila, que usava um curto vestido branco.

Valentina ficou paralisada olhando para sua morena. Ela uava um vestido vermelho curto de alças, com detalhes dourados no decote, uma maquiagem que lhe acentuava os olhos castanhos e um batom vermelho que lhe suscitou uma enorme vontade de beijá-la. Os cabelos estavam presos em um coque, alguns fios soltos lhe caíam na testa, emprestando-lhe um ar casual, nos pés um scarpin preto.

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