Estava frio, ainda era madrugada. Como sempre, Valentina deixara o rádio ligado. Luiza pensou que a estrada era uma delícia, naquele horário. Sorriu ponderando que, na verdade, era suspeita sobre isso porque, ao lado de Valentina ao volante do Possante, qualquer horário seria delicioso para ela.
— O que tanto você escreve nesse logbook, mulher?
— Bobagens...
— Não me diga que pretende escrever um livro sobre nossas viagens.
— Deixa eu ver... Você acha que algo como "Minha vida sexual na estrada com Valentina Albuquerque" faria sucesso?
Valentina riu com vontade.
— Acho que não, Luiza. Acho que não.
— Pois eu acho que poderíamos ganhar muito dinheiro.
— Você acha? — Valentina lhe perguntou, ainda rindo.
— Claro! Penso que seria um grande sucesso. Toda lésbica de bom gosto do mundo compraria...
— Não sei se quero fazer propaganda do seu apetite para todas as lésbicas do mundo.
Luiza riu.
— Como é?
— Você me entendeu, Luiza.
— Sinceramente, acho que eu é que deveria me preocupar por elas saberem do seu desempenho.
— Resumindo, acho melhor você desistir desse tema para o seu livro.
— Talvez...
Mais tarde, Valentina parou no estacionamento de um restaurante de beira de estrada.
— Café? — perguntou à Luiza.
— Bem em tempo! Mas achei que tomaríamos café no Possante.
— Você prefere?
— Não. Foi só um comentário.
Valentina aproximou-se dela e lhe deu um beijo, antes de descerem.
Encontraram um amigo de Valentina que saía do restaurante e a quem ela apresentou a noiva. Ele as felicitou e disse que não pudera estar presente devido ao trabalho.
— Eu lhes desejo toda a felicidade do mundo. Se alguém merece é você, Valentina. Graças a você, hoje todos estamos trabalhando direto, eu estou tranquilo com o sustento da minha família, pegando cargas boas, uma atrás da outra, há trabalho para todos.
Ela ficou visivelmente sem graça.
— Na verdade, foi um esforço conjunto, todos nós temos participação nessa conquista.
— Sim, mas precisávamos de alguém para nos liderar, alguém que tivesse pulso e coragem suficiente para enfrentar o Cão Grande, e essa foi você.
Valentina agradeceu rapidamente e se despediram.
Valentina apreciava o café com panquecas e Luiza apreciava a noiva, esquecida da própria bebida, que esfriava. Valentina vestia uma blusa preta de botões e calças de couro da mesma cor com uma jaqueta jeans. Os cabelos soltos e os óculos escuros no alto da cabeça ajudavam a compor sua beleza estonteante àquela hora da manhã.
— O que foi? — perguntou.
Luiza sorriu.
— Eu poderia ser clichê e perguntar se não posso admirar sua beleza. Mas estou também pensando em outras duas coisas.
— Que seriam...? — ela levantou as sobrancelhas, o ar sorridente, embora tenha guardado o sorriso.
— Primeiro, que você me apresentou para o seu amigo como sua noiva, com muito orgulho — Luiza respondeu, após tomar um gole de café.
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Longe daqui
FanfictionPara Valentina Albuquerque, dirigir seu caminhão é sinônimo de liberdade, mas para sobreviver na estrada, um motorista precisa seguir regras. Incluir uma garota linda e misteriosa, em seu caminho, está longe de seguir as mais rígidas regras de sua p...