Passava das 11:00 p.m., quando Valentina parou o Possante no posto de parada seguinte. Ela estava mais calada do que o costume.
Ela pagou um banho que, por sorte, estava vazio, e comeram no caminhão novamente. Dessa vez, Valentina fez questão de que fosse algo saudável. Uma carne magra, salada e frutas.
Luiza pensou que ela estava absolutamente sexy, com um folgado conjunto de moletom vermelho e um rabo de cavalo displicente. Será que em algum instante do dia aquela mulher conseguiria ser menos do que divinamente atraente?
Vestindo uma blusa grossa de botões e um short, Luiza pensou em como era gostosa aquela sensação de conforto e intimidade entre elas, no interior aconchegante do Possante. Gostaria de viver assim para sempre, segura ao lado de Valentina, protegida de todo tipo de mau tempo.
A chuva estava forte lá fora e batia com força nos vidros e no capô. Às vezes, um trovão sacudia a morena em um susto, e Valentina ria dela.
— Você parece uma criança assustada com medo de tempestade. Venha, vamos assistir a um filme!
Guardaram a louça e a mesa e arrumaram a cama. Era a primeira vez que dormiriam no caminhão. Luiza deitou no canto, Valentina acomodou-se na ponta, mantendo uma considerável distância entre as duas.
— Terror, não é?
— Sou mais um suspense, Valentina, mas acho que você está precisando mais de uma comédia escrachada.
— Eu?! Sério? Tem certeza que você não está com medinho?
— Claro que tenho, só acho que os acontecimentos da tarde foram deprimentes o suficiente. Mas se você preferir terror, tudo bem.
— Não — Valentina disse depois de esquadrinhar seu rosto. — Acho que você tem razão, uma comédia escrachada será melhor pra gente rir à toa.
Escolheram uma comédia no Netflix.
— Precisamos de pipoca! — Valentina disse, levantando-se.
— Não precisamos, não, Valentina.
— Precisamos, sim!
Colocou um pacote no microondas e se sentou à beirada da cama para esperar.
Dançando ao som da música que tocava no filme, Valentina despejou a pipoca em uma travessa e se sentou ao seu lado.
— Hum?
Luiza balançou a cabeça em negativa.
— Sabia que você come muito mal? Não sei como consegue manter esse seu corpo lindo!
Valentina fitou-a com uma sobrancelha levantada.
— Quer... Hummm... Quero dizer... Você entendeu, não é...? Eu... Eu por exemplo, prefiro manter minha dieta — falou, tentando consertar as coisas.
Valentina sorriu.
— Eu digo amém à sua dieta, ela tem te feito muito bem! — falou com um sorriso de canto e as sobrancelhas levantadas. Sentou-se e continuou a se concentrar no filme, comendo a pipoca.
Depois de alguns minutos, Luiza sentou-se e meteu a mão na tigela.
— Você tem razão, Valentina, precisamos de pipoca!
Valentina sorriu e seguiram comendo e rindo das bobagens do filme.
— Quer que eu faça mais? — Valentina perguntou quando a pipoca acabou.
— Não, obrigada! Para mim chega.
Valentina esticou um pouco o corpo, a fim de colocar a tigela em cima da geladeira e permaneceu sentada, com as pernas esticadas.
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Longe daqui
FanfictionPara Valentina Albuquerque, dirigir seu caminhão é sinônimo de liberdade, mas para sobreviver na estrada, um motorista precisa seguir regras. Incluir uma garota linda e misteriosa, em seu caminho, está longe de seguir as mais rígidas regras de sua p...