PINGOS NOS IS PARTE I

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Luiza trazia na boca o gosto de Valentina, entretanto, ela ainda queria mais, a despeito da sensação de flutuação pós orgasmo que se apodera dos sentidos. Assim, ela se deixou ficar ali, abraçada às belas pernas da mulher que amava, enquanto seu corpo e sua mente se acalmavam, o cheiro do mel de Valentina invadindo suas narinas. Sentira falta disso, dessa intimidade, de se recompor junto ao corpo dela, após a namorada transportá-la a lugares inimagináveis. Ou vice versa. Ou os dois... Durante aqueles minutos, ela sabia querer ir além e sabia que Valentina estava consciente disso.

Não que Luiza precisasse continuar sempre. O que Valentina lhe proporcionava, fosse um momento extensivo de um jantar romântico, ou uma rapidinha escondida para matar a sede que a saudade deixara nos corpos delas, era sempre delicioso e suficiente, sempre um prazer incomparável a qualquer coisa que ela tivesse vivido anteriormente. Contudo, além de gostar do apetite e disposição de ambas por uma continuidade, com Valentina ela experimentara algo cuja existência, até então, ela ignorava completamente, um prazer que reunia a sensação de muitos prazeres misturados. Era como ter um orgasmo multiplicado por vários, e ela gostava de alcançá-lo. E Valentina gostava que ela o alcançasse...

Vagarosamente, Luiza experimentou a sensação voltar, algo que toma conta dos sentidos, uma corrente pelo corpo, um despertar entre as pernas, um novo líquido que lubrifica a vulva, misturando-se ao que já existe, o mel do prazer de instantes anteriores e os vestígios da saliva. Os seios que se intumescem, o corpo anunciando estar vivo, a mente alerta, todos os sintomas de sono ou cansaço se esvaem.

As belas pernas a que Luiza se agarra fazem parte de um corpo que possui um ímã feito especialmente para atraí-la. É por esse corpo que seu próprio corpo e sua mente estão despertos. Em reflexo, seu corpo quer avisar ao ímã que irá até ele para se unirem. Suas mãos apossam-se daquelas pernas, iniciando um passear sensual por elas. Da mesma forma, seu quadril ganha vida própria, em um remexer libidinoso esfregando-se na pele da outra. Desce mais para sentir a pele do queixo, do colo, a barriga toca os seios da mulher desejada.

— Luizaaaa... — seus ouvidos captam a voz dela sussurrando seu nome, e sua boca se abre em um sorriso safado.

Suas mãos agora abrem as pernas de Valentina. Seus olhos têm uma vista privilegiada.

— Eu quero você, Valentina... — Luiza ouve-se falando, expondo ao ímã, em ondas sonoras, o quanto seu corpo deseja obedecer-lhe.

Sua língua degusta o sabor da parte interna das coxas. Maciez, suavidade. O corpo da mulher é feito desses ingredientes, tão bom tocar o corpo da mulher amada e percebê-lo em toda sua essência.

O corpo de Valentina responde ao de Luiza da mesma forma, no mesmo ritmo. As mãos da caminhoneira passeiam pelo seu corpo, a língua e a ponta do nariz deslizam por sua pele, os ouvidos deliciam-se com os seus gemidos, o olhar a contempla em adoração e voracidade, os quadris rebolam procurando alcançá-la.

Valentina a puxa para se encaixar em seu rosto e a lambe, sugando o gozo que ficara, com o líquido recém vertido. O corpo de Luiza responde rebolando freneticamente, e ela crava as unhas nas coxas de Valentina. A resposta a isso não vem, o sentido da dor está entorpecido pelo prazer de sorvê-la.

Luiza não quer ainda, mas sente uma poderosa onda de prazer chegar ao lugar em que Valentina a toca e apagar sua mente da realidade conhecida, apossando-se de todo seu corpo, que estremece em êxtase. Por instantes, ela perde a realidade de si, é um ser tomado de uma sensação que lhe ausenta. Ao estremecimento segue-se um contrair de entranhas e, em seguida, um relaxar que a traz de volta.

Luiza estava ofegante, sentia seu coração pulsar em várias partes do seu corpo, e ele deveria estar apenas no peito. Ela percebe que Valentina ainda está ali, sua língua ainda se mexe dentro dela.

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