ENIGMA

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— Abaixa esse bastão, garoto!

Luiza conhecia aquela voz.

O golpe não veio, antes veio ela, sua linda morena, mais uma vez livrando-a do perigo.

Abaixou o braço e abriu os olhos para encontrar aquela maravilhosa visão. Valentina em pé, logo atrás do garoto, de arma em punho, pernas levemente abertas para manter o equilíbrio necessário, mirando o rapaz que lhe ameaçava bater.

Ele abaixou o bastão e a morena imediatamente passou pelo grupo, colocando-se atrás de Valentina, sem que ela precisasse chamar-lhe.

Após alguns quarteirões, o coração de Valentina gelou, ao ver Luiza do outro lado da rua, cercada por quatro adolescentes munidos de paus. Sacou sua arma da bolsa e se aproximou devagar para render os marginais e salvar sua morena.

No momento em que um deles erguia o bastão para atingir Luiza, Valentina parou às suas costas, a passos seguros de distância, porém, ao alcance de um tiro. Gritou, ordenando que parasse. Ele se virou e obedeceu, tomando um susto ao lhe ver armada.

— É melhor que todos vocês abaixem seus bastões e caiam fora!

— Calma tia...

— Eu estou calma e vocês estão calmos. Isso é bom porque se todos estivermos calmos, não haverá motivos para o meu dedo ficar nervoso.

— Não se meta nisso, tia! — falou a menina, a única do grupo que não largara o pedaço de pau.

— Você não entendeu, querida, eu mandei todo mundo largar os bastões — agora Valentina apontava a arma para ela.

— É? E o que você vai fazer? Atirar em mim? Atirar em todos nós?

— Se for necessário...

— Para com isso, Mia, não vale a pena!

— Ouça seu amigo, garota! — falou, ainda com ela sob sua mira.

— Vocês são uns covardes! Isso aqui é nosso território, ela não pode nos tirar daqui assim! — vociferou para os rapazes.

— Tá maluca? Ela tem uma arma! — outro garoto se pronunciava.

— E nós temos as nossas! — Ela esbravejou, sacudindo o bastão.

Para a caminhoneira, era óbvio que a adolescente estava com a consciência alterada.

Os amigos começaram a se afastar, deixando os pedaços de pau jogados na calçada. Quando chegaram à esquina, viraram-se e esperaram. Ela ainda hesitou, mas finalmente deu-se por vencida. Olhando Valentina com fúria e desprezo, cuspiu no chão, antes de ir ao encontro dos garotos, levando o bastão consigo.

Finalmente, depois que eles viraram a esquina, Valentina julgou que poderiam ir. Virou e olhou para Luiza, que ficara atrás dela, em silêncio, todo aquele tempo.

— Você está bem? Te machucaram?

Sob a luz do poste próximo a elas, viu os olhos da morena arregalados e observou que estavam mais escuros que o normal. Ela balançou a cabeça duas vezes seguidas, para responder às suas duas perguntas. Afirmativa e negativamente.

— Venha, moça, deixe-me tirá-la daqui — Luiza não pronunciou palavra, nem se mexeu. Valentina pegou em seu braço e a guiou para os lados do motel, ela ia se virando para o outro lado.

— Pra onde? Não é para cá?

— Não, Luiza, é pra lá. Sério, eu quero muito saber o que você tem na cabeça, mas posso deixar para saber depois.

— O que eu tenho na cabeça!? O que quer dizer?

— Vamos andando, falamos depois, agora vamos sair daqui! — puxou-a, segurando em seu braço com mais vigor. Estava ainda mais impaciente com a situação.

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