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AYANNA ROMANOV:

Semanas depois...

Era mais uma noite elegante em Madrid. Jude e eu estávamos no evento, sentados em uma mesa com vista privilegiada. Eu usava um vestido vermelho elegante e maquiagem impecável, enquanto Jude estava em um smoking preto clássico. Jorge, nosso pequeno, estava em um mini smoking que o fazia parecer um verdadeiro príncipe.

Conforme a noite avançava, a sala começou a se encher de rostos familiares. Vinicius Jr. e Rodrygo chegaram e nos cumprimentaram calorosamente, se acomodando em nossa mesa. Logo depois, notei Florian Wirtz entrando no salão. Meu coração acelerou ao vê-lo. Ele deu uma boa noite educada e se sentou na cadeira reservada para ele na nossa mesa. Tentei fingir que não senti nada, mas a tensão no ar era palpável.

— Oi, gente! Que bom ver vocês — disse Vinicius, sempre animado.

— Sim, estávamos ansiosos por essa noite — acrescentou Rodrygo, sorrindo.

Eu mantive um sorriso no rosto, mas por dentro estava um turbilhão de emoções. Wirtz me olhou de soslaio, e eu rapidamente desviei o olhar. Jude percebeu a troca de olhares e seu semblante mudou.

— Quer dar uma volta? — Jude perguntou, se levantando.

— Claro — respondi, tentando esconder o nervosismo.

Nos afastamos da mesa e Jude me levou para um canto mais tranquilo do salão. Ele parecia sério, e eu sabia que algo estava por vir.

— Eu vi a forma como você olha para ele — começou Jude, a voz baixa mas cheia de intensidade. — E como ele olha para você. Sei que você nunca vai olhar assim para mim.

— Jude, não é assim. Eu estou com você, escolhi estar com você — respondi, tentando acalmar a situação.

— Você pode até dizer isso, mas eu vejo a verdade. Você ainda tem sentimentos por ele. É com ele que você deveria estar — continuou ele, seu olhar fixo no meu.

— Eu não posso, Jude. Eu não posso fazer isso — minha voz saiu trêmula, sentindo a verdade nas palavras dele.

Me inclinei para beijá-lo, tentando reafirmar meu compromisso, mas Jude se afastou suavemente, segurando meus ombros.

— Não faça isso com você mesma. E não faça isso com a gente — disse ele, sua voz cheia de dor.

Engoli em seco, as lágrimas ameaçando cair. Voltamos para a mesa, onde Vinicius e Rodrygo estavam rindo e conversando. Tentei me concentrar na conversa, mas meu coração estava em outro lugar.

— Tudo bem com vocês? — perguntou Vinicius, notando nossa expressão tensa.

— Sim, só uma conversa rápida — respondi, forçando um sorriso.

Wirtz olhou para mim novamente, seus olhos carregando uma mistura de sentimentos. Eu sabia que a situação era complicada, mas precisava ser forte por minha família.

— O que vocês acham do jogo de amanhã? — perguntei, tentando mudar o assunto e aliviar a tensão.

— Vai ser difícil, mas estamos preparados — disse Rodrygo, empolgado.

— Concordo, estamos prontos para dar nosso melhor — acrescentou Vinicius.

A noite continuou com risos e conversas, mas a tensão entre Jude e eu não diminuiu. Sabia que precisava enfrentar meus sentimentos e tomar uma decisão. A vida estava me empurrando para um confronto inevitável, e eu só esperava ter a força para fazer a escolha certa para todos nós.

No final do evento, Jude e eu fomos para casa em silêncio. Ele segurou minha mão durante todo o caminho, mas o peso das palavras não ditas estava entre nós. Quando chegamos em casa, coloquei Jorge na cama e me sentei ao lado de Jude no sofá.

— Precisamos conversar de verdade, sem fugir dos sentimentos — disse ele, olhando para mim com seriedade.

— Eu sei. Prometo que vamos resolver isso, juntos — respondi, segurando a mão dele firmemente.

Enquanto nos abraçávamos, senti que o caminho à frente seria difícil, mas estava determinada a encontrar uma maneira de reconciliar meus sentimentos e a vida que estávamos tentando construir.

Jude e eu ficamos em silêncio no sofá por um tempo, segurando as mãos, sentindo o peso das palavras que precisavam ser ditas. Ele olhou para mim, seus olhos cheios de tristeza e determinação.

— Você sabe que eu te amo, não sabe? — começou Jude, a voz baixa e cheia de emoção.

— Eu sei, Jude. E eu te amo também — respondi, tentando segurar as lágrimas.

— Mas não do jeito que você ama ele. Eu vejo isso. Não posso ignorar mais — ele disse, a voz quebrando.

— Jude, eu... — comecei, mas ele me interrompeu, colocando um dedo nos meus lábios suavemente.

— Não, deixa eu falar — ele pediu, e eu assenti.

— Eu tentei, tentei com todas as minhas forças. Eu queria tanto que funcionasse entre nós, queria ser a pessoa que faria você esquecer o passado e seguir em frente. Mas toda vez que você olha para ele, eu vejo a diferença. Vejo a intensidade, o amor verdadeiro que você sente. Não é justo para nenhum de nós viver assim — ele disse, a dor evidente em seus olhos.

— Jude, não é tão simples. Nós temos uma família, temos o Jorge — eu disse, sentindo o desespero crescer.

— Eu sei. E isso torna tudo ainda mais difícil. Mas eu não quero que você viva uma mentira. Não quero que nosso filho cresça vendo isso, sentindo isso — ele respondeu, segurando minha mão com força.

— Mas eu te escolhi, Jude. Eu escolhi nossa família — insisti, as lágrimas finalmente escorrendo pelo meu rosto.

— Eu sei que você tentou, e eu te agradeço por isso. Mas não posso ser a segunda escolha, não posso ser a pessoa que você fica porque acha que deve, e não porque quer de verdade — ele disse, a voz suave, mas firme.

— Eu não queria te magoar. Nunca quis isso — sussurrei, o coração doendo.

— Eu sei. E é por isso que estou abrindo mão. Porque eu te amo demais para te manter presa a algo que não te faz feliz de verdade. E também me amo o suficiente para saber que mereço alguém que me ame da mesma forma — ele disse, acariciando meu rosto.

— Jude, por favor... — comecei, mas ele balançou a cabeça.

— Vai ficar tudo bem. Vamos encontrar um jeito de fazer isso funcionar, pelo Jorge. Mas você precisa ser honesta consigo mesma. E eu preciso seguir em frente, assim como você — ele disse, me puxando para um abraço apertado.

Nos abraçamos por um longo tempo, ambos chorando. Sabia que ele estava certo. Era hora de enfrentar a verdade, por mais dolorosa que fosse.

— Eu nunca vou esquecer o que tivemos, o que você significou para mim. E sempre vou estar aqui para o Jorge, para você, se precisar — ele disse, se afastando um pouco para me olhar nos olhos.

— Eu também nunca vou esquecer. E sou grata por tudo, Jude. De verdade — respondi, segurando sua mão.

Nos levantamos e caminhamos juntos até o quarto de Jorge, observando-o dormir pacificamente. Sabia que a partir daquele momento, nossa vida mudaria, mas esperava que fosse para melhor, para todos nós. E enquanto observava meu filho, senti uma nova força surgindo dentro de mim, pronta para enfrentar o que viesse a seguir.

Destinados || Florian WirtzOnde histórias criam vida. Descubra agora