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Acordei na manhã seguinte com a luz suave do sol filtrando pela cortina do quarto. A presença de Jude ainda estava ali, e a sensação de estar na mesma cama me trouxe um misto de conforto e confusão. Enquanto ele dormia tranquilamente, eu me levantei com cuidado, tentando não fazer barulho. A última noite havia sido cheia de emoções e despedidas que pareciam difíceis de processar.

Decidi que precisava me organizar, então fui até o banheiro, tomei um banho rápido e me arrumei. Olhei-me no espelho, tentando encontrar um pouco de coragem no reflexo. Sabia que estava prestes a embarcar em uma nova fase, mas a incerteza sobre o que significava tudo isso me deixou inquieta.

Depois de me arrumar, fui até o quarto de Jorge. Ele estava dormindo tranquilamente, e não consegui evitar um sorriso ao vê-lo assim. Voltei ao meu quarto para pegar minhas coisas e, quando cheguei, Jude estava saindo do banho, com o cabelo ainda molhado e uma toalha ao redor da cintura. Ele estava tão lindo que meu coração acelerou.

— Bom dia, — eu disse, tentando agir normalmente.

— Bom dia, — ele respondeu, e um sorriso brotou em seu rosto. — O que você está fazendo já acordada?

— Arrumando as malas. Preciso pegar o voo, — respondi, sentindo uma pontada de tristeza ao perceber que estava indo embora novamente.

Fui em direção a ele e, sem pensar duas vezes, o abracei. Jude puxou-me para perto, e o abraço se transformou em um beijo suave e prolongado. Era como se quiséssemos nos agarrar um ao outro, como se soubéssemos que aquela poderia ser a última vez por um bom tempo.

— Não se esqueça de mim, — murmurei, tentando manter a voz firme, mas a emoção transbordava.

— Nunca. — Ele olhou nos meus olhos com intensidade. — Isso é uma promessa.

Depois de nos despedirmos, deixei a casa, já sentindo saudade. O caminho até o aeroporto foi uma mistura de lembranças e expectativas. O check-in foi rápido, e logo estava novamente na Alemanha, sozinha em um hotel que parecia frio e impessoal. Eu mal tinha tempo para me ajustar ao novo lugar, pois o compromisso com a entrevista de Xabi estava à frente da minha mente.

Na manhã seguinte, enquanto caminhava pelo centro de treinamento do Bayer, sentia o nervosismo na barriga. A entrevista com Xabi havia sido um sucesso, mas, mesmo assim, não conseguia ignorar a agitação que crescia em mim a cada passo. Cada esquina, cada corredor parecia estar carregado de memórias, e o peso do passado começou a se manifestar quando, de repente, dei de cara com Wirtz.

Meu coração parou por um instante. Ele estava ali, tão próximo, e a mistura de sentimentos me atingiu como um soco no estômago. Wirtz parecia mais maduro, mas seus olhos ainda carregavam aquele brilho que me era familiar.

— Oi, — ele disse, seu tom casual não conseguindo esconder a tensão no ar. — Podemos conversar? Eu estou morando sozinho agora e acho que precisamos esclarecer algumas coisas.

Eu hesitei. O que ele queria dizer? A última vez que nos vimos, a situação havia sido complicada e cheia de sentimentos mal resolvidos. Mesmo assim, a curiosidade me venceu.

— Tudo bem, — respondi, tentando parecer despreocupada. — Vamos lá.

Ele me conduziu até sua casa, que ficava a poucos minutos do centro de treinamento. O caminho era silencioso, mas repleto de palavras não ditas, de sentimentos que estavam à flor da pele. Assim que entramos, ele me ofereceu água, mas eu recusei. O clima estava pesado.

— Eu não quero mentir para você sobre o que aconteceu com a Clara, — ele começou, olhando diretamente nos meus olhos. — O que eu tive com ela foi passageiro. Não é algo de que eu me orgulhe, mas também não queria que isso viesse à tona. Não quero que você pense que isso teve algum peso sobre nós.

Destinados || Florian WirtzOnde histórias criam vida. Descubra agora