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AYANNA ROMANOV:

Entrei em casa e a cena me arrancou um sorriso breve: Jude com Jorge no colo, enquanto Vini Jr. e Rodrygo estavam profundamente concentrados no vídeo game. A felicidade deles era contagiante, mas assim que olharam para mim, a alegria deles se dissipou. Meu rosto denunciava tudo, mesmo sem eu ter dito uma palavra.

— Tá tudo bem? — Jude perguntou, erguendo uma sobrancelha, preocupado.

— Sim, tudo certo. — Forcei um sorriso, mas a verdade estava mais evidente do que eu queria admitir.

Vini Jr., sempre animado, puxou o celular e tirou uma selfie comigo. — Vai pro story, hein! — ele avisou, já mexendo no celular.

— Só não me marca — brinquei, tentando manter o tom leve. Mas a verdade é que, por dentro, minha mente estava em outro lugar.

— Que tal pizza? — Rodrygo sugeriu, já largando o controle do vídeo game. — Só pra levantar o astral.

Vini fez coro. — Bora, bora! Vou pedir!

Jude olhou pra mim, segurando Jorge mais firme no colo. — Tem certeza de que tá tudo bem? Você parece meio distante.

Assenti com a cabeça, evitando aprofundar a conversa. — É só cansaço, Jude. Nada demais.

Ele se aproximou, me puxando para perto. — Sabe que tô aqui, né? Não importa o que seja.

— Eu sei. — Apertei sua mão rapidamente, sentindo o peso das últimas semanas me puxando para baixo. E mesmo cercada pelos meus amigos e família, parecia que uma parte de mim ainda estava presa em outro lugar.

Os meninos já estavam na cozinha, escolhendo os sabores da pizza, e eu só conseguia pensar em como ia organizar tudo na minha cabeça.

Jorge já estava entregue ao sono profundo no colo de Jude. A cena era de uma tranquilidade que parecia intocável, mas dentro de mim, havia uma tempestade se formando. Jude me fez um sinal com a cabeça, e juntos fomos levar Jorge para o quarto dele. O quarto tinha aquele ar de pureza, com brinquedos espalhados e a luz fraca vindo do abajur. Jude ajeitou nosso filho na cama com o cuidado de quem sabe que está lidando com algo precioso. O pequeno respirava devagar, alheio a toda a confusão que me cercava.

Quando voltamos para a sala, Jude me olhou de maneira séria, mas sem pressão. Ele sabia que algo estava errado, que o sorriso forçado de antes era só uma fachada.

— Agora você vai me contar o que tá rolando, né? — ele disse, cruzando os braços e me observando com atenção.

Respirei fundo, sabendo que não tinha mais como fugir. Jude era alguém que me conhecia bem demais para eu tentar esconder qualquer coisa.

— Eu... Fui embora da Alemanha, Jude. Eu terminei tudo com o Wirtz — soltei de uma vez, como se a frase pudesse me libertar do peso que carregava.

— O que aconteceu? — ele perguntou, puxando uma cadeira para sentar à minha frente. — Vocês pareciam estar indo bem.

— Parecia, né? — suspirei, sentando no sofá. — Mas não dava mais. Eu encontrei uns papéis no quarto dele... Um contrato de relacionamento com a Clara. Tinha até uma data de casamento marcada.

Jude franziu a testa, confuso. — Como assim, um contrato? Que tipo de coisa é essa?

— Eu não sei... mas estava lá, assinado pelos dois. E ela tá grávida, Jude. O teste deu positivo. Eu sabia que seria difícil, mas isso foi demais pra mim. Eu simplesmente não consigo lidar com essa situação. Então, eu fiz as malas e fui embora.

Destinados || Florian WirtzOnde histórias criam vida. Descubra agora