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AYANNA ROMANOV:

Um ano depois, tudo havia mudado – ou talvez fosse eu que tivesse mudado. Eu sentia na pele o peso das escolhas, mas também o alívio de seguir em frente. A decepção com Wirtz já não doía tanto, tinha se tornado um ponto de virada. Assim como a separação de Jude, que no início parecia um abismo sem fundo, agora era apenas mais uma parte da minha história, um capítulo encerrado. Eu havia crescido, amadurecido, e aprendido mais sobre o que realmente queria para minha vida. Nada disso foi fácil, mas o tempo foi meu melhor aliado.

A vida não parou. Na verdade, ela correu. Jude seguia em um novo relacionamento, algo que, surpreendentemente, não me incomodava mais. Eu também estava vivendo meus momentos, mas nada sério. Alguns affairs, sempre discretos e sigilosos, porque, no fim das contas, eu queria aproveitar a liberdade, sem a pressão de rotular qualquer coisa. Valentina e Vini Jr. estavam apaixonados, vivendo um romance intenso, e ver o sorriso no rosto da minha melhor amiga me trazia uma felicidade genuína. Ela merecia isso.

Aquele dia era importante. Eu estava no estúdio da ESPN, pronta para entrevistar ninguém menos que Raphinha, um dos destaques brasileiros do Barcelona. Estava me sentindo mais confiante do que nunca. Um blazer branco que moldava minha postura, cabelos escorridos e uma maquiagem leve, mas impactante, me davam uma aura de poder que eu não sabia que tinha um ano atrás. Meu crescimento profissional também foi significativo – de repórter de campo a apresentadora de entrevistas de grandes nomes do futebol internacional.

Raphinha entrou no estúdio com o carisma típico dos brasileiros. O sorriso fácil, o jeito descontraído e a energia vibrante preenchiam o ambiente. Ele já era uma estrela, mas ainda assim mantinha os pés no chão, algo que eu admirava.

— E aí, Raphinha, tudo certo? — perguntei, enquanto a equipe ajustava as câmeras.

— Tudo certo, Ayanna! Que honra estar aqui com você.

— A honra é toda minha — sorri. — Vamos falar de futebol, claro, mas também de você, de quem é o Raphinha além das quatro linhas.

A conversa começou, fluindo de maneira leve, mas profunda. Eu tinha feito minha lição de casa, sabia sobre suas conquistas, sobre sua vida pessoal e os desafios que ele enfrentava. À medida que a entrevista avançava, percebia o quanto tinha me tornado mais confiante em meu trabalho. Minha capacidade de ouvir e, ao mesmo tempo, conduzir a entrevista de forma assertiva era fruto da minha experiência. Tinha me reconstruído, e agora estava mais forte.

— O Barcelona é um dos maiores clubes do mundo. Como é jogar com essa responsabilidade, Raphinha? — perguntei, enquanto ajustava minhas anotações.

— Cara, é um sonho, sabe? Desde moleque, eu via o Barça na TV e ficava sonhando. Agora estar aqui, vestindo essa camisa, é surreal. Mas também tem muita pressão, né? A torcida cobra, o time cobra... a gente tem que estar sempre no nosso melhor.

— E você está no seu melhor? — eu quis saber, olhando diretamente para ele, enquanto as câmeras focavam em nós.

— Acho que sim. Tenho trabalhado muito, me dedicado, e os resultados estão aparecendo. Mas no futebol, a gente nunca pode relaxar. Sempre tem que querer mais.

Eu sorria, sentindo orgulho não apenas pela jornada dele, mas pela minha também. Havia algo em comum entre nós – a determinação em seguir em frente, mesmo quando tudo parecia desmoronar.

— E fora de campo? Quem é o Raphinha? — soltei a pergunta que ele não esperava, mas que o fez rir.

— Ah, fora de campo eu sou o cara tranquilo, família. Gosto de ficar com a minha mulher, meus amigos. Sou muito ligado às minhas raízes, nunca esqueço de onde vim. Isso me mantém com os pés no chão.

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⏰ Última atualização: Oct 22 ⏰

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Destinados || Florian WirtzOnde histórias criam vida. Descubra agora