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AYANNA ROMANOV:

Era um dia de jogo, e a atmosfera no estádio do Bayer estava eletricamente carregada. A adrenalina pulsava enquanto eu me arrumava, pensando na importância daquele dia. Eu estava lá para cobrir o jogo, mas sabia que a situação entre mim, Wirtz e Clara ainda estava instável, e isso me deixava inquieta.

Quando cheguei ao estádio, o cheiro do campo recém-cortado misturava-se ao som distante da torcida animada. Fui diretamente para o vestiário, onde a equipe estava na pré-concentração. Cumprimentei todos com um sorriso forçado, tentando esconder o turbilhão de emoções que se passava por dentro de mim.

A equipe estava se preparando, trocando ideias, fazendo piadas e se aquecendo para o jogo. O clima era leve, mas eu não conseguia me sentir parte disso. Então, o que aconteceu a seguir me pegou totalmente de surpresa.

Clara entrou de forma triunfante, segurando uma camisa do Bayer em tamanho bebê. O estômago se revirou quando percebi que era uma camiseta escrita "Baby Wirtz". O vestiário ficou em silêncio, e as expressões dos jogadores foram uma mistura de surpresa e constrangimento.

— Olhem o que eu trouxe! — Clara exclamou, quase radiante, enquanto entregava a camisa a Wirtz, que ficou paralisado por um instante, claramente sem saber como reagir.

Os jogadores começaram a aplaudir, alguns gritando parabéns, mas a alegria parecia forçada. Eu sentia como se o chão tivesse se aberto sob meus pés. Como ela teve coragem de fazer isso na minha frente? Clara se comportava como se eu não estivesse ali, ignorando completamente minha presença. O clima ficou tenso, e eu me afastei um pouco, tentando me esconder entre as sombras do vestiário.

Wirtz tentava sorrir, mas seus olhos traíam um misto de confusão e desconforto. Clara, completamente alheia ao que estava acontecendo, continuou a se exibir, como se estivesse anunciando a conquista de um troféu.

— Vocês são todos parte disso agora — ela declarou, como se estivesse contando a novidade mais empolgante do mundo. — Estou tão feliz que nosso bebê será um verdadeiro Bayer!

Os jogadores riram, mas era uma risada nervosa. A conversa tomou um rumo estranho, e o que deveria ser um momento de celebração se transformou em uma situação desconfortável para todos nós. Clara saiu do vestiário, ansiosa para se dirigir à imprensa e fazer o anúncio oficial. Eu sabia que isso iria explodir na mídia, e eu seria a pessoa que teria que lidar com isso.

A adrenalina do jogo começou a se misturar com a angústia. Eu precisava me concentrar, mas a situação com Clara e o bebê pairava sobre mim como uma nuvem escura. Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos confusos.

— Ei, Ayanna! — gritou um dos jogadores, me puxando de volta à realidade. — Está pronta para o jogo?

— Sim, claro! — respondi, tentando injetar entusiasmo na minha voz. — Vamos lá, fazer isso!

A equipe se posicionou para o jogo, e a torcida começou a gritar. Mas, enquanto a partida começava e o jogo seguia, minha mente ainda estava presa no que acabara de acontecer. Era como se a vida estivesse dividida em dois: a excitação do jogo e o drama pessoal que parecia cada vez mais intenso.

Conforme o jogo avançava, a energia da torcida era contagiante, mas eu estava em um lugar completamente diferente. Wirtz estava em campo, jogando com uma intensidade que eu nunca havia visto antes. Era como se ele estivesse canalizando toda a confusão e a tensão em cada drible e cada chute.

Os torcedores vibravam a cada jogada, e eu tentava focar na gravação, capturando cada momento, mas Clara estava sempre lá, flutuando na minha mente, com seu anúncio em letras garrafais. Eu me perguntei como Wirtz estava lidando com tudo isso, se ele realmente queria ser pai e como a sua vida mudaria com essa nova responsabilidade.

Destinados || Florian WirtzOnde histórias criam vida. Descubra agora