afterglow

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MARATONA 2/4

PITEL'S POV

Estava na hora de voltar a vida real depois de uns dias de folga de tudo, havia passado os últimos três dias sem mal sair do quarto. Mal sair da cama, na verdade.

Não me lembrava mais do quanto ficar noiva era capaz de despertar um fogo enorme em um casal mas algo na futura palavra a ser usada, "esposa" , era muito sexy. Me sinto tão feliz que não parece real.

Hoje era o dia de escolher quais das inúmeras fotos tiradas no ensaio seriam as selecionadas, Fernanda havia me perguntado se podia participar deste processo também e eu concordei, antes de toda aquela cena do natal, claro.

O que leva até outro ponto, eu não tinha visto mais a mulher desde então e ela não sabia do meu noivado. Nossa última interação foi ela me entregando sua lingerie preta, que por sinal, decido levar comigo.

Ligo o carro e vou em direção a agência, mas quando chego lá paro um pouco antes de sair do veículo e adentrar o prédio.

Retiro a aliança.

Apesar de não dever de fato nenhum tipo de explicação para minha ex, acho uma atitude melhor contar a ela do que apenas deixá-la ver o anel em meu dedo, isso se a esposa dela não tiver contado antes já que pelo visto minha noiva resolveu chamá-la para ser madrinha.

Entro na sala e, surpreendentemente, ela já estava lá. Sinto vontade de brincar com ela perguntando se estava tão ansiosa para ver as fotos ao ponto de chegar antes do horário combinado mas não sei se devo devido às condições de nosso último encontro, apesar da mulher parecer estar com um humor maravilhoso bebendo seu café e sorrindo sozinha.

- Dormiu com um unicórnio? - pergunto.

- O que te faz já estar incomodada com a felicidade alheia antes mesmo da primeira semana do ano acabar?

- Não estou incomodada, só não é muito comum a esta hora do dia em você. - dou ênfase no "você" e ela volta a ficar em silêncio.

Começo a ligar o computador e abro a bolsa para pegar o pen drive com as fotos e vejo a calcinha alí.

Ok. Como irei dizer "Vou me casar" sem iso soar estranho?

Apenas dizendo, fodase.

Giro na cadeira me virando em sua direção e chego a abrir a boca para falar mas alguém entra na sala com algo na mão e entrega a ela.

- Alane pediu para que te entregassem. - diz e só consigo notar o que era quando a mulher sai da frente e se retira da sala.

Sapatos minúsculos brancos de crochê para bebês.

Sapatos. De bebês.

Fernanda sorria como uma idiota olhando para a porra dos sapatos.

Tudo parece se encaixar, o sumiço dela, as páginas falando sobre a perda do bebê, mas o furo na história era o terraço.

- Você mentiu pra mim. - falo num sussurro.

- O quê? - se direciona a mim com o sorriso idiota ainda no rosto.

- Você me disse que não tinha perdido bebê nenhum e não tinha estado grávida. - digo firme e completamente audível.

- E é verdade.

- Ainda tem coragem de mentir mesmo eu vendo isso na sua mão? - ela olha pra a própria mão e revira os olhos.

- Não te devo satisfação nenhuma, garota.

Rio incrédula, é óbvio que não deve. E eu aqui igual uma idiota tirando minha aliança e pensando em uma maneira melhor de contar a ela que estou noiva, chega a ser cômico quando ela vem esse tempo todo mentindo sobre estar tentando engravidar. Mas, por qual motivo mentir sobre isso?

My Ex Wife.Onde histórias criam vida. Descubra agora