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MARATONA 4/4

Notas da autora

Me perdoem pelo atraso😭, falei sexta e acabou que quem saiu sábado e não conseguiu terminar o cap fui eu

FERNANDA'S POV

O dia da viagem estava um tanto cinza mas não chovia, como se os céus soubessem da ida de Alane para o exterior e ficassem tristes por sua partida, mas, contentes o suficiente para não chorarem e nos abraçavam saudosamente com uma leve brisa que passava tímida por nossos cabelos ao chegar perto das janelas.

Eu a observava vez ou outra enquanto arrastava suas enormes malas do quarto para o guarda-corpo da escada da nossa casa; Alane tinha Laura em seu colo e a penteava lentamente, enquanto tentava fazer com que ela comesse um pouco do café da manhã que ela mesma havia feito questão de preparar para a menina.

O interfone tocou assim que terminei de empurrar a última mala para o patamar da escada. Senti meu coração pesar, pois atrás daquela porta de madeira estava parte de sua equipe; eles reiteraram o inevitável que estava para acontecer: Alane estava mesmo indo para outro país e me deixando só por 10 dias.

- Eles chegaram. - digo tentando disfarçar minha tristeza e saudade antecipada, mas ela me conhece bem demais.

- Por favor, não me olhe assim. Estou quase desistindo destes desfiles. - me abraça e beija o topo de minha cabeça.

- Não, por favor, vá. Vou acompanhar tudo e me encher de orgulho a cada vez que te ver pisando na passarela. - deposito um beijo em sua bochecha e me afasto indo até o quarto de meu filho para chamá-lo para descer.

Num estalo, ouvi Alane, Laura e o produtor da mais nova descerem as escadas para irmos até o aeroporto. Nossa filha estava presunçosamente vestida igual a mãe, com as roupas no mesmo estilo porém um tanto mais coloridas, refletindo a personalidade vibrante dela.

Alane por sua vez equilibrava nas mãos o celular, alguns documentos e a mochila - que posteriormente eu levaria para a casa da avó de Laura - enquanto a carregava no colo e a própria mochila de viagem nos ombros.

Celo não parecia entender realmente o que estava acontecendo, apesar de eu ter explicado a ele para que não estranhasse a ausência da madrasta posteriormente, estava um pouco alheio a atmosfera melancólica que pairava sob nós e por um lado, agradeço por isso. Ele não se dá bem com despedidas.

Entramos os quatro em um carro e a parte da equipe que a acompanharia na viagem nos segue em outro. O carro estava em silêncio, meu filho jogava em seu videogame enquanto a irmã estava emburrada, com os braços cruzados, sobrancelhas franzidas e um leve bico se formando em sua boca.

Meu coração dói ao olhá-la, apesar do irmão estar acostumado a estar uma semana com cada mãe, a pequena estava sempre com ambas. Quando era um bebê não entendia muito bem, mas desde que tinha idade o suficiente para compreender os dias longes e a saudade, passamos a programar as viagens a trabalho sempre de alguma forma que pudéssemos ir juntas.

Mas agora tenho obrigações aqui, e minha esposa lá. Eu não poderia ir para estar com a menina enquanto a mãe estivesse ocupada e uma babá não seria uma solução já que a pequena acabaria longe de uma das duas de qualquer forma.

- O que você acha de gêmeos? - pergunto a minha esposa que me olha confusa. -Não quero que ela seja a do meio. - não cito seu nome para a pequena não perceber que era o assunto da conversa, mas Alane entende, entende tanto que me olha solidária.

- Amor, nós não somos os seus pais.

Não vamos deixá-la se sentir sozinha, não vamos agir como se nossa filha não existisse, não vamos brigar todos os dias ao ponto de ela fugir para o terraço da faculdade e não darmos nem falta. É o que ela quis dizer, provavelmente.

My Ex Wife.Onde histórias criam vida. Descubra agora