Capítulo17

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     Sentada na janela do quanto de minha mãe, lia um livro empoeirado. Um livro que encontrei em sua estante, cheio de marcações. Minha mãe era uma leitora fervorosa em sua juventude. Passo a amanhã lendo, até ser interrompida pela porta. Aemond passa por ela, me fazendo sentir raiva de novo.

— As servas me disseram que estava aqui. — Aemond diz analisando o quarto de minha mãe — Soube de seu surto. Sério? Colocou fogo em uma biblioteca?

     A voz dele me faz ferver. Lembro da visão nojenta que tive na noite passada. Desço da janela e me viro, não queria ver o rosto dele.

— Daremos um passeio pela cidade. — Ele anuncia — Minha mãe e eu planejamos uma exibição... admirável.

— Agora? — Pergunto.

— Sim, agora.

      Passo por ele evitando olha seu rosto, e vou à porta — Vamos. — Digo saindo.

Aemond e eu vamos até a carruagem que nos aguardava, me pergunto exibição "admirável" será apresentada. A carruagem anda pelas ruas de King Landing envolta por guardas, consigo ver o povo reunido, uma multidão entorno das ruas. Estou pronta para questionar Aemond, sobre a tal exibição mas, vou interrompida por uma freada. A multidão se espalha abrindo caminho para a atração principal... que era a cabeça de Meleys sendo carregada por no mínimo vinte homens. O meu coração para, como meus pulmões. O meu corpo não funcionava, não como deveria. Eu desligo de novo. A carruagem volta a andar, agora com a cabeça de Meleys sendo carregada em nossa frente.

— Hoje é um dia de comemoração, celebraremos a nossa vitória e morte de um dragão. — Aemond diz ao meu lado, o tom dele é animado ele chega até aplaudir como o povo em nossa volta.

O meu coração vai acelerando aos poucos, e o ar se torna pouco para mim. Meus olhos estavam presos a cabeça de Meleys, era agonizante.

— Aemond, por favor me tire daqui. — Digo tentando levar, juro que sou capaz de saltar dessa carruagem para não ter que continuar vendo isso.

Aemond ri. Eu tanto me por de pé, mas o braço de Aemond me cerca limitando até meus movimentos.

— Aemond, não... — Digo socando e arranhando seu braço — Por favor!!

Eu grito de tanto desespero, sinto que posso morrer se continuar ali. Eu queria sair, eu não queria ver. Enquanto eu me debatia e gritava Aemond ria, ele mantém um sorriso ácido no rosto, e seu olha se saboreia me assistido agonizar.

— Por favor! Por favor!

Eu implorei durante todo a exibição para ir embora, mas Aemond me mantéu lá, sentada e assistindo até o fim. Quando voltamos para o castelo eu ainda conseguia ver a cabeça de Meleys sendo carregada em minha frente. Desço da carruagem, e vejo Tily, ela corre na direção Aemond assim que o vê, os dois se beijam em minha frente, como se eu não fosse ninguém. Ainda por cima Tily vestia o vestido azul meio ciano. Vadia traidora.

Vou até ela e rasgo a porra do vestido antes que alguém pudesse me impedir, deixo a mostra os seios dela rasgando o decote.

— Você já rasgou um dos meus vestidos. — Digo olhando para Aemond que parecia se divertir com a situação.

Dou as costas indo para o meu quarto. Aemond estava me punido, me punido por querer ser livre, me punindo por ter "mentido" para ele. Maldito estúpido. Egoísta! Egoísta! Ele insiste em quebra o meu coração não acreditando no meu amor. Ele é um monstro cruel que consegue me machucar mesmo me amado. Ele ainda me ama? Não tem como deixar de amar alguém em menos de uma semana, prefiro acreditar que pelo menos alguém nesse castelo tem carinho por mim, por mais que esse carinho não seja relevante em seu julgamento.

O meu quarto ainda estava uma bagunça, reforma-lo não é tão urgente quanto os outros cômodos. Me ajoelho perante a mesa de café, um dos poucos móveis intactos, e oro perante meu altar — Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. Desculpe. — Peço freneticamente a minha vó, é a única coisa que consigo dizer sem chorar.

Depois de uma hora sentada sobre meus calcanhares com meus joelhos ao chão, me levanto.

Se Aemond quer começar outra guerra, pois bem, assim será.

Vou para o quarto de minha mãe terminar de ler o livro. Sentada na janela devorando as páginas do livro, sou interrompida pelas servas que traziam meu almoço, junto da servas estava Tily, que parecia furiosa.

Desço da janela assim que percebo Tily se aproximam.

— Se fizer aquilo de novo oque fez eu...

— Você oque? — A interrompo.

— Me esforcei muito para suportar você, para aguentar as suas reclamações e drama! Você não sabe o quanto me segurei para não te estapear sempre que desrespeitava meu príncipe. — Tily começa me arrancando risadas.

— Seu príncipe? — Debocho.

— Te suportei como o príncipe ordenou, mas agora você perdeu a única pessoa que zelava por você, está sozinha no matadouro! Maldita... — Tily continua.

— Não pode tratá-la assim, Tily. — Uma das servas a interrompe — É a nossa princesa.

— Não se intrometa! — Tily grita dando sua atenção a serva.

Assim que os olhos assustadores de Tily se voltam para mim, me afrontando, a tapeio.

— Deveria segurar a língua. — Digo cruzando os braços — Meu título de princesa não vem de Aemond. — Digo.

Tily cobre o rosto e sai. As servas também saem me deixando sozinha.

Passo a tarde deitada, meus pensamentos eram pesados demais para que eu os suportasse em pé. As palavras de Tily ecoavam por minha mente fazendo buracos profundos nela, talvez Tily tenha razão, talvez Aemond não me amava mais.

Aemond não me ama mais?

"Eu deixei de ser o amor da vida, do amor da minha vida"

A porta se abre mais uma vez, era a serva que me defendeu mais cedo, ela carregava meu café da tarde.

— Desculpe a demora, o preparativos para o banquete está deixando o castelo uma bagunça. — Ela diz.

Os servos estavam mais gentis graças a novo título de Aemond, eu estava sendo mais relevante.

— O banquete será hoje? — Pergunto com meus olhos no teto.

— Sim, a senhorita não participará? A ordem de mantê-la ausenta já não existe mais... então eu pensei.

— Ordem de me manter ausente?

— Sim, após a vitória no Pouso das Gralhas, o príncipe Aemond deu ordem para que você fosse mantida presa no quarto. Mas, essa ordem parece não existir mais — Ela explica — Já que não se mostrou eficaz em relação o seu comportamento... — O tom dela é sarcástico.

Me levanto rindo da informação fornecida por ela — Por isso que estavam trancando a porta de meu quarto nos dias anteriores.

— Exatamente. Me pergunto como você conseguiu sair e quebra grande parte do castelo. — Ela diz rindo — Os servos levantaram diversas teorias sobre os meios que usou.

— Quais?

— Alguns disseram que fez uma corda de cobertores e saiu pelas janelas. Mas, sei que é só um amontoado de desculpas para não terem que admitir que falharam em manter a porta fechada.

Nos duas rimos.

— Qual é seu nome? — Pergunto.

— Me chamo Sabrina, mas pode me chamar de Bina se assim desejar.

— Certo, Bina então. — Digo me levantando — Decidi que vou ao baile, e preciso de um vestido... um tanto... revelador digamos assim, se me conseguir esse vestido acredito que seremos grandes amigas.

— Pode confiar em mim princesa. — Bina diz saindo do quarto.

Prometida a mim - Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora