03.

1.5K 134 26
                                    


Luan - nego

Encaro aquele morro enorme coberto por casas, sinto um frio na espinha ao pensar que minha vida iria começar em um lugar onde a qualquer momento eu posso morrer. Mas, vamos ser sinceros, é um pouco hipócrita pensar de tal forma, já que onde eu morava também era favela.

Vejo minha tia vindo de longe, com algumas sacolas na mão. Ela mandou mensagem dizendo que iria vim buscar a gente, porque o morro é grande demais e não saberíamos chegar na casa dela.

Não discordo, afinal, passei a minha vida toda morando no mesmo bairro e eu mal sabia o nome da minha rua.

— Luan, Davizinho! — Ela chega alegre, nós dando um abraço em conjunto. — Vocês já estão tão grandes, vão com certeza fazer sucesso por aqui — Ela fala, nós fazendo rir.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, obviamente a dor de perder o irmão também estava lhe perseguindo, todo esse sorriso não engana ninguém.

— Eu sinto muito, Luan — Sua voz saiu falha, sinto meus olhos arderem.

— Está tudo bem, tia — Minto, segurando as gotas salgadas que queriam sair.

— Gente, eu sei que é um reencontro depressivo, mas esse sol seca todas as lágrimas que deveriam estar caindo do meu olho — Davi quebra o clima tenso.

— Ó, que imbecilidade a minha, vamos para casa, quero apresentar vocês dois para minhas amigas

E assim seguimos, passamos por dois elementos, os dois armados dos pés a cabeça, misericórdia, sinto até o cu trancar.

Tento não encarar muito, não quero que esses caras venham caçar conversa comigo.

Pego as sacolas que a tia maria carregava, e mancho, que troço pesado! Em cada uma dessas deve ter um quilo de chumbo, só pode.

Depois de alguns minutos andando, finalmente chegamos na casa dela. Antes de entrarmos, eu cumprimentei algumas senhoras que estavam sentadas conversando em frente de suas casas, só então entrei para dentro de casa.

A casa em si é bastante simples, com a sala quase junta a cozinha e um corredor ao fundo, onde ficam os quartos e o banheiro.

Davi e eu dividiremos o mesmo quarto, onde a cama é uma beliche. E assim como a casa, o quarto é simples, mas muito aconchegante. Ponho minhas malas no canto do quarto, me deitando com tudo na cama.

— Ei Man, eu te falei que a debaixo é minha  — Davi fala ao entrar e me ver deitado.

— lembro disso não  — Viro de lado, fechando os olhos em cansaço.

— Deixa de ser tabacudo, seu cuzão — Ouço ele reclamar, antes de cair no sono.

Acordo com um peso no meu braço, sentindo um cheiro de frango ao fundo. Olho de relance pro lado vendo Davi dormindo em cima do meu braço, depois que mete a peia num basculho desse ainda sai como errado.

Tiro meu braço lentamente, tentando não acordar ele, o que foi em vão, já que assim que me levantei ele abriu os olhos.

— Vai pra onde? — Ele pergunta sonolento

— Tomar banho — Respondo, tirando minha blusa.

Saio do quarto indo ao banheiro, que era logo em frente. Termino de me despir, entro no box ligando o chuveiro.

Depois de alguns minutos termino de tomar banho, pego a toalha que estava empendorada no coisinha de pôr roupa. Enrolo a toalha na cintura apressando o passo para voltar pro quarto.

Um Romance Criminoso Onde histórias criam vida. Descubra agora