"Vá em frente e chore, garotinho"
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.Davi - dl
Quando criança, sempre me perguntei se o culpado era eu. Todos os meus amigos tinham pais legais, todos eles pareciam tão felizes. Diferente de mim, que a mãe abandonou e o pai é um alcoólatra fudido que fez coisas nojentas com o próprio filho.
No dia que vim para o Rio de janeiro, pensei que finalmente estaria livre, dessas lembranças, desse passado que até meses atrás eu ainda vivia.
Senti meu corpo paralisar quando vi seus olhos contra os meus, o gosto amargo do meu passado me deixou imóvel no lugar.
O odio que sento pelo meu pai,em algum momento, passou a ser ódio a mim mesmo. O ódio que sentia sempre que me olhava no reflexo do espelho, o ódio que sentia ao ver que meus amigos tinham pais presentes e legais, e a forma que me odiava por ele não me amar. Tudo isso era ridículo. Mas, eu sentia tudo isso.
A forma como eu procurava nas minhas amizades um carinho paterno também era ridículo, e todas as vezes que eu não achava, me sentia vazio.
Tudo mudou quando conheci o Luan.
No começo me senti confuso, por que ele me trata assim? Todo aquele carinho era estranho, mas reconfortante. E então, em apenas algumas semanas ele de tornou minha pessoa preferida.
O teto parecia girar, fecho os olhos fortemente, tentando não ficar enjoado. O silêncio do quarto foi quebrado com a porta batendo fortemente.
— Vocês está bem? — Abro os olhos me deparando com um th preocupado. — Desculpa ter demorado tanto para vir.
Fico em silêncio apenas sentindo a cama afundar para o lado, apenas encaro ele se deitar.
— Tá fazendo o que aqui? — Pergunto, me virando para ficar cara a cara com ele.
— Vim te ver né, branquelo. Mó cota que não te vejo — Sua respiração quente tocava minha pele.
— ... Ele ainda está por aqui? — Pergunto, escondendo meu rosto debaixo do travesseiro.
— Biel e Kaká estão de olho nele, fica susa que ele não vê nem a cor dos seus olhos — Ele fala e eu dou um sorriso, não tão confiante assim.
— Valeu,Th... Mas acho que vou ter que falar com ele, mesmo não querendo — Ele se levanta bruscamente, tacando a cabeça na parte de cima da cama.
— Porra, caralho! Por que essa buceta é tão pequena? — Resmunga, passando a não na cabeça. — Não pode se encontrar com ele! Tá doido?!
— Cê nem sabe do porque eu não quero ver ele, tá tão puto por que? — Tento falar, mas a risada não parava de sair.
— Num sei também! Mas ele é um arrombado, não vou deixar se encontrar com ele! — Me sento na cama, desamassando minha blusa.
— Cê não tem que deixar nada, Th. Se eu quiser, eu vou — Levanto indo até o banheiro, um sorriso se forma no meu rosto quando escuto Th resmungar com um beisso enorme no rosto.
Com o banho tomado, visto uma roupa e vou para a sala, encontrando minha tia e o Thiago. Os dois conversavam sobre coisas aleatórias, enquanto tomavam café.