Davi - dlRespiro fundo tentando não surtar, aquela era a terceira vez que ele simplesmente invadia meu quarto, sei que a tia gosta dele, mas é sério que ela tem que dar a chave toda vez?
Honestamente, não entendo porque esse cara tá fazendo isso do nada, até um dia desses ele queria me matar e agora tá deitado na minha cama como se fosse o dono dela.
E outra, sei que ele é vagabundo, mas até eles tem alguma coisa pra fazer, né não? Então por que caralhos esse cara passa tanto tempo aqui?
- Não tem casa não, é? - Pergunto, enxugando meu cabelo.
- Tenho, mas aqui é mais confortável - Falou, desligando o celular começando a me encarar.
- A cama nem te cabe direito, jumento - Reviro os olhos, deixando a toalha [ que usei para secar o cabelo ] em cima da cadeira.- Deveria arranjar alguma coisa pra fazer, sabia? Coisa feia ficar 'vagabumdeando na casa do 'zoto.
- Porra, precisa humilhar também não, palmito - Ele levanta, vindo na minha direção - Vai pra onde?
- Palmito é seu boga - Ele ri - Vou sair com um amigo...? - Minha voz sai baixa quando sinto sua mão envolver minha cintura. - Solta
- Que amigo? Tem amigo desde quando? - Perguntou com uma voz meio grossa.
- Não vou mandar soltar de novo, tá afim de levar outro murro? - Ameaço, tentando tirar a mão dele. Ele dá uma risada anasalada, tirando as mãos.
- Qual foi branquelo, deixa de ser esquentando - Falou no pé do meu ouvido, me fazendo arrepiar.
- Vai tomar no seu cu, Thiago - Saio de perto dele, tentando transparecer calmaria ( talvez não tenha dado certo).
Isso é tentação do capeta, esse filho da puta solta a porra do combo de segurar na cintura e sussurrar no meu ouvido em apenas alguns segundos, meu coração parece que vai sair pela boca.
Faz algumas semanas que isso tem acontecido, essas provocações dele causam coisas em mim que não sei explicar. No começo eu só ficava puto, mas depois do que o Luan falou, comecei a prestar atenção e a vergonha começou a bater.
"Irmão, tá na tua fuça estancado e escancarado que ele tá afim de tu, só sendo muito burro e sem cérebro pra não perceber isso". Ele poderia ter dito isso de uma forma menos... enfim, o negócio é, será que é mesmo?
Balanço a cabeça negando, não sou gay, e ele não tem cara de quem curte também. Ele só gosta de me perturbar, só isso.
Deito na cama mexendo no celular, atrás de tirar esses pensamentos idiotas da minha cabeça. Enquanto isso, o tal pensamento - Que, infelizmente, tem nome, idade, CPF... - está sentado no chão ao lado da cama.
" O dl, porra! Lorena falou que tu tem que vim, Caraí! - Afasto o celular do ouvido, mano, o cara tá mandando um áudio, não em um programa de canto, grita pra caralho - Tá mó dahora aqui, as mina tão tudo animadinha, se é q me entende. "
" Cola aqui parceiro, Kaique falou que se tu vinher ele paga teu Uber" - Suspiro alto, olhando para aquela ruma de mensagens sem sentido.
- Vou não Man, tô sossegado em casa - Mando outro áudio, desligando o celular.
De qualquer jeito, já marquei de me encontrar com o João para irmos comer açaí, não vou furar com ele.
- Tá cheio de amiguinhos tu né - Levantou me encarando.
- Vou nem te responder - Digo seco, me levantando. Vou pegar meu dinheiro e pedir meu Uber.
É sério, esse cara é um saco. Não acredito que esteja tendo crise de ciúmes quando o único iludido no bagulho é ele.