Em uma vila na montanha, encravada entre os imponentes picos nevados, estranhos desaparecimentos começam a assolar os moradores. Convocados para desvendar o enigma, o Pilar da água, Giyuu Tomioka e a Pilar dos insetos kocho Shinobu descobrem segredo...
Acordo sem nem ao menos lembrar que estava dormindo, o Sol da tarde começava a se pôr entre as nuvens, trazendo um tom avermelhado para o céu. Só me lembro de tomar os remédios que Shinobu preparou e ter sentindo minhas pálpebras pesando quando voltava para meu quarto. Pelo visto, acabei dormindo em qualquer canto. Apesar de não entender muito sobre a área farmacêutica, acredito que provavelmente foi o efeito das ervas que compunham o remédio.
Esfrego meus olhos levantando do chão, fico surpreso ao perceber que meus ferimentos não doem quase nada, se tornando apenas uma cosquinha em comparação com o que estava há poucas horas atrás. A habilidade da Hashira é realmente impressionante.
E por falar nisso... Onde será que Kocho está?
A sensação de que algo nela está diferente persiste. A lembrança de seu olhar sob as árvores de glicínias permanece vívida em minha mente. Havia um brilho novo em seus olhos, algo que nunca havia visto antes, como se tivesse adquirido uma nova perspectiva, descoberto algo profundo. Além disso, seu sorriso, embora sutil, era verdadeiro, mas com certeza ela não vai falar o que aconteceu.
Com um suspiro, percorro sem rumo os corredores da pousada, imerso em meus pensamentos. Enquanto passo por uma janela, noto o corvo do senhor Ubuyashiki voando em minha direção. O pássaro negro pousa no parapeito da janela, seus olhos se arregalando ao me ver. No entanto, rapidamente recupera a compostura, limpando a garganta e mantendo seu comportamento habitual.
_O mestre mandou eu te avisar que amanhã dois Hashiras estarão chegando aqui _diz, com sua voz profunda e monótona, como o habitual.
_Certo, agradeça a ele por mim.
O corvo fixa o olhar em mim por um breve momento, antes de ir segurando uma possível risada? O que há com esse pássaro? Animal estranho.
Vou até o quarto de Shinobu para informá-la que nosso pedido foi atendido. Ao chegar, bato na porta. _É o Tomioka. Posso entra? Escuto o barulho da maçaneta girando e a porta sendo aberta revelando Kocho. _Você quer me dizer alguma..._quando seu olhar sobe do chão e pausa no meu rosto sua bochecha se enchem e uma risada genuína de ar escapa de sua boca. Não entendo a graça da situação e permaneço parado encarando-a.
_Eu tinha... me esquecido..._suas palavras saem entre risadas.
_Do que você tá..?
Minha pergunta fica suspensa no ar quando meus olhos caem sobre um espelho posicionado na lateral do quarto. Meu cabelo preso em uma chuquinha? Então está aí o motivo do riso. Nem preciso me esforçar para saber quem fez isso.
Enquanto ela continua rindo da minha cara, sem perder tempo, avanço em direção a Shinobu e deslizo minha mão pelos seus cabelos, retirando a xuxinha de borboleta que segura seu penteado.
_Ei!_protesta, a surpresa em sua voz ecoando no ambiente, enquanto mechas escuras e roxas caem livremente sobre seu ombro.
Segurando a xuxinha de borboleta entre meus dedos, olho para o acessório colorido e o seguro com firmeza.
_Vou ficar com isso aqui por enquanto_ digo em um tom firme.
Kocho me observa com um olhar inicial de traição, seus olhos espantados avaliando a audácia da minha ação. Contudo, essa expressão rapidamente se transforma, e seu rosto ganha um sorrisinho mortal com os olhos fechados. Claramente brava.
_Se não me devolver isso agora..._ seu tom doce e suave escondendo uma ameaça_ você vai ver, Giyuu Tomioka.
Com um suspiro resignado, devolvo a xuxinha de borboleta a Shinobu, que imediatamente começa a prender novamente em seus cabelos.
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