Pov: Shinobu
Acho que essa foi uma das poucas vezes em que eu não sonhei nada, geralmente meus sonhos são tumultuados, geralmente pesadelos envolvendo a minha irmã, e com isso, acabava acordando no meio da noite com suor frio escorrendo pela tempora, era difícil voltar a dormir de novo.
O fato de ter dormido bem agora, fez com que eu acordasse mais disposta, e apesar dos ferimentos estarem recentes e cheio de pontos, ele não foi tanto quanto antes.
Olho para o lado observando o rosto adormecido de Tomioka, sua expressão tranquila e serena, ele parece está em um sono profundo e com cuidado tento retirar as mechas do meu cabelo emboladas em sua mão, uma missão quase impossível.De alguma forma, consegui retirar o cabelo preso em seus dedos e levantei-me da cama com o máximo de cuidado para não fazer barulho. É um pouco estranho pensar que, há algum tempo, nossa interação se limitava a conversas ocasionais e provocações sutis da minha parte. Agora, no entanto, estávamos ali, deitados na mesma cama, tão próximos que sentia um rubor inevitável nas bochechas. A proximidade física e emocional, que antes parecia distante, era agora uma realidade tangível, que nunca conseguiria imaginar ter no passado.
Procurei meu haori e o encontrei pendurado cuidadosamente em uma arara no canto do cômodo. Para minha surpresa, ele estava impecavelmente limpo, sem uma única mancha de sangue visível. Era evidente que alguém havia se preocupado em lavá-lo e restaurá-lo à sua condição original. Uma onda de gratidão me envolveu, e, mesmo sem saber quem foi a boa alma responsável por esse gesto, eu a agradeci silenciosamente.
Coloquei o haori sobre meus ombros, imediatamente o peso familiar do tecido e o calor reconfortante me envolveram.
Ao sair do quarto, me deparo com um corredor estreito, seu piso revestido por tábuas de madeira escura que refletiam suavemente a luz ao redor.
O corredor conduzia a uma grande porta de correr, ornada com diversos desenhos antigos que pareciam contar histórias.Quando abri a porta, me deparei com um belíssimo jardim que se estendia à minha frente. Flores de cores vibrantes preenchiam o espaço, criando um cenário de beleza serena. No entanto, o que mais chamou a minha atenção, foi uma majestosa árvore de glicínias, cujas flores pendiam em cachos exuberantes, formando uma cascata de tons lilases e roxos.
Vou em sua direção, atraída pela beleza encantadora, sentindo a fragrância adocicada e sutil das flores que parecia adicionar um toque de magia ao ambiente.
Eu e minha irmã costumávamos passar horas juntas sob a sombra de uma imponente árvore de glicínias que ficava próxima da Mansão Borboleta. Ela sempre teve um carinho especial pelas flores, e aquele lugar se tornou um refúgio onde nossos dias se enchiam de tranquilidade e alegria. No entanto, agora que penso em Kanae, os sentimentos de fracasso e arrependimento se tornam esmagadores.
Sinto que falhei completamente em minha missão de vingar sua morte. O demônio que a tirou de mim ainda está vivo, e apesar de ter uma nova chance de corrigir meu erro, graças a Tomioka que me salvou, a sensação de inadequação persiste. Nossa batalha anterior mostrou claramente que não sou forte o suficiente para derrotá-lo.
A ideia de consumir mais veneno para garantir sua destruição, mesmo que isso signifique minha própria morte, era algo que eu considerava aceitável se isso significasse vingar minha irmã. No entanto, agora, essa mesma ideia, por algum motivo, me perturba.A correnteza de emoções que atravessa meu ser me faz questionar os sentimentos mais profundos que guardo dentro de mim, revelando uma complexidade de pensamentos e sensações que antes permaneciam ocultos.
_Shinobu?
Ouço uma voz familiar e, ao me virar lentamente, vejo Giyuu se aproximando. Seus olhos, normalmente impassíveis, agora revelam uma preocupação sutil, e sua respiração está um pouco ofegante, como se ele tivesse corrido para chegar até aqui. A intensidade de seu olhar é um contraste com a sua habitual calma, fazendo com que meu coração erre uma batida.
Havia um tempo em que o pensamento de enfrentar Douma e morrer para matá-lo parecia ser uma saída aceitável, uma forma de escapar da dor insuportável de viver em um mundo sem minha irmã. Mas agora, a presença de Tomioka se revelou como uma âncora, uma conexão inesperada que me prende a este mundo com uma nova perspectiva sobre o que significa seguir em frente e um novo senso de propósito. Ainda quero matar Douma, claro, isso nunca vai mudar, mas a ideia de partir parece agora um sacrifício insustentável, um peso que não consigo carregar.
Sinto um leve sorriso se formar involuntariamente nos meus lábios, um gesto que procura expressar uma sensação de tranquilidade renovada e uma gratidão silenciosa.
_Olá, Giyuu_digo, com uma voz serena, mesmo que eu ainda esteja lutando para entender todos os meus sentimentos.
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Mistérios à Luz Da Lua (Shinobu e Tomioka)
Fiksi PenggemarEm uma vila na montanha, encravada entre os imponentes picos nevados, estranhos desaparecimentos começam a assolar os moradores. Convocados para desvendar o enigma, o Pilar da água, Giyuu Tomioka e a Pilar dos insetos kocho Shinobu descobrem segredo...