Em uma vila na montanha, encravada entre os imponentes picos nevados, estranhos desaparecimentos começam a assolar os moradores. Convocados para desvendar o enigma, o Pilar da água, Giyuu Tomioka e a Pilar dos insetos kocho Shinobu descobrem segredo...
O silêncio se prolongava entre nós após minhas palavras. Shinobu permanecia ao meu lado, suas mãos entrelaçadas, parecendo um pouco inquieta, os dedos nervosamente tocando um ao outro. A luz da lua iluminava seus traços delicados e o brilho em seus olhos.
_Não posso falar isso para você._responde sem me olhar, sua voz baixa soava mais como um pedido de desculpas do que uma explicação.
Embora me sentisse um pouco frustrado por não ser a pessoa com quem ela se sentia confortável para compartilhar esse tipo de coisa, compreendia não querer me contar.
_Tudo bem. Eu entendo você não confiar em mim para dizer._respondi com um suspiro, olhando para a Lua que brilhava no céu, um lembrete constante da distância entre nós.
Nem eu confiaria em mim mesmo. Mesmo se Shinobu me contasse o que aconteceu, se fosse algo mais profundo do que imagino, o que eu responderia? Que tipo de apoio poderia oferecer? Talvez seja melhor assim.
_Você também esconde muitas coisas. Eu tenho dificuldades em interpretar o que você está pensando ou sentindo_começa, seus olhos finalmente encontrando os meus, brilhando com a luz da noite._Sempre tão frio, tão distante. Nada parece te atingir de verdade.
Sua declaração pairou no ar entre nós. Sabia que ela estava certa. Desde a morte de Sabito, escolhi não ter mais nenhum laço com ninguém, optei por reprimir todos os meus sentimentos, viver sozinho. Parecia mais fácil assim, se ninguém si importasse comigo, ninguém mais morreria para me proteger e se eu não me importasse com ninguém, não choraria quando essa pessoa morresse.
_As vezes, é melhor lidar com as coisas desse jeito. Fingindo que não me importo, fingindo que não sinto, ignorando meus próprios sentimentos._falo com a voz séria, sem desviar nossos olhares.
_Que tipo de sentimentos?_Kocho pergunta com uma curiosidade palpável e genuína, suas sobrancelhas franzido enquanto me olhava em busca de repostas.
_Meus sentimentos mais profundos._digo. Mas quando olho para a Hashira, vejo que não vai se dar por satisfeita com essa resposta._Aqueles que tento ignorar, faço de tudo para não demonstrar, que digo a mim mesmo que não são nada e que são inúteis, mas que acabam sendo impossíveis de conter em alguns momentos.
Caramba, estava falando demais, nunca imaginei que falaria tanto sobre mim para alguém, talvez seja pelo momento em que estamos, ou pelo fato de estar me sentindo confortável ao lado dela, mas as palavras estão simplesmente sendo despejadas pela minha boca.
_Sabe, talvez eu não seja alguém que você confie, e nem a pessoa certa para dizer isso..._sua voz era calma e suave, e fico surpreso no momento em que coloca sua mão sobre a minha_Mas não precisa esconder seus sentimentos de mim. É importante se mostrar vulnerável as vezes._Quando termina, ela retirou a mão, mas o calor do seu toque permaneceu.
_Não é um pouco hipócrita você dizer isso depois de ter falado que não confia em mim._digo de forma sarcástica, apesar de conter uma faísca de verdade.
_Ei! Eu não disse que não confiava em você._fala com uma leve irritação.
_Você não desmentiu quando eu disse.
_Não é iss-
_Então o que é?
Se ela não me contou porque não confia em mim, então foi pelo o que? Uma curiosidade surpreendente me invade. Olho para Kocho esperando sua resposta, enquanto ela parecia estar tendo um luta interna consigo mesma.
_Você. Foi você quem me fez mudar de ideia. Me fez ter uma nova percepção sobre o que estou fazendo e fez com que eu não quisesse morrer._falou com um tom carregado de emoção, a voz pausada e levemente hesitante.
O peso das suas palavras cai sobre mim, meus olhos se arregalaram ao entender o que estava dizendo. Fico sem saber o que dizer, apenas me limitando a olhar para ela, percebendo um rubor crescer em suas bochechas e nas pontas das orelhas.
_Se você morresse..._me perco nas palavras que havia repetido na minha mente, mas agora, é como se eu nem lembrasse mais delas. Eu preciso dizer alguma coisa após ela ter sido sincera comigo, preciso responder a pergunta que havia me feito._Shinobu, eu não queria que você morresse.
_Se é assim, porquê não diz?
_Acho que não sou bom com isso. Então, o que acha de deixar as palavras de lado?
Há uma compreensão no olhar dela, sabemos exatamente o que queremos fazer, mas há um receio de tomar a iniciativa, é quase sufocante, se torna insuportável com a temperatura aumentando, e não é por hoje ser uma noite estranhamente abafada.
Nossos olhares se encontram, me movo na sua direção, na direção que quero ir, Shinobu faz a mesma escolha, se aproximando lentamente de mim, essa demora faz com que cada segundo seja ocioso, a espera é torturante. Dimunuio a distância entre nós, nossos rostos estão mais pertos do que nunca tiveram, dessa forma consigo vê cada traço dela, não só os que estão sobre os meus olhos.
Meu olhar desce para a sua boca de contorno de coração, minha necessidade de beija-la aumenta ao ponto de ser tangível A garota borboleta fecha os olhos devagar e a acompanho no movimento.
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