-Capítulo Prólogo-

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"Há cinquenta anos, a Terra mudou. Ninguém sabe ao certo como ou por quê. Alguns dizem que foi um evento cósmico, outros acreditam que foi obra de forças além da compreensão humana. O que sabemos é que, de um dia para o outro, as pessoas começaram a ressoar com uma energia invisível que permeia o mundo. No início, eram apenas casos isolados, quase lendas. Seres humanos que podiam fazer o impossível, dobrar as leis da física com um simples pensamento. Eles eram poucos, vistos como aberrações ou milagres.

Com o passar dos anos, o raro se tornou incomum, e o incomum tornou-se parte do cotidiano. Hoje, a sociedade é dominada por aqueles que chamamos de Ressonantes. Eles são o novo padrão, os novos heróis... ou vilões. Enquanto isso, aqueles de nós que não podem ressoar com essa energia, os Nulls, nos tornamos sombras em um mundo onde o brilho dos Ressonantes ofusca tudo ao nosso redor.

Aqui estou eu, em Horizon City. Um nome que sugere uma utopia, uma promessa de paz em meio ao vasto oceano. Flutuando sobre águas calmas, esta cidade é um símbolo de esperança, onde Nulls e Ressonantes coexistem em uma harmonia precária. Embora ainda exista a sombra da desigualdade, as ruas são tranquilas, e os Nulls que recorrem à tecnologia para cometer crimes são mais lendas do que realidade. O céu aqui parece eternamente azul, e o horizonte se estende sem fim, como se nos lembrasse que o futuro ainda está por ser escrito. No entanto, sob essa serenidade, paira a sensação de que algo pode mudar a qualquer momento, como se a calmaria fosse apenas o prelúdio de uma tempestade.

A mão do garoto desliza lentamente sobre seu diário e o fecha com um suspiro desanimado, deixando essas últimas palavras registradas.

"Era assim que eu queria que fosse, por um tempo. Mas por quanto tempo essa paz vai durar... Eu só queria ser, normal."

Sora Ryujin fitava o vasto e deslumbrante mar através da janela do seu quarto, o olhar perdido na imensidão azul. O som vibrante da cidade invadia o espaço, uma sinfonia de risos e conversas que ecoava nas ruas abaixo. O burburinho da vida diária preenchia o ambiente, enquanto pessoas passavam apressadas, veículos cortavam as avenidas, e as discussões sobre o exame de admissão da Vanguard Academy eram especialmente proeminentes, vozes excitadas trocando comentários sobre habilidades extraordinárias, como a ressonância com o campo físico e a manipulação do vento.

Sora suspirou, afastando-se da janela com o peso das incertezas pairando sobre seus ombros. Desceu as escadas até a cozinha, onde o aroma familiar de café fresco e panquecas recém-feitas acolhia-o como um abraço reconfortante. O contraste entre o caos de seus pensamentos e a serenidade da cozinha era palpável. Aiko Ryujin, sua mãe, estava ocupada preparando o café da manhã, seu semblante carregando a gentileza e a preocupação que sempre a acompanhavam.

— Bom dia, Sora — disse Aiko, virando-se para ele com um sorriso acolhedor.

Sora retribuiu o sorriso, mas sua expressão era apagada, quase sem vida. Sentou-se à mesa, diante de um prato de panquecas que, naquele dia, parecia menos apetitoso do que o normal. Com o garfo em mãos, ele mexia distraidamente na comida, as preocupações claramente marcadas em seu rosto.

— Não parece que está com fome — observou Aiko, colocando uma xícara de café ao lado dele antes de se sentar à sua frente.

Sora ergueu os olhos para ela, tentando esboçar um sorriso.

— Estou pensando no exame de admissão da Vanguard Academy. Todos falam sobre suas habilidades, e eu... bem, você sabe.

Aiko inclinou-se para mais perto, seus olhos refletindo uma preocupação silenciosa.

— O que exatamente você está pensando, meu filho?

Sora hesitou, o olhar voltando-se para o prato diante dele.

Resonance High: Alvorecer dos EcosOnde histórias criam vida. Descubra agora