Jogo de amor e negociação

Capítulo 05

No entanto, naquela tarde, Melada não saiu para o trabalho extra como havia planejado. Em vez disso, se viu observando um homem, que aparentava ter menos de trinta anos, caminhando com um fuzil de assalto familiar em mãos, comumente conhecido como M16, dentro de um edifício comercial de quatro andares. Pela aparência, o prédio não deveria ter mais de cinco anos, pois ainda parecia novo. Esse local era a sede de uma empresa de fornecimento e venda de equipamentos eletrônicos, em funcionamento há cerca de nove anos. A empresa havia se mudado para esse edifício há pouco mais de um ano.

Aquele era mais um daqueles dias em que o sol brilhava intensamente, tornando a situação que já era tensa ainda mais sufocante.

O homem que causou o incidente era um funcionário da empresa, atuando como desenvolvedor de sistemas. Não se sabe se ele estava sob grande estresse ou o que o levou a pegar o M16, mas ele acabou tomando doze colegas de trabalho como reféns.

Mintara estava conversando com um oficial de polícia responsável pelo caso.

Neste tipo de incidente se exige a verificação urgente dos antecedentes do criminoso. É certo que uma pessoa comum não pegaria uma arma de guerra sem mais nem menos. Normalmente, se a pessoa não tiver um histórico de doenças mentais, possivelmente terá um histórico criminal.

A coleta de antecedentes dos pacientes ou dos perpetradores é crucial neste ponto, porque, às vezes, quando ocorre um evento inesperado, se não houver registro de informações que possam ser verificadas imediatamente, o resgate das vítimas não pode ser realizado com a rapidez necessária e muitas vezes termina em tragédia.

— Estou pedindo aos oficiais que verifiquem o histórico — Mintara disse ao retornar, sussurrando enquanto entregava o rádio de comunicação para Melada

— E o que você acha?

— As armas de guerra hoje em dia estão fáceis demais de se encontrar. Algumas pessoas ainda as modificam por conta própria — respondeu Prae, com uma expressão séria

— Esse é o problema — Melada sorriu, embora não fosse um momento adequado para isso

— Espere aqui um instante, por favor — disse antes de correr de volta para o seu SUV de sete lugares. Abriu a porta traseira e retirou algo de dentro. Depois de um momento, voltou e entregou o item à Mel.

— Na última vez foi tão repentino que eu não consegui pegar a tempo para você — Era um colete à prova de balas que havia encomendado do exterior desde o primeiro dia em que ela decidiu engolir o orgulho e convidar Mel para voltar a trabalhar com ela, mesmo naquela época.

Não tinha muita certeza se Mel aceitaria, mas preparou o colete para uma boa ocasião, pois a doutora poderia acabar concordando. — Sim, chefe — Melada não hesitou em colocá-lo antes de ajustar os óculos no nariz.

— Está confortável? Eu acho que está bom, mesmo que você tenha emagrecido um pouco — Ela observou Melada, que agora estava devidamente vestida com o colete à prova de balas.

— E isto também — entregou um chocolate amargo. — Sei que é uma coisa que você gosta — Melada aceitou o chocolate com um agradecimento e, pouco depois, o histórico do criminoso chegou, o que foi bastante rápido. — Ele tem um histórico de bipolaridade e uso de medicamentos ansiolíticos há três anos — Mintara disse ao olhar o arquivo. Ela viu Melada começar a abrir o chocolate e comê-lo, com uma expressão pensativa — Parou de tomar a medicação por conta própria — a oficial observou.

— Pode ser

Lidar com pessoas com comportamentos ameaçadores que não têm doenças mentais já é difícil, mas se o perpetrador tem algum histórico de condições psiquiátricas, a situação se torna mil vezes mais complicada.