Capítulo 27

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— Então, o que devemos fazer a seguir?

— Vamos esperar — respondeu Mel, enquanto levantava o copo de suco de laranja para dar um gole. Ela continuava sentada no longo sofá de visitas no apartamento de Prae, enquanto a dona do lugar, ao seu lado, a olhava com as sobrancelhas franzidas.

— O que foi? Por que está me olhando assim?

— Você não parece nem um pouco preocupada — comentou Prae — Ou será que sou eu que estou sendo apressada demais? — Essas palavras fizeram Mel rir, enquanto ela a olhava por cima dos óculos de aro fino.

— Vamos aproveitar esse momento primeiro — justificou Mel — Afinal, algo que me incomodava há muito tempo finalmente se foi — Ela ergueu o copo de suco de laranja como se estivesse brindando com um bom vinho.

— A nós — disse ela.

— Você não está me provocando, está?

— Provocando? — A doutora repetiu a palavra — De forma alguma — Ela balançou a cabeça — Na verdade, eu estou feliz por saber o quanto você me ama

— Você não está imaginando coisas? — respondeu Prae

— Se você quiser posso dizer que estava apenas cumprindo seu dever, que seja — o sorriso ainda permanecia nos lábios de Melada — Neste ponto, tanto faz

— Phi Mel...

O sorriso de Mel parecia constante, impossível de controlar, enquanto Prae estreitava os olhos, a observando — Por que está me olhando assim? Se tem algum problema, pode perguntar

— Eu desisto de você. Tá vendo? Justamente por isso — disse Prae, virando o rosto — Você sempre sabe de tudo

— Agora há pouco acabamos de falar que eu fui enganada por você durante três anos — continuou a doutora, levantando o copo de suco de laranja e tomando goles como se quisesse saborear cada gota ao máximo.

— Por que você usou a palavra 'enganada'? — a voz de Prae endureceu — Então foi uma mentira?

— Seu rosto não está dizendo 'mentira' — observou a oficial, astutamente — E para de sorrir de canto. Me irrita só de ver

— Se não foi uma enganação, como devo chamar?

— Uma atuação

— É verdade — Mel assentiu levemente — E foi bem convincente — elogiou — Você vai visitar o Capitão Tin?

— No momento, o local onde ele tá sendo tratado é confidencial — respondeu Prae — Todos os envolvidos devem tomar cuidado, incluindo você

— Com você aqui, o que eu teria pra temer? — Mel olhou para Prae, que a encarava com uma expressão de descrença em sua última afirmação.

— Falar é fácil, Phi Mel. O que você tá planejando fazer?

— Não tem necessidade de fazer nada sobre isso. Se a informação que Kan me deu estiver correta, vai ser como você contou...

— Que informação que o Kan deu pra você? — Prae interrompeu imediatamente — Que informação...? — A doutora desviou o olhar, e o sorriso provocativo que estava em seus lábios desapareceu num piscar de olhos.

— Phi Mel...

Desta vez, ela se sentiu como se estivesse sendo interrogada, com o olhar penetrante de Prae fixo nela, como se quisesse arrancar respostas. Mas Melada, com seu nível de experiência, dificilmente seria encurralada — a menos que ela mesma escolhesse ceder.

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